Marealta Boulevard: Youtuber cubana mostra as novas lojas para ricos em Havana

Marealta Boulevard em Havana oferece produtos de luxo em divisas, refletindo a desigualdade econômica em Cuba. A youtuber Calis documenta essa exclusividade em seu canal, gerando debate social.


No município habanero de Playa, especificamente perto do conhecido supermercado de 3ª e 70, foi inaugurado um espaço comercial que gerou opiniões divididas: Marealta Boulevard.

A influencer Calis, do canal do YouTube Calislandia, documentou sua experiência visitando este shopping, onde os clientes podem encontrar sandálias, saltos, roupas elegantes, sapatos das marcas Piccadilly e Lolis, assim como bolsas e malas caras para a maioria dos cubanos.

Estas lojas oferecem produtos exclusivos de marcas internacionais como Reebok, Adidas, Giorgio e perfumes como o Angel de Mugler, entre outros. Os pagamentos são feitos em divisas com cartões internacionais e nacionais em MLC.

Durante seu percurso, a criadora de conteúdo foi alertada de que não era permitido gravar no interior das lojas, o que despertou o interesse e a curiosidade de seus seguidores.

Nos comentários do seu vídeo, uma pessoa destacou: "Não considero que Marealta Boulevard seja para os ricos. O fato de que o cubano médio esteja empobrecido não significa que esta seja uma loja para pessoas abastadas".

Este tipo de opiniões reforçam o debate sobre o impacto social desses comércios em um país onde os rendimentos em pesos cubanos são insuficientes para a maioria dos trabalhadores e aposentados.

Entre as opções disponíveis na seleta loja, destaca-se uma perfumaria que reúne fragrâncias de renomadas marcas internacionais. Além disso, foi anunciada a futura abertura de uma loja dedicada à Giorgio, consolidando ainda mais a oferta de produtos de alta gama.

Estas lojas se apresentam como um contraste com a realidade econômica que enfrenta o cubano médio, evidenciando a crescente desigualdade no acesso a bens de consumo.

A dolarização em Cuba e as "lojas de luxo"

A abertura de estabelecimentos exclusivos como Marealta Boulevard em Havana se inscreve em uma tendência que tem gerado controvérsias em Cuba durante anos.

Este fenômeno, que inclui lojas voltadas para as elites econômicas, tem sido alimentado por políticas de dolarização e a abertura do mercado para bens de luxo desde pelo menos 2017, quando debutaram espaços como o localizado no Hotel Manzana de Gómez.

Recentemente, a inauguração do supermercado em dólares de 3ra y 70 em Havana marcou mais um ponto crítico nessa dinâmica, evidenciando uma crescente segmentação econômica. O estabelecimento, assim como o Marealta Boulevard, foi classificado como inacessível para a maioria dos cubanos.

As regulações sobre divisas implementadas em dezembro de 2024 consolidaram um marco que amplifica a desigualdade social. Essas medidas, combinadas com a dolarização de setores chave, permitem a proliferação de negócios voltados para os ricos em Cuba, deixando grande parte da população em uma posição de desvantagem.

Marealta Boulevard simboliza esse contraste. É um lugar que exibe opulência e produtos de alta qualidade em meio a uma realidade econômica marcada por limitações e escassez generalizada.

Perguntas Frequentes sobre as Novas Lojas em Dólares em Havana

O que é Marealta Boulevard e por que gerou polêmica em Cuba?

Marealta Boulevard é um espaço comercial em Havana que oferece produtos de marcas internacionais de luxo, como Adidas e Giorgio, acessíveis apenas para aqueles que podem pagar em divisas internacionais ou MLC. Sua abertura gerou polêmica devido à exclusão econômica que representa para a maioria dos cubanos, que não podem acessar esses produtos por receberem seus salários em pesos cubanos desvalorizados.

Por que as novas lojas em Havana aceitam apenas dólares ou MLC?

O governo cubano implementou uma política de dolarização parcial para captar divisas estrangeiras em meio a uma crise econômica. Essas lojas, como as do Marealta Boulevard e o supermercado da 3ª com 70, aceitam apenas dólares ou MLC, excluindo aqueles que não têm acesso a essas moedas, o que aumenta a desigualdade no país.

Como a dolarização das lojas afeta a economia cubana?

A dolarização das lojas em Cuba agrava as desigualdades econômicas ao criar um mercado paralelo onde apenas aqueles que têm acesso a divisas podem adquirir bens de consumo. Isso deixa a maior parte da população, que recebe seu salário em pesos cubanos, em uma situação de desvantagem e aumenta a dependência de remessas do exterior.

Qual tem sido a reação da população cubana em relação às novas lojas em dólares?

A abertura de lojas que aceitam apenas dólares causou indignação e desconforto entre a população cubana. Muitos criticam que essas lojas são inacessíveis para a maioria, que não ganha em divisas, e apontam que as medidas do governo apenas aumentam a lacuna social e econômica no país.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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