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O Departamento de Justiça dos Estados Unidos desclassificou nesta quinta-feira um conjunto de documentos relacionados a Jeffrey Epstein, o pedófilo e predador sexual com conexões nas altas esferas políticas, econômicas e do entretenimento.
Entre os arquivos revelados está a sua lista de contatos, registros de voos e um inventário de provas coletadas contra ele, o que reacendeu o debate sobre sua rede de relacionamentos com figuras influentes.
Figuras destacadas na lista de Epstein
Um dos aspectos mais chamativos foi a aparição de nomes de personalidades reconhecidas, entre elas o lendário cantor Mick Jagger, o falecido Michael Jackson, o ator Alec Baldwin e a mãe de Robert F. Kennedy Jr., Ethel Kennedy.
Além disso, estão o ex-governador de Nova York, Andrew Cuomo, a supermodelo Naomi Campbell e a cantora Courtney Love.
Outros nomes incluem Bob Weinstein (irmão do produtor condenado Harvey Weinstein), o empresário David Koch, o ex-senador Ted Kennedy, o advogado Alan Dershowitz, o ex-secretário de Estado John Kerry, o ator Dustin Hoffman, o empresário Jon Huntsman e a modelo Liz Hurley.
Assim, foi confirmada a presença na lista de contatos de Ivana e Ivanka Trump, embora sem especificar a natureza de sua relação com Epstein.
Não é uma lista de "clientes"
Diante da expectativa gerada, o primeiro que fez o Departamento de Justiça dos Estados Unidos foi avisar que não se tratava de uma "lista de clientes", mas que se limitava a incluir os nomes das pessoas que constavam na amplíssima lista de contatos de Epstein, um homem que transitava por todos os níveis da escala política, social e empresarial do país.
Embora a lista de nomes tenha sido revelada, seus endereços e informações de contato foram riscado. A grande maioria dos nomes da lista, se não todos, havia sido denunciada anteriormente nos anos de processos e vazamentos de documentos relacionados ao caso.
Além da lista de contatos, o Departamento de Justiça publicou uma lista censurada das massagistas, cujos nomes foram riscados porque eram vítimas. Há 254 nomes nessa lista.
Donald Trump nos registros de voo
Um dos detalhes mais significativos da divulgação é a confirmação de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aparece nos registros de voo do avião particular de Epstein em pelo menos sete ocasiões.
Segundo a revista People, a inclusão de Trump nesses registros não implica automaticamente sua participação em atividades ilegais, uma vez que muitos passageiros viajaram no avião por razões comerciais, políticas ou sociais legítimas.
No entanto, sua conexão com Epstein era um tema de especulação há anos.
No passado, Trump havia sido fotografado com Epstein em eventos sociais, e em uma entrevista de 2002, com New York Magazine, descreveu o financista como um "cara legal", segundo lembram hoje os meios de comunicação americanos.
No entanto, após a segunda detenção de Epstein, em 2019, Trump afirmou que não tinha relação com ele há muitos anos.
A divulgação dos arquivos reacendeu as especulações sobre seu grau de proximidade com Epstein.
O papel da administração Trump na publicação dos documentos
A procuradora-geral da Flórida, Pam Bondi, tem sido uma das figuras-chave na liberação desses documentos, e seu trabalho está alinhado com o compromisso de transparência do presidente Trump.
Durante sua administração, Trump prometeu desclassificar informações sobre Epstein, embora a primeira leva de documentos publicada tenha se revelado em grande parte uma compilação de arquivos que já circulavam no domínio público.
O diretor do FBI, Kash Patel, assegurou que "não haverá encobrimentos nem documentos ocultos", e que qualquer informação relevante será entregue ao Departamento de Justiça para sua divulgação.
No entanto, a falta de informações novas nos arquivos liberados até agora tem sido criticada por aqueles que esperavam detalhes mais comprometedores sobre a rede de Epstein.
Registros de voo e o famoso caderno de "contatos"
Além da lista de contatos, a filtragem inclui registros de voos do jato particular de Epstein, conhecido como o Lolita Express.
Esses registros foram analisados em múltiplas ocasiões e foram objeto de escrutínio pela presença de nomes de figuras públicas.
Por outro lado, o infame "livro negro" de Epstein, que contém nomes de centenas de contatos coletados desde a década de 90, foi publicado em 2015 pelo extinto meio Gawker.
Um segundo livro, com 349 nomes, surgiu posteriormente e continha figuras como o empresário John Catsimatidis e Suzanne Ircha, amiga de Melania Trump.
Reação da opinião pública e expectativas futuras
Apesar do impacto midiático, a primeira leva de documentos desclassificados foi considerada uma "decepção" por alguns analistas e até mesmo pela congressista Anna Paulina Luna, que pediu maior transparência na investigação.
Luna expressou sua frustração nas redes sociais: "Isto não é o que nós nem o povo americano pedimos. Queremos a informação verdadeira."
Por sua parte, a procuradora-geral Pam Bondi instou o FBI a entregar os arquivos restantes antes do final de fevereiro.
O título do documento vazado menciona uma "fase um", o que sugere que mais documentos podem ser publicados no futuro, alimentando a expectativa de que mais detalhes comprometedores sejam revelados.
Epstein e seus vínculos com o poder
Jeffrey Epstein, que construiu sua fortuna através de conexões com poderosos financiadores e políticos, se declarou culpado em 2008, na Flórida, por crimes de prostituição infantil, conseguindo um acordo judicial que lhe permitiu cumprir apenas 13 meses de prisão com um permissivo programa de saída para trabalho.
Em 2019, foi preso novamente em Nova York sob acusações de tráfico sexual e, enquanto aguardava seu julgamento, foi encontrado morto em sua cela em um caso que as autoridades classificaram como suicídio, embora as circunstâncias de sua morte tenham sido alvo de numerosas teorias da conspiração.
Sua sócia e cúmplice, Ghislaine Maxwell, foi posteriormente condenada a 20 anos de prisão por tráfico sexual de menores. No entanto, apesar da condenação de Maxwell e da liberação desses documentos, o caso de Epstein continua cercado de incógnitas e suspeitas de encobrimento.
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