Ativistas e organizações opositoras denunciaram neste domingo o assassinato de Manuel de Jesús Guillén Esplugas, um preso político cubano que cumpria pena na prisão Combinado del Este, em Havana.
Ana Belkis Ferrer, através da conta de José Daniel Ferrer na rede social X, denunciou que Guillén, membro da União Patriótica de Cuba (UNPACU), promotor do Cuba Decide e participante nos protestos de 11 de julho, foi vítima de um suposto assassinato.
De acordo com as denúncias divulgadas nas redes sociais, Guillén, de 30 anos, teria sido assassinado em circunstâncias que não foram esclarecidas pelas autoridades.
“Foi vilmente assassinado Manuel de Jesús Guillén Esplugas, confinado na prisão Combinado del Este”, afirmou.
Belkis expressou sua indignação ao perguntar: “Quanto tempo mais esses criminosos, tiranos, narcotraficantes e terroristas permanecerão impunes?”, exigindo justiça para as vítimas da repressão em Cuba.
Além disso, também reiterou a exigência de liberdade para todos os detidos por razões políticas no país, entre eles José Daniel Ferrer, líder da UNPACU, que permanece preso em condições denunciadas como desumanas.
A oposidora Rosa María Payá, líder do movimento Cuba Decide, denunciou na rede social X o assassinato de Guillén, qualificando o regime cubano como “um governo de assassinos, uma ditadura cruel e torturadora”, e afirmou: “Foi a golpes que o mataram!”.
"Ele tinha 30 anos, era prisioneiro político por protestar no 11J, promotor do Cuba Decide", salientou.
Além disso, apontou o governante Miguel Díaz-Canel e o General Lázaro Alberto Álvarez Casas como os responsáveis pelo jovem cubano.
Em 2023, o jovem manifestante do 11J completou mais de um ano e meio preso, sem que tenha sido marcada uma data para seu julgamento nem comunicada a solicitação do Ministério Público.
A mãe dela, Dania María Esplugas, apresentou um segundo Habeas Corpus ao Tribunal Provincial de Havana exigindo sua liberação imediata, após a primeira solicitação ter sido indeferida em janeiro pela sala de segurança do Estado do Tribunal Supremo de Justiça.
O caso de Guillén tem sido apontado por opositores como um exemplo das violações legais cometidas pelo regime cubano em casos relacionados com o estalo social de 11J.
Martha Beatriz Roque Cabello, coordenadora do Centro de Direitos Humanos, destacou que o governo nem mesmo respeita os princípios de sua própria legalidade socialista nesses processos.
Guillén, com 27 anos e residente em Havana Velha, foi detido de forma violenta em sua casa no dia 17 de julho de 2021 por agentes da segurança do Estado, após ter divulgado nas redes sociais vídeos que documentavam sua participação nos protestos do 11J.
O Observatório Cubano de Direitos Humanos denunciou a morte, em novembro passado, do preso político Luis Barrios Díaz, atribuída a supostas negligências e irregularidades das autoridades penitenciárias. Barrios estava detido desde as protestas de 11 de julho de 2021.
Barrios, de 37 anos, faleceu no Hospital La Covadonga, em Havana, em decorrência de complicações respiratórias.
Barrios apresentava sintomas preocupantes desde agosto. Ele foi internado na enfermaria da prisão 1580 de San Miguel del Padrón e, mais tarde, transferido para o referido hospital para receber atendimento especializado.
No entanto, apesar das advertências médicas, as autoridades decidiram devolvê-lo à prisão, mencionando a falta de recursos para o transporte e a vigilância hospitalar.
Em outubro, o prisioneiro político Gerardo Díaz Alonso, de 35 anos, que foi condenado a 14 anos de privação de liberdade por participar das manifestações de julho de 2021 na cidade de Cárdenas, Matanzas, faleceu em decorrência de um infarto.
