A administração de Donald Trump iniciou demissões em massa na Administração Federal de Aviação (FAA), apenas semanas depois de um trágico acidente em Washington, D.C. que destacou a crise de pessoal no sistema de aviação dos Estados Unidos.
Esta medida gerou reações contundentes entre sindicatos, legisladores e especialistas em segurança aérea, que alertam sobre os riscos de reduzir o pessoal em um momento crítico.
O sindicato que representa os empregados da FAA qualificou a decisão como "precipitada" e alertou que aumentaria a carga de trabalho de uma equipe já debilitada.
Segundo David Spero, presidente do sindicato de Especialistas Profissionais em Segurança Aérea da AFL-CIO, "esta decisão não levou em consideração as necessidades de pessoal da FAA, que já enfrenta uma escassez de pessoal".
Um porta-voz do sindicato informou que cerca de 300 funcionários receberam notificações de demissão durante o fim de semana.
Entre os afetados encontram-se mecânicos de manutenção, especialistas em informação aeronáutica, especialistas em proteção ambiental, assistentes de segurança aérea e assistentes de gestão e programas.
Reações dos sindicatos e legisladores
Os despedimentos provocaram indignação em vários setores. Pete Buttigieg, ex-secretário de Transporte, questionou nas redes sociais: "O público que voa precisa de respostas. Quantos membros da FAA foram dispensados? De quais cargos? E por quê?".
Por sua vez, o senador democrata Chuck Schumer criticou a medida após um incidente em Toronto com um voo da Delta Air Lines.
"Enquanto isso, Trump está fazendo demissões em massa na FAA -incluindo especialistas em segurança- e tornando nossos céus cada vez menos seguros", escreveu Schumer.
O sindicato também denunciou que os empregados foram demitidos "sem justa causa, nem motivos baseados no desempenho ou na conduta", e que os e-mails de demissão provinham de uma conta da Microsoft em vez de um endereço oficial do governo.
Contexto: Uma crise de segurança aérea em desenvolvimento
Os desligamentos na FAA ocorrem em um momento crítico.
A agência já foi apontada por sua escassez de controladores de tráfego aéreo e pessoal técnico, o que tem causado atrasos, incidentes e uma crescente preocupação com a segurança.
O acidente de 29 de janeiro em Washington, D.C., no qual morreram 67 pessoas após a colisão de um avião comercial da American Airlines e um helicóptero do Exército, ainda está sob investigação.
Segundo funcionários, um controlador estava gerenciando tanto o tráfego de companhias aéreas comerciais quanto o de helicópteros em um aeroporto congestionado, uma situação que destaca a falta de pessoal.
Também ocorreram outros acidentes recentes, incluindo um incidente em Toronto, onde um avião da Delta Air Lines caiu e virou após decolar de Minneapolis.
Apesar da crescente preocupação, a administração Trump continua com seus cortes na aviação.
Elon Musk e a estratégia de cortes de Trump
O presidente Trump colocou Elon Musk à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), uma comissão consultiva encarregada de implementar demissões em massa em várias agências.
Essa situação gerou críticas devido ao fato de que a FAA é a entidade responsável por regular a SpaceX, a empresa de Musk.
No passado, a FAA impôs sanções civis contra a SpaceX por violações de segurança e licenças, o que gerou tensões entre ambas as entidades.
Musk não fez declarações sobre as demissões na FAA, mas essa situação levou alguns funcionários a especular sobre possíveis retaliações.
Charles Spitzer-Stadtlander, um empregado dispensado, publicou no LinkedIn que foi demitido após criticar a Tesla e a X nas redes sociais.
"Menos de uma semana depois, fui demitido, apesar de que meu cargo supostamente estava isento devido à segurança nacional", denunciou.
Desmantelamento geral do governo federal
Os desligamentos na FAA fazem parte de uma estratégia mais ampla da administração Trump para reduzir o pessoal governamental.
A Forbes resumiu a quantidade de funcionários demitidos nas diferentes agências nos últimos dias.
Institutos Nacionais de Saúde (NIH) e Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC): 5.200 funcionários demitidos.
Departamento de Energia: até 2.000 funcionários demitidos.
Administração de Pequenas Empresas: centenas de demissões.
Administração Nacional de Segurança Nuclear: cerca de 300 demissões.
Administração de Serviços Gerais: mais de 100 funcionários afetados.
Esses cortes geraram críticas até mesmo dentro do Partido Republicano.
A senadora Lisa Murkowski, do Alasca, declarou que "muitos dos despedimentos farão mais mal do que bem"; enquanto o senador Bill Cassidy, da Luisiana, alertou que demitir agentes do FBI "não é a maneira de alcançar eficiência".
Impacto e futuro da FAA
A FAA já enfrentava problemas estruturais antes das demissões. A falta de controladores de tráfego aéreo, os longos turnos e a complexa formação têm sido apontados como problemas recorrentes na agência.
Agora, com centenas de funcionários a menos e uma pressão crescente para operar com menos recursos, a segurança aérea nos Estados Unidos pode estar em risco, conforme apontam diversos meios de comunicação.
À medida que a investigação dos recentes acidentes avança, os sindicatos e especialistas em aviação alertam que essas demissões podem ter consequências desastrosas no futuro.
A FAA se encontra em uma situação crítica, e a decisão da administração Trump de reduzir o pessoal em um momento tão delicado pode ter repercussões graves para a segurança dos passageiros e para a indústria aérea em geral.
Perguntas frequentes sobre os despedimentos na Administração Federal de Aviação (FAA) durante o governo Trump
Por que a administração Trump demitiu centenas de funcionários da FAA?
A administração Trump justifica as demissões como parte de uma estratégia para reduzir o pessoal governamental e aumentar a eficiência. No entanto, essa medida tem sido criticada por sindicatos e especialistas em segurança aérea, que alertam sobre os riscos associados à redução do pessoal em um momento de crise no sistema de aviação dos Estados Unidos.
Quantos empregados da FAA foram afetados pelos cortes?
Según informes do sindicato, cerca de 300 empregados da FAA receberam notificações de demissão. Entre os afetados estão mecânicos de manutenção, especialistas em informação aeronáutica e assistentes de segurança aérea, o que pode impactar negativamente a segurança e o funcionamento do sistema de aviação.
Qual tem sido a reação dos sindicatos e políticos em relação às demissões na FAA?
Os sindicatos qualificarão as demissões como "apressadas" e alertaram sobre o aumento da carga de trabalho para o pessoal restante. Políticos como Pete Buttigieg e Chuck Schumer expressaram sua preocupação, sugerindo que essas demissões poderiam comprometer a segurança aérea e criticando a decisão de Trump de demitir especialistas em segurança.
Que relação tem Elon Musk com os despedimentos na FAA?
Elon Musk foi nomeado por Trump para liderar o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), encarregado de implementar demissões em massa em várias agências, incluindo a FAA. Isso gerou controvérsia, uma vez que a FAA regula a SpaceX, empresa de Musk, o que alguns funcionários interpretaram como um possível conflito de interesses.
Arquivado em: