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O governo cubano assegurou na quarta-feira que a inflação apresenta uma leve desaceleração, e que ao final de outubro de 2024, a taxa ficou em 28%; no entanto, os especialistas questionaram essa afirmação e afirmam que na ilha, na verdade, há uma "estanflacionação".
O primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz afirmou na Assembleia Nacional do Poder Popular que, embora o número ainda seja elevado, representa uma melhoria em comparação aos níveis anteriores.
Também destacou que um dos principais problemas econômicos do país é a quantidade de dinheiro circulante fora do sistema bancário, grande parte dele guardado em espécie sob o colchão, o que não dinamiza a economia. “A inflação é um problema no qual temos que continuar trabalhando”, sublinhou o primeiro-ministro, acrescentando que mostra uma leve desaceleração. Ao final de outubro, registrou-se 28%. “Mesmo assim, continua sendo alta”, comentou.
Embora o governo ressalte que a inflação continua sendo um desafio, os analistas não parecem tão otimistas: O economista Pedro Monreal, conhecido por suas análises sobre a situação econômica de Cuba, questionou abertamente as declarações oficiais do regime.
Através de sua conta no Twitter, Monreal argumentou que o que o governo cubano apresenta como uma desaceleração da inflação faz parte de um discurso que ignora a gravidade da crise econômica que o país está enfrentando.
Segundo o acadêmico, Cuba enfrenta o que é conhecido como "estanflacionamento", uma situação caracterizada por um estagnação econômica acompanhada de alta inflação, o que tem erodido o poder de compra da população. Nesse contexto, a inflação em outubro de 2024 foi de 28%, enquanto os preços dos alimentos aumentaram 33,3%.
Monreal também destacou que a economia cubana apresentou redução em quatro dos últimos seis anos, o que contradiz as afirmações do governo sobre um "reechada da economia".
A queda no Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, que ainda está abaixo dos níveis de 2019, e um déficit orçamentário que se mantém entre 10% e 12% do PIB, são fatores que reforçam a visão de Monreal sobre a crise estrutural do país. Esse déficit tem sido financiado por meio da emissão monetária, o que tem agravado os problemas inflacionários.
O governo cubano projetou um crescimento de 1% para 2025, baseado na recuperação do setor turístico e em uma melhoria nas exportações e no sistema eletroenergético. No entanto, Monreal considera que essas previsões são pouco realistas, dado o contexto de crise estrutural e a falta de investimentos significativos. Além disso, alertou sobre a contradição entre a "desdolarização" da economia e a coexistência de esquemas de dolarização parcial.
Em relação à diminuição dos salários reais em Cuba, Monreal destacou que a participação das remunerações laborais no PIB caiu drasticamente, de 46,3% em 2020 para 18,8% em 2023, o que demonstra a falta de melhorias no nível de vida da população, apesar das promessas do governo.
Cada vez mais desacreditado, o regime faz projeções que são recebidas com cautela, uma vez que dependem de fatores externos como a recuperação do turismo e a melhora nas exportações, em um contexto onde as dificuldades estruturais continuam sem solução.
Perguntas frequentes sobre a situação econômica em Cuba e a inflação
É verdade que a inflação em Cuba está diminuindo?
Embora o governo cubano afirme que a inflação diminuiu para 28% ao final de outubro de 2024, os especialistas questionam essa afirmação. Pedro Monreal, um economista renomado, argumenta que o país enfrenta uma estanflacionação, uma combinação de estagnação econômica e alta inflação, o que contradiz a narrativa oficial.
O que é a estanflação e como ela afeta Cuba em 2024?
A estanflação é um fenômeno econômico que combina alta inflação com estagnação ou recessão econômica. Em Cuba, para 2024, essa situação se reflete em uma inflação interanual de 28% e em um declínio econômico, o que dificulta o acesso dos cidadãos a bens e serviços básicos e erode sua qualidade de vida.
Por que se critica o investimento no turismo em Cuba?
O investimento em turismo é criticado por desconsiderar setores essenciais como a saúde e a agricultura. O governo cubano priorizou os investimentos no setor turístico, destinando quase 40% dos recursos a atividades relacionadas a esse setor. Apesar desse investimento, o turismo não alcançou as metas esperadas, o que levanta questionamentos sobre a sustentabilidade dessa política em um contexto de crise econômica.
Como a política econômica do regime cubano impacta o bem-estar da população?
A política económica do regime cubano resultou em um deterioramento significativo dos serviços públicos e uma perda do poder aquisitivo dos trabalhadores. Essa política, caracterizada por uma severa austeridade fiscal e um investimento desproporcional no turismo, tem exacerbado as desigualdades sociais e agravado as condições de vida da população cubana.
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