Madre cubana pede ajuda para construir cela em casa devido à falta de medicamentos para seu filho com doença mental

A terrível história desta mãe de Banes, em Holguín, reflete a crise do sistema de saúde cubano e o sofrimento das famílias que cuidam de doentes mentais em uma situação de agudo desabastecimento farmacêutico.


Em Banes, Holguín, uma mãe cubana enfrenta uma situação desesperadora. Sem acesso a medicamentos essenciais para seu filho com uma doença mental, ela solicitou ajuda para construir uma cela dentro de sua própria casa.

A decisão, embora dolorosa, é sua única opção para proteger sua família e garantir a segurança de seu outro filho, que sofre de um leve atraso mental.

Captura de tela Facebook / Noly Blak

“Já não conseguimos dormir. Tenho medo de que arranque a grade que tem e faça algo com seu irmão, que tem seu probleminha, um leve atraso mental. Quando ele toma o medicamento, ele se controla, mas na falta do medicamento ele não sai de lá, exceto para tomar banho”, disse a mãe ao ativista cubano Norge Ernesto Díaz Blak, que pediu solidariedade a essa família em suas redes sociais.

Em um vídeo comovente, a idosa compartiu o testemunho de seu desespero, marcado pela doença de seus dois filhos, pelas condições precárias de vida, por sua própria enfermidade - sofre de deterioração global no sistema nervoso central - e pela pobreza em que vivem com uma pensão de apenas 1.528 pesos cubanos.

“Eu deveria tomar vitaminas e outras coisas, mas faz tempo que nem ao médico eu vou, pois com esta situação eu não posso ir a lugar nenhum”, confessou a mãe ao ativista.

A falta de medicamentos para seu filho desencadeou uma série de dificuldades insustentáveis. “Ele se suja em cima da cama, na cama, no chão… coloquei uma fralda ali, mas quando ele quer, usa, e quando não, não. Além dos problemas mentais, ele é fisicamente impedido, tem muita dificuldade para levantar as pernas”, relatou.

A dor que implica pedir ajuda para internar seu próprio filho ficou evidente em suas palavras. “Me dói muito pedir que me ajudem a fazer como se fosse uma cela para meu filho, porque o coração de uma mãe não suporta isso. Mas eu não quero vê-lo nem na polícia, nem preso, nem em um hospital. Eu prefiro estar com ele assim, enfrentando como puder”.

Além da construção da cela, a mãe solicita apoio para conseguir medicamentos que atualmente estão em falta.

“Sinto medo, sim, porque tenho medo de que ele faça algo ao irmão. Toda vez que ele pede comida, ai meu filho!... Quando eu tenho para dar, eu dou; quando não tenho, é só chorar… ‘Me dá um cigarro, me dá comida, estou com fome e eu não comi’. Ninguém sabe o que você sente ao ter um filho nessas condições”, relatou a mãe.

Para aqueles que desejam contribuir, foram compartilhados números de conta em CUP e MLC (9205 0699 9058 4681 e 9235 1299 7681 5824, respectivamente), além de um número de contato (+53 082732) para confirmar transferências. Este chamado desesperado evidencia as carências do sistema de saúde e a vulnerabilidade de muitas famílias cubanas.

Famílias cubanas enfrentam desafios semelhantes

A situação desta mãe em Banes não é um caso isolado em Cuba. Numerosas famílias com pacientes que sofrem de doenças mentais enfrentam desafios semelhantes devido à escassez de medicamentos e à falta de recursos adequados.

Em outubro de 2023, foi denunciada a situação de uma mulher em Havana que, devido à falta de medicamentos para tratar sua esquizofrenia, tentou se internar em um hospital psiquiátrico. No entanto, não foi admitida pela falta de leitos disponíveis, o que agravou sua condição e a desespero de sua família.

Outro caso trágico ocorreu em abril de 2024 em Cienfuegos, onde um menor de idade com problemas psicológicos se suicidou devido à falta de medicamentos necessários para seu tratamento. Este incidente destaca as consequências mortais que a escassez de recursos médicos essenciais pode ter.

Além disso, em novembro de 2024, foi relatado que um paciente do hospital psiquiátrico de Las Tunas escapou devido à fome e ao abandono que sofria na instituição. Este fato evidencia as condições precárias em que se encontram alguns centros de saúde mental no país.

Esses casos refletem uma problemática mais ampla no sistema de saúde cubano, onde a falta de medicamentos e recursos adequados para tratar doenças mentais coloca em risco a vida e o bem-estar dos pacientes e de suas famílias. A situação exige uma atenção urgente por parte das autoridades para garantir o acesso a tratamentos e condições dignas para aqueles que enfrentam essas doenças.

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