"Nos deixaram no inferno": Cubanos na Síria denunciam abandono da embaixada

Cubanos na Síria denunciam o abandono de sua embaixada após a queda de Bashar al-Assad, enfrentando insegurança sem apoio diplomático. Exigem evacuação urgente e assistência internacional.

Imagen de la guerra en Siria © Instagram
Imagem da guerra na SíriaFoto © Instagram

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Vários cubanos residentes na Síria denunciaram o abandono por parte da embaixada de Havana em Damasco após a queda do presidente Bashar al-Assad no início de dezembro de 2024, um acontecimento que desencadeou um caos generalizado e um aumento da violência no país.

Através de depoimentos compartilhados com Martí Noticias e 14yMedio, os cidadãos cubanos expressaram sua desesperação pela falta de apoio e assistência da missão diplomática cubana, enquanto enfrentam um contexto de insegurança extrema.

Susel Gavira, residente em Tartús, na costa síria, relatou como sua família ficou desamparada. "Nos deixaram aqui perdidos, no inferno, sem nos ajudar, sem nos dizer nada, como se não fôssemos o povo deles. Tenho conhecidos na Venezuela, no México, na Espanha, e todas as embaixadas se comunicaram com eles, menos a nossa", comentou.

Gavira, que pertence à minoria alauíta, explicou que a situação se tornou insustentável para sua família, especialmente devido à insegurança que enfrentam.

"Não posso enviá-los para a escola porque não sei o que vai acontecer com eles. Minha filha tem 17 anos e meu filho 15. Isso me causa terror", expressou com angústia.

A denúncia de Gavira foi apoiada por sua irmã, Sawsan, que reside na cidade de Jableh. Em uma mensagem enviada ao Martí Notícias, Sawsan enfatizou que a família permanece trancada em casa, com medo constante.

"Solo queremos salvar a vida. Queremos que nos tirem daqui. Estamos em casa com as portas fechadas e com medo 24 horas por dia. Eu quero saber se há alguém que possa nos ajudar a sair da Síria", manifestou.

Samir Jesús Mahmoud Gavira, outro membro da família, também fez um apelo urgente por meio de um vídeo divulgado pelo 14ymedio e enviado ao Martí Notícias.

Samir, que está em Tartús, descreveu a situação afirmando que "não há luz nem internet, mal temos velas. As armas estão nas mãos de todos: homens, mulheres, crianças. Estão roubando bancos, instituições governamentais, o que for. Não sei o que vou fazer. Precisamos sair daqui o mais rápido possível", disse.

O conflito na Síria deixou mais de 231.000 mortos e numerosas vítimas entre os civis. Após mais de uma década de guerra, os rebeldes conseguiram depor Bashar al-Assad, mas a situação continua caótica, com facções armadas controlando diferentes áreas do país. Nesse contexto, a população cubana na Síria se sentiu particularmente vulnerável.

Os esforços de evacuação, por outro lado, têm sido limitados. O governo cubano evacuou recentemente seu pessoal diplomático, transferindo-os para a Embaixada de Cuba no Líbano, onde permanecem em segurança. No entanto, os cubanos que residem na Síria não receberam nenhum tipo de apoio semelhante.

"Está tudo cancelado. Minha família já havia iniciado o processo no consulado da Espanha para obter a nacionalidade, mas agora tudo parou", lamentou Samir Gavira. Em sua mensagem, ele também fez um apelo ao presidente da Espanha, Pedro Sánchez, para que a situação dos cubanos na Síria seja considerada e que se ofereça ajuda internacional.

Enquanto isso, o governo cubano tem permanecido em silêncio sobre as denúncias. O presidente Miguel Díaz-Canel, por meio de uma mensagem no X, manifestou sua preocupação com os acontecimentos na Síria e fez um apelo pelo respeito à soberania do país e à segurança das missões diplomáticas, mas não se manifestou sobre a falta de assistência aos cidadãos cubanos em território sírio.

Perguntas frequentes sobre o abandono dos cubanos na Síria e a resposta do governo cubano

Por que os cubanos na Síria denunciam abandono por parte de sua embaixada?

Os cubanos na Síria acusam a embaixada de tê-los abandonado após a evacuação do pessoal diplomático para o Líbano, deixando-os sem apoio e assistência em meio ao caos após a queda de Bashar al-Assad.

Que medidas o governo cubano tomou em relação aos seus cidadãos na Síria?

Até o momento, o governo cubano não anunciou nenhuma medida concreta para auxiliar seus cidadãos na Síria, limitando-se a evacuar o pessoal diplomático e transferi-lo para o Líbano, deixando seus nacionais em uma situação de vulnerabilidade.

Como a queda de Bashar al-Assad afeta os cubanos residentes na Síria?

A queda de Bashar al-Assad deixou os cubanos na Síria em uma situação de extrema insegurança, sem apoio da sua embaixada e enfrentando um ambiente de violência e caos, o que gerou um medo constante por suas vidas.

O que o governo cubano manifestou sobre a situação na Síria?

O presidente Miguel Díaz-Canel expressou preocupação com os eventos na Síria e fez um apelo ao respeito pela soberania do país e à segurança das missões diplomáticas, mas não abordou a falta de assistência aos cidadãos cubanos que residem lá.

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