Díaz-Canel pede a criação de Mipymes estatais de tecnologia avançada em meio à crise em Cuba

Díaz-Canel impulsiona Mipymes tecnológicas estatais em Cuba, apesar dos apagões e do acesso limitado à internet. Especialistas pedem mecanismos ágeis e liberdade financeira para superar os obstáculos do sistema atual.


Em um contexto marcado pela inflação, apagões de até 20 horas diárias e um acesso limitado à internet, o mandatário cubano, Miguel Díaz-Canel, insistiu na necessidade de promover as micro, pequenas e médias empresas (Mipymes) estatais de base tecnológica avançada.

Sua intenção é promover um modelo de "economia intensiva em conhecimento". A proposta surgiu durante uma reunião do Conselho Nacional de Inovação (CNI), onde o governante e outros funcionários debateram sobre a criação de startups estatais e seu impacto na economia cubana.

"O que está limitando a criação dessas Mipymes não são os tempos de aprovação, o que nos está limitando é que quase não há propostas de Mipymes estatais com bases de alta tecnologia", protestou Díaz-Canel.

A iniciativa choca com a realidade de um país onde a maioria dos cidadãos não tem acesso a computadores potentes, a internet é um luxo que muitos jovens não podem se permitir, e as constantes quedas de energia dificultam a estabilidade de qualquer modelo de negócio baseado em tecnologia.

No entanto, o Doutor em Ciências Agustín Lage Dávila afirmou que a criação dessas Mipymes estatais é "possível apesar das condições atuais do país".

Burocracia, desigualdade e um sem-fim de obstáculos

Para que essas empresas prosperem, vários especialistas concordaram que é necessário gerar mecanismos de aprovação ágeis e oferecer-lhes as mesmas oportunidades e incentivos que têm as Mipymes privadas, algo que até agora não ocorreu.

Rafael Luis Torralba Ezpeleta, presidente do Parque Científico e Tecnológico de Havana, destacou a importância de permitir que essas entidades disponham livremente dos rendimentos gerados por exportações, algo que até agora não foi garantido pelo governo cubano.

O Primeiro-Ministro, Manuel Marrero Cruz, reconheceu que o sistema empresarial cubano enfrenta sérios problemas e desafios, embora não tenha abordado a contradição fundamental de tentar desenvolver tecnologia avançada em um país onde a falta de eletricidade e o acesso à internet continuam sendo barreiras intransponíveis.

Enquanto o governo aposta em um modelo de "economia intensiva em conhecimento", a maioria dos cubanos continua lutando dia a dia para levar comida à mesa e encontrar uma maneira de cozinhar os alimentos, em meio a uma crise cada vez mais profunda.

Sem acesso à tecnologia, sem garantias básicas para a operação de negócios digitais e com uma economia à beira do colapso, a ideia de criar Mipymes estatais de base tecnológica avançada parece, ao menos a curto prazo, outra estratégia desconectada da realidade cubana.

Perguntas frequentes sobre as Mipymes estatais de tecnologia em Cuba

Por que Díaz-Canel propõe criar Mipymes estatais de tecnologia avançada em Cuba?

Díaz-Canel propõe criar Mipymes estatais de tecnologia avançada para impulsionar um modelo de "economia intensiva em conhecimento". O objetivo é fomentar a inovação e modernizar a economia cubana por meio do desenvolvimento de startups estatais, apesar das adversas condições atuais do país.

Quais são os principais obstáculos para as Mipymes tecnológicas em Cuba?

As Mipymes tecnológicas em Cuba enfrentam obstáculos como a falta de acesso a computadores potentes, a limitada conectividade à internet e os constantes apagões. Essas condições dificultam o desenvolvimento de negócios baseados em tecnologia avançada, o que representa um desafio significativo para o sucesso dessas iniciativas.

O que precisa mudar para que as Mipymes estatais prosperem em Cuba?

Para que as Mipymes estatais prosperem, é essencial melhorar a infraestrutura tecnológica, facilitar o acesso à internet e garantir um fornecimento elétrico estável. Além disso, são necessários mecanismos de aprovação ágeis e oportunidades e incentivos semelhantes aos das Mipymes privadas, mudanças que atualmente não foram implementadas.

Como a crise energética afeta as iniciativas tecnológicas em Cuba?

A crise energética em Cuba, marcada por apagões prolongados, afeta negativamente as iniciativas tecnológicas ao interromper o funcionamento das empresas e o acesso a recursos digitais. Sem um fornecimento elétrico confiável, qualquer esforço para desenvolver tecnologia avançada fica comprometido, limitando o potencial de inovação no país.

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