Assim amanhece a cotação do dólar, euro e MLC no Dia da Mulher em Cuba

A taxa de câmbio informal reflete a incerteza econômica que afeta os cubanos, especialmente as mulheres, que enfrentam desafios devido à inflação e à falta de recursos.


Neste 8 de março, o discurso oficial em Cuba exalta novamente o papel da mulher como “motor da Revolução”, enquanto o comportamento do mercado informal de divisas expressa uma realidade que está longe de ser justa ou de proteger o bem-estar e os direitos das mulheres trabalhadoras e donas de casa, que sofrem com os baixos salários, a escassez e a pobreza generalizada.

Além dos discursos triunfalistas com os quais os meios oficiais e as autoridades do regime se apresentam, a realidade cotidiana de muitas cubanas é marcada pela luta constante contra a inflação, a escassez e a deterioração do poder aquisitivo, problemas agravados pelo mercado informal de divisas e suas elevadas taxas de câmbio.

Este sábado, o dólar e o euro estão a 345 pesos cubanos (CUP) e a Moeda Livremente Convertível (MLC) a 285 CUP no mercado informal.

Taxa de câmbio em Cuba. Sábado, 8 de março de 2025 - 07:00:

- Taxa de câmbio do dólar (USD) para pesos cubanos CUP: 345 CUP

Evolução da taxa de câmbio

- Taxa de câmbio do euro (EUR) para pesos cubanos CUP: 345 CUP

- Taxa de câmbio do (MLC) para pesos cubanos CUP: 285 CUP

Apesar de mostrar uma relativa "estabilidade", sem grandes mudanças nas cotações nas últimas semanas, para a mulher cubana - que na sua maioria recebe um salário estatal em pesos cubanos e carrega a responsabilidade de manter o lar - esses números não são meras estatísticas, mas sim uma barreira tangível que encarece a vida cotidiana.

As lojas em MLC, onde são comercializados produtos básicos como alimentos, itens de higiene e suprimentos para crianças, obrigam muitas mulheres a recorrer a um mercado negro, onde o custo para adquirir divisas se transforma em uma condenação econômica.

Um salário médio de 5.000 CUP equivale hoje a apenas 14 MLC ou 14 dólares na rua, um valor insuficiente para cobrir as necessidades básicas de uma pessoa e muito menos de uma família. No caso de mães solteiras, o peso se torna ainda maior, contribuindo para reforçar a desigualdade e a exclusão social em segmentos da população cada vez mais amplos.

O discurso oficial ressalta que a mulher cubana tem sido protagonista em “todos os fronts”, mas na prática, muitas enfrentam um dilema diário entre alimentar seus filhos, pagar os altíssimos preços do transporte e buscar alternativas diante de um mercado cada vez mais dolarizado.

O mito da emancipação feminina no socialismo se desmorona quando as mulheres precisam dedicar horas em filas, lidar com preços inacessíveis e, em muitos casos, depender do envio de remessas ou do mercado negro para sobreviver.

Longe da retórica de que o socialismo garantiu a equidade, hoje o acesso a bens e serviços básicos se tornou um privilégio determinado pela capacidade de obter divisas estrangeiras, uma situação que afeta com maior intensidade as mulheres, sobre quem recai a maior parte das responsabilidades domésticas.

Evolução recente do mercado

Nas últimas semanas, o mercado informal tem experimentado leves flutuações. O dólar americano manteve-se estável em 345 CUP desde o último fim de semana.

Por sua parte, o euro, que havia alcançado 348 CUP na terça-feira, recuou para 345 CUP na quinta-feira, mantendo-se nesse valor até hoje. O MLC, após uma série de aumentos em fevereiro, permanece estável em 285 CUP durante março.

A estabilidade atual nas taxas de câmbio do mercado informal cubano pode ser atribuída a vários fatores:

- Oferta e demanda: A demanda por moedas estrangeiras continua alta devido à necessidade de adquirir produtos e serviços não disponíveis em moeda nacional.

- Políticas econômicas: As recentes medidas governamentais, como a abertura de lojas que operam exclusivamente com divisas, aumentaram a necessidade de dólares e euros entre a população

- Acesso limitado a divisas oficiais: A dificuldade em obter divisas por meio de canais oficiais obriga os cidadãos a recorrer ao mercado informal, mantendo a pressão sobre as taxas de câmbio.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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