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O "Síndrome de La Havana", que desde 2016 tem afetado centenas de funcionários americanos com sintomas como enxaquecas, vertigem e lesões cerebrais, volta ao centro do debate após a publicação de um novo relatório de inteligência nos Estados Unidos.
Dos agências norte-americanas apontaram que um "adversário estrangeiro" pode estar por trás de um pequeno número de casos, embora as provas diretas ainda sejam insuficientes para estabelecer uma conexão sólida, indicou El Nuevo Herald.
O informe, publicado em 10 de janeiro de 2025, reflete divisões dentro da comunidade de inteligência dos Estados Unidos. Enquanto duas agências acreditam que atores estrangeiros desenvolveram tecnologia avançada capaz de causar esses sintomas, outras cinco agências consideram que essa hipótese é pouco provável.
Apesar dessas discrepâncias, nenhuma das avaliações consegue identificar um incidente específico ou um responsável direto.
Um funcionário do Conselho de Segurança Nacional (NSC) explicou que as investigações se concentram em compreender os incidentes de saúde anômalos reportados, deixando em aberto a possibilidade de implicações estrangeiras.
No entanto, as agências admitiram que não há evidências que vinculem um governo a eventos concretos, nem mesmo nos casos ocorridos em Havana.
Revelações sobre possíveis responsáveis
Investigações independentes do 60 Minutes, Der Spiegel e The Insider sugeriram uma possível implicação da inteligência militar russa (GRU), especificamente a Unidade 29155.
Este grupo foi apontado como responsável pelo uso de "armas de energia dirigida" que poderiam ter causado os sintomas descritos pelas vítimas. No entanto, a CIA e o Escritório do Diretor Nacional de Inteligência (ODNI) desestimaram essas alegações, considerando-as especulativas.
Reações das vítimas e controvérsias internas
As vítimas da "Síndrome de Havana", entre elas funcionários americanos designados em Cuba, Rússia e China, têm criticado a falta de transparência nas investigações.
Em uma reunião recente na Casa Branca, o NSC expressou seu apoio aos afetados, pedindo desculpas pelo tratamento recebido e prometendo continuar com as investigações, de acordo com declarações coletadas por El Nuevo Herald.
Por sua vez, Marc Polymeropoulos, ex-oficial da CIA afetado por essa síndrome, destacou que este novo relatório poderia representar um avanço significativo, embora lamentasse a resistência de alguns setores dentro da comunidade de inteligência.
As acusações de encobrimento também vieram à tona. Um relatório do Congresso, publicado em dezembro de 2024, questionou a avaliação de 2023, que descartava a participação de atores estrangeiros.
Este documento apontou possíveis tentativas de obstruir as investigações por parte da CIA, o que gerou um debate sobre a gestão deste fenômeno.
Cuba no centro da controvérsia
A "Síndrome de Havana" começou a ser relatado em 2016, quando diplomatas americanos em Cuba apresentaram uma série de sintomas inexplicáveis.
Isso levou ao fechamento parcial da Embaixada dos Estados Unidos em Havana e ao deterioramento das relações bilaterais. Embora inicialmente se tenha culpado o governo cubano, investigações posteriores descartaram sua implicação direta, deixando o caso sem solução.
Desde então, foram relatados casos semelhantes em outros países, como Rússia e China, o que sugere um padrão mais amplo. A falta de evidência concreta tem dificultado a identificação de um responsável, e o fenômeno continua a ser um desafio tanto para a comunidade de inteligência quanto para os especialistas médicos.
Impacto político e futuro das investigações
O "Síndrome de Havana" não apenas afetou as vítimas, mas também teve um impacto significativo na política externa dos Estados Unidos.
A administração de Joe Biden priorizou o reconhecimento e o tratamento dos afetados, enquanto o Congresso continua pressionando por respostas claras. No entanto, as discrepâncias dentro da comunidade de inteligência e a falta de provas definitivas dificultam o avanço em uma resolução.
O relatório mais recente destaca que o desenvolvimento de "tecnologia de energia dirigida" por parte de atores estrangeiros pode representar uma ameaça emergente. Esse possível avanço tecnológico ressalta a necessidade de fortalecer as capacidades de defesa e a cooperação internacional para proteger o pessoal americano no exterior.
Um enigma sem solução
A "Síndrome de Havana" continua sendo um mistério, com implicações que vão além da saúde das vítimas.
A falta de consenso dentro da comunidade de inteligência reflete as complexidades de um fenômeno que pode redefinir a segurança nacional e as relações internacionais.
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