O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou neste sábado que poderá impor tarifas de 100% às nações do BRICS se estas tomarem medidas para enfraquecer o dólar americano.
A aliança do BRICS inclui Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos, embora em outubro tenha sido aceita a incorporação de 13 novos Estados membros como associados, entre eles Cuba.
Apesar de o dólar continuar sendo a moeda predominante no comércio global, representando aproximadamente 58% das reservas de moeda estrangeira - segundo dados do FMI citados pela agência Associated Press - o bloco BRICS tem buscado reduzir sua dependência dessa moeda por meio da chamada desdolarização.
Esta estratégia busca aumentar o uso de outras moedas no comércio internacional, aproveitando o crescente peso econômico desse grupo.
Em uma publicação no Truth Social, Trump afirmou neste sábado que os Estados Unidos exigem garantias de que os países do BRICS não criarão uma nova moeda nem apoiarão alternativas que possam substituir o dólar.
"Do contrário, enfrentarão tarifas de 100% e deverão esquecer-se de acessar nossa maravilhosa economia", afirmou.
Trump afirmou que não há "nenhuma possibilidade" de que o BRICS substitua o dólar no comércio global, advertindo que qualquer tentativa nessa direção "fechará as portas dos Estados Unidos" para as nações envolvidas.
Os analistas, no entanto, consideram que a liderança do dólar não está em perigo no curto ou médio prazo.
Um modelo do Atlantic Council confirma que a moeda americana continua sendo segura como principal reserva global.
O domínio do dólar tem sido criticado por líderes como o presidente russo Vladímir Putin, que qualificou o uso do dólar como ferramenta de sanção de "erro estratégico".
Putin tem promovido a criação de um sistema de pagamentos alternativo à rede SWIFT para contornar sanções e facilitar o comércio com seus aliados.
Trump fez essas ameaças após anunciar medidas tarifárias semelhantes contra o México, o Canadá e a China.
Em resposta, líderes como Claudia Sheinbaum e Justin Trudeau têm buscado negociar para evitar uma escalada nas tensões comerciais.
O que é o BRICS?
O BRICS é uma associação, grupo e fórum político e econômico composto por países emergentes. Inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, foi estabelecido em 2010 após a incorporação da África do Sul ao então BRIC.
A partir de 1º de janeiro de 2024, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã se juntaram como membros plenos, após o anúncio feito na XV Cúpula realizada em Johannesburgo, África do Sul, em agosto de 2023.
Em outubro deste ano, durante a XVI Cúpula realizada em Kazan, Rússia, o BRICS aceitou a inclusão de 13 novos Estados membros como associados, entre eles Cuba. Os demais associados são Argélia, Bielorrússia, Bolívia, Indonésia, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Turquia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
Com essa expansão, o BRICS se consolidou como um espaço internacional alternativo ao G7, que reúne as economias desenvolvidas.
Em conjunto, os países do BRICS representam quase 37% do PIB mundial e 46% da população de todo o planeta. Apesar desses números impressionantes, o bloco enfrenta desafios internos, incluindo conflitos de interesse entre suas principais economias, especialmente a China, o que gerou dúvidas sobre sua coesão e projeção econômica.
Perguntas frequentes sobre a ameaça de Trump aos países do BRICS e a desdolarização.
Que medidas Trump planeja implementar contra os países do BRICS?
Donald Trump advertiu que poderia impor tarifas de 100% às nações do BRICS se estas tomarem medidas para enfraquecer o dólar americano.
O que é a desdolarização e por que é relevante para o BRICS?
A desdolarização é uma estratégia que busca reduzir a dependência do dólar no comércio internacional, promovendo o uso de outras moedas.
Qual é o impacto da política tarifária de Trump nas relações internacionais dos Estados Unidos?
A política tarifária de Trump, que inclui altos impostos sobre países como México, Canadá e China, gera tensões comerciais e diplomáticas.
Quais desafios Cuba enfrenta para se tornar membro pleno do BRICS?
O país deve demonstrar capacidade para atrair investimentos e se adaptar aos padrões de governança do bloco. A plena adesão exigiria compromissos econômicos e políticos que, atualmente, estão fora do alcance de Cuba devido aos seus problemas internos.
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