Escritora Adriana Normand impedida de sair de Cuba: "Estou regulada por interesse público"

A escritora Adriana Normand denuncia que não pode sair de Cuba por estar "regulada" sob um suposto "interesse público" arbitrário, uma tática utilizada pelo regime para silenciar vozes críticas.

Adriana Normand © Facebook/Adriana Normand
Adriana NormandFoto © Facebook/Adriana Normand

A escritora Adriana Normand denunciou que está proibida de sair de Cuba (oficialmente conhecida como "regulada") devido a um suposto "interesse público" determinado arbitrariamente pelas autoridades da ilha.

Normand fez a denúncia através das redes sociais, depois de ter se dirigido a um escritório do Ministério do Interior, onde são responsáveis pela emissão de passaportes.

"Hoje, em um escritório responsável pela emissão de passaportes, me foi negado o procedimento para a confecção do mesmo. Estou regularizada por interesse público", escreveu em seu perfil no Facebook.

Captura do Facebook/Adriana Normand

Nos últimos anos, a categoria de "regulados" tem sido usada de forma recorrente para bloquear a saída de Cuba de ativistas e jornalistas críticos ao governo cubano, com o objetivo de que não consigam divulgar no exterior sua versão sobre a vida política e civil na Ilha.

Vários são os casos denunciados em que as autoridades de imigração cubanas negam a saída do país sem fornecer aos afetados qualquer explicação convincente sobre as razões para essa decisão.

No caso de Normand, a proibição foi sucedida pela renúncia pública que ele teve que fazer em outubro passado às suas colaborações em meios independentes cubanos, especificamente ao elTOQUE e à Rialta.

Em meio a ameaças, apreensões e extorsões, a Segurança do Estado intensificou seu assédio com o objetivo de desarticular iniciativas críticas ao regime, utilizando táticas de tortura psicológica e coerção para forçar renúncias e obter "confissões" contra seus alvos.

Nesta ofensiva, colaboradores de meios como elTOQUE, CubaNet e Periodismo de Barrio foram citados, interrogados e coagidos a renunciar às suas atividades, sob a acusação de "mercenarismo", uma figura penal utilizada recorrente pelo regime cubano para criminalizar o trabalho dos jornalistas independentes.

Este delito, estabelecido no artigo 143 do Código Penal cubano, prevê penas de quatro a dez anos de prisão para aqueles que recebem fundos externos com supostos fins "subversivos".

No entanto, a realidade por trás dessas acusações é a constante estratégia do governo para controlar o fluxo de informações e reprimir qualquer voz que se oponha à narrativa oficial.

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