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A ofensiva de deportações em massa prometida pelo presidente Donald Trump gerou um clima de pânico entre as comunidades imigrantes nos Estados Unidos.
A ameaça de prisões e operações do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) tem levado muitas pessoas a evitar sair de suas casas, ir ao trabalho ou até mesmo a consultas médicas, por medo de serem presas e deportadas.
Organizações pró-imigração relataram um aumento nas chamadas de emergência de famílias que buscam orientação legal ou abrigo temporário diante do temor de serem separadas.
Apesar da magnitude da operação, os resultados até agora têm sido limitados. Segundo dados obtidos por Nick Miroff, do portal The Atlantic, o ICE fez aproximadamente 18.000 prisões em fevereiro, um número muito menor do que as expectativas da administração.
O próprio Trump prometeu deportações em grande escala, mas a agência enfrenta sérias limitações em recursos e pessoal, contando com menos de 6.000 agentes em todo o país.
Problemas internos e falta de recursos
A falta de avanços provocou mudanças na cúpula do ICE. Recentemente, a secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem, demitiu o diretor interino da agência apenas um mês após sua nomeação.
Além disso, o ICE tem enfrentado dificuldades operacionais, pois muitas pessoas têm optado por não abrir a porta para os agentes, o que reduziu o número de prisões. Os imigrantes estão cada vez mais informados sobre seus direitos, o que complicou a campanha.
Para aumentar os números de deportação, a administração implementou novas estratégias, como a aplicação 'CBP Home', que incentiva a autodeportação voluntária.
Também se considera adotar mudanças legais que concedam aos agentes do ICE maior acesso a residências privadas sem uma ordem judicial, mas isso ainda não foi implementado. Grupos defensores dos direitos civis e legisladores democratas alegam que isso poderia violar proteções constitucionais e facilitar abusos por parte das forças de segurança.
Apesar da pressão de Trump e sua equipe, os arrestos e deportações estão abaixo dos níveis alcançados em anos anteriores. Durante a era Biden, por exemplo, foram registradas mais de 271.000 deportações no ano fiscal de 2024, superando os números de Trump em sua primeira administração.
Mas é preciso analisar um detalhe: a maioria dessas deportações correspondeu a migrantes detidos na fronteira do México, e não a presos dentro do país pelo ICE.
A atual redução dos cruzamentos de fronteira ilegais - embora seja uma das metas de Trump - somada à resistência das comunidades em colaborar, dificulta o alcance das metas de deportação em massa que o presidente prometeu.
"A diminuição de cruzamentos de fronteira deixa o ICE com um número menor de deportados fáceis", destacou Miroff, que precisou que agora é necessário localizar deportados nas cidades, "uma tarefa que consome muitos mais recursos" e é mais complexa.
A falta de orçamento é outro dos principais obstáculos. Trump e os republicanos no Congresso buscam aprovar um pacote de financiamento de 175 bilhões de dólares para reforçar a capacidade operacional do ICE, expandir os centros de detenção, aumentar os voos de deportação e contratar novos agentes.
O financiamento também incluiria recursos para melhorar a cooperação com agências locais de aplicação da lei, permitindo que mais policiais estaduais e de condados atuem como agentes de imigração.
No entanto, o projeto enfrenta um caminho difícil no Congresso, onde os democratas afirmaram que bloquearão qualquer medida que facilite deportações em massa sem um plano para abordar outras áreas do sistema migratório, como a regularização de certos imigrantes ou o processamento mais rápido de solicitações de asilo.
Estas táticas fazem parte de um esforço para atender às expectativas do presidente Trump, mas sua efetividade continua incerta enquanto ele enfrenta desafios legais e logísticos na implementação.
Por enquanto, a incerteza e o medo continuam a marcar a vida de milhares de imigrantes, enquanto a administração busca uma forma de transformar sua promessa de deportações em massa em uma realidade palpável.
Perguntas frequentes sobre as deportações em massa de imigrantes nos Estados Unidos durante a administração Trump
Por que a administração Trump não está alcançando os números de deportações em massa prometidos?
A administração Trump enfrenta limitações em recursos e pessoal, o que impede alcançar os números de deportações em massa prometidos. O ICE conta com menos de 6.000 agentes em todo o país, e as dificuldades operacionais, como a resistência das comunidades e o conhecimento dos imigrantes sobre seus direitos, complicam a execução das prisões. Além disso, a falta de orçamento é um obstáculo significativo, e as propostas de financiamento enfrentam desafios no Congresso.
Quais são as novas estratégias da administração Trump para aumentar as deportações?
A administração Trump implementou estratégias como o aplicativo 'CBP Home', que incentiva a autodeportação voluntária, e está considerando mudanças legais para permitir um maior acesso dos agentes do ICE a residências particulares sem ordem judicial. No entanto, essas medidas não foram plenamente implementadas devido a preocupações legais e constitucionais. Estão sendo buscados também acordos com outros países para facilitar a repatriação de deportados.
Quais obstáculos o ICE enfrenta para realizar as deportações em massa?
ICE enfrenta obstáculos como a falta de infraestrutura adequada, limitações legais que impedem a detenção indefinida, e a capacidade insuficiente nos centros de detenção. Além disso, as restrições legais e as ordens judiciais limitam a ação dos agentes em certas áreas, e há uma oposição significativa de grupos defensores dos direitos civis e alguns legisladores que complicam a implementação das medidas mais agressivas.
Como a política de deportações em massa está afetando as comunidades imigrantes nos EUA?
A política de deportações em massa gerou um clima de medo e pânico entre as comunidades imigrantes nos Estados Unidos. Muitas pessoas evitam sair de casa, ir ao trabalho ou a consultas médicas por medo de serem presas. Organizações pró-imigração relataram um aumento nas chamadas de emergência de famílias buscando orientação legal ou abrigo temporário por temor à separação.
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