Díaz Alonso, que também era pai de dois filhos, estava detido na prisão de Canaleta, de alta segurança em Ciego de Ávila, conforme informou Aylín Sardiña Fernández no Facebook.
O manifestante de La Güinera e preso político do 11J, Yosandri Mulet Almarales, faleceu em agosto em decorrência das graves lesões sofridas após uma tentativa de suicídio que o manteve por dias entre a vida e a morte.
Assim confirmou o Centro de Documentação das Prisões Cubanas, uma organização não governamental que informou no dia 22 de agosto sobre a segunda e última tentativa de suicídio do preso político, ocorrida durante uma permissão do centro penitenciário onde ele realizava trabalho forçado.
A organização não governamental Cubalex, especializada na monitorização dos direitos humanos em Cuba e na oferta de assistência legal gratuita na ilha, publicou um relatório sobre a repressão no país durante o primeiro semestre de 2024, que resultou em 26 mortos sob custódia.
As condições nas prisões cubanas continuam alarmantes, com evidências de tortura, tratamentos cruéis e desumanos, além de uma grave falta de atendimento médico que contribui para as mortes sob custódia.
O número é ainda mais impressionante se considerarmos os últimos dois anos, período em que ocorreram 56 mortes de pessoas sob custódia das autoridades do país, sendo a morte a consequência final desses casos.
Atualmente, o regime cubano mantém 554 pessoas encarceradas por terem participado nas manifestações antigovernamentais de julho de 2021 em várias cidades e vilas de Cuba, as maiores já registradas no país.
Perguntas frequentes sobre o assassinato de Manuel de Jesús Guillén e a repressão em Cuba.
Quem era Manuel de Jesús Guillén Esplugas?
Manuel de Jesús Guillén Esplugas era um preso político cubano, membro da União Patriótica de Cuba (UNPACU) e promotor do Cuba Decide. Ele participou das manifestações de 11 de julho de 2021 e estava confinado na prisão Combinado del Este em Havana. Sua morte foi denunciada em circunstâncias não esclarecidas pelas autoridades, o que gerou indignação e denúncias por parte de ativistas e opositores cubanos.
O que se sabe sobre as condições dos presos políticos em Cuba?
As condições dos prisioneiros políticos em Cuba são alarmantes, com denúncias de torturas, tratamentos cruéis e desumanos, e falta de atendimento médico adequado. Relatórios indicam que as prisões cubanas enfrentam sérias carências de alimentos e produtos de higiene, o que contribui para um estado de saúde deplorável entre os detidos. Ativistas e organizações internacionais têm exigido melhorias nas condições carcerárias e a libertação dos prisioneiros políticos.
Como a comunidade internacional tem reagido à repressão em Cuba?
A comunidade internacional tem expressado preocupação com a repressão em Cuba, com apelos de figuras políticas e organizações de direitos humanos para que cessem as detenções arbitrárias e sejam libertados os prisioneiros políticos. O secretário adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos Estados Unidos e eurodeputados têm pedido sanções e ações concretas contra o governo cubano.
Qual é a situação atual de José Daniel Ferrer, líder da UNPACU?
José Daniel Ferrer, líder da UNPACU, continua preso em condições que têm sido denunciadas como cruéis e desumanas. Ele tem sido vítima de agressões físicas e se encontra em um estado de saúde deteriorado, o que gerou preocupações por parte de sua família e da comunidade internacional. Apesar disso, Ferrer mantém seu compromisso com a luta pela liberdade e pelos direitos humanos em Cuba.
O que os familiares dos presos políticos denunciaram sobre o tratamento que recebem?
Os familiares dos presos políticos em Cuba denunciaram o tratamento desumano e as condições degradantes a que são submetidos seus entes queridos. Há relatos de torturas físicas e psicológicas, falta de atendimento médico e severas restrições no contato com suas famílias, o que agrava sua situação de saúde e bem-estar. Essas denúncias visam gerar pressão internacional para melhorar as condições dos presos e conseguir sua libertação.
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