México, Canadá e China consideram 'um erro estratégico' o aumento de tarifas; Trump ainda não aprova a medida

Os países afirmam que estão preparando uma resposta contundente.

Presidentes da China, México e CanadáFoto © Wikimedia Commons

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Em meio a crescentes tensões comerciais, os governos de México, Canadá e China responderam de forma enérgica à ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor novas tarifas de 25% e 10% sobre as importações de produtos desses três países.

A medida, que supostamente entraria em vigor neste 1 de fevereiro; mas ainda não foi assinada pelo mandatário, gerou reações firmes dos líderes internacionais, que apontam que as tarifas não são apenas uma retaliação econômica, mas uma ação que poderia desestabilizar ainda mais as relações comerciais e aumentar os custos para os consumidores.

A China afirmou, após uma conversa com Donald Trump, que "Não há vencedores em uma guerra comercial". Após a divulgação, há uma semana, das intenções do novo presidente de impor uma tarifa de 10% sobre as importações chinesas, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, declarou que a China continuará defendendo seus interesses nacionais e assegurou que a postura do governo chinês em relação às novas medidas será firme.

Trump justificou a aplicação desses tarifas ao afirmar que a China é responsável pelo fluxo de fentanil para o México e o Canadá, o que causou milhares de mortes por overdose nos Estados Unidos. Apesar das ameaças, a China deixou claro que não permitirá que sua economia seja afetada sem uma resposta.

México, por sua vez, afirmou que analisa com calma o anúncio de um aumento das tarifas de 25% e classificou a medida como um "erro estratégico" que custaria mais de 20.000 milhões de dólares aos americanos.

A presidenta Claudia Sheinbaum afirmou estar disposta a um diálogo respeitoso, mas deixou claro que tem "planos A, B e C" para enfrentar qualquer medida tomada pela Casa Branca.

Da mesma forma, o secretário de Economia do México, Marcelo Ebrard, explicou que as tarifas propostas poderiam custar cerca de 20,475 milhões de dólares às famílias americanas, afetando desde produtos tecnológicos até alimentos e veículos. A administração mexicana está tomando medidas para proteger sua economia e reiterou que defenderá a dignidade e soberania do povo mexicano.

Ebrard destacou que os estados fronteiriços dos EUA, como Califórnia, Texas e Flórida, serão os mais afetados por esses novos impostos, que podem gerar um aumento significativo nos preços de produtos do dia a dia, como computadores, televisores e peças de automóveis. "Uma tarifa de 25% é um erro que não apenas prejudica o México, mas também os consumidores e empresas estadunidenses", alertou.

O Canadá também anunciou na sexta-feira que está se preparando para uma "resposta contundente" diante da ameaça de Trump de aumentar as tarifas em 25%, assim como fez com o México.

O primeiro-ministro Justin Trudeau destacou que seu governo tomará uma "resposta contundente e imediata" se os tarifários forem implementados, o que afetaria produtos canadenses essenciais no comércio bilateral. Trudeau deixou claro que o Canadá não está disposto a aceitar medidas que prejudique suas indústrias e seus cidadãos.

Funcionários canadenses também se reuniram com Tom Homan, czar de fronteiras da Casa Branca, em uma última tentativa de chegar a um acordo que evite a aplicação das tarifas. Os temas abordados nas conversas incluem o controle do tráfego de fentanilo e a imigração, mas até o momento não houve avanços significativos.

Os novos impostos sobre o México, o Canadá e a China não apenas afetarão as relações comerciais entre esses países e os EUA, mas também podem ter consequências globais.

Especialistas alertam que a medida pode elevar os preços de produtos importados, o que geraria um aumento na inflação dentro dos Estados Unidos, um tema que enfraqueceu a administração de Joe Biden e que Trump prometeu reducir se ganhasse as eleições.

De fato, o aumento dos preços de produtos de consumo diário como abacates, gasolina, madeira ou componentes de veículos pode afetar profundamente tanto os consumidores quanto as empresas americanas.

A imposição de tarifas também poderia complicar ainda mais as negociações comerciais dentro do Tratado entre o México, os Estados Unidos e o Canadá (T-MEC), o que afetaria a estabilidade econômica da América do Norte. Alguns analistas sugerem que a medida de Trump poderia desencadear uma reação em cadeia que desestabilizasse as economias da região e afetasse negativamente o crescimento global.

Embora Trump justifique as tarifas como uma resposta ao fluxo de fentanilo e outras preocupações de segurança, a decisão de aumentar os impostos sobre as importações destes três países-chave pode ter repercussões econômicas muito mais profundas do que se antecipa.

Em vez de resolver os problemas subjacentes, muitos especialistas acreditam que a medida poderia escalar a guerra comercial, com efeitos negativos tanto para os EUA quanto para seus principais parceiros comerciais.

O diário The New York Times considerou que as tarifas severas sobre o México, Canadá e China são uma tentativa de pressionar ainda mais os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos a aceitarem mais deportados e a deterem o fluxo de migrantes e drogas para o país.

Aparentemente, a última hora Trump estaria reconsiderando a situação. Embora tenha anunciado na sexta-feira que a medida entraria em vigor já neste sábado, na prática o documento não foi assinado, não há nenhuma coletiva de imprensa prevista para as próximas horas e o fluxo através das fronteiras permaneceu inalterado durante o dia, constatou o jornal El País.

Perguntas frequentes sobre as tensões comerciais entre os Estados Unidos e o México, Canadá e China

Por que Trump justifica a imposição de tarifas ao México, Canadá e China?

Donald Trump justifica a imposição de tarifas afirmando que esses países facilitam o fluxo de fentanil para os Estados Unidos, o que tem causado mortes por overdose. Trump sustenta que as tarifas são uma resposta para responsabilizar esses países.

Qual seria o impacto da imposição de tarifas de 25% nos consumidores americanos?

A imposição de tarifas de 25% poderia aumentar significativamente os preços de produtos cotidianos como computadores, televisores e peças de automóveis. Os consumidores americanos enfrentariam um aumento nos custos de bens importados.

Como respondem o México, o Canadá e a China diante da ameaça de tarifas de Trump?

México, Canadá e China criticaram a medida como um "erro estratégico" e apontaram que tomarão ações para defender suas economias. Esses países buscam evitar a aplicação das tarifas por meio de negociações e respostas contundentes.

Quais seriam as consequências econômicas da imposição dessas tarifas na América do Norte?

A medida pode complicar as negociações comerciais dentro do Tratado entre México, Estados Unidos e Canadá (T-MEC) e desestabilizar as economias da região. Anticipa-se um impacto negativo no crescimento econômico da América do Norte.

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