Cacerolazo em Guanabacoa: Havana vive dia de protesto contra os apagões em Cuba

Vizinhos de Guanabacoa e Nuevo Vedado, em Havana, protestaram contra os apagões com batucadas de panelas. As autoridades tentaram reprimir, mas o descontentamento pela crise energética persiste em Cuba.


Vizinhos de Guanabacoa, em Havana, protagonizaram uma barulhenta manifestação nesta sexta-feira à noite, batendo panelas e gritando em uma protesto que os levou às ruas e que as autoridades tentaram reprimir.

Os fatos ocorreram no Conselho Popular Minas-Barreras do município de Guanabacoa, conforme relatou o jornalista independente José Raúl Gallego em suas redes sociais, anexando um vídeo da manifestação popular.

“Este vídeo é de uma protesto que ocorreu há pouco na localidade de Barreras, Guanabacoa. Segundo o testemunho de uma fonte do local, um grande número de pessoas saiu ao parque para protestar pelos longos apagões”, relatou Gallego em sua publicação.

O vídeo compartilhado mostrou um desfile de vizinhos protestando enquanto passavam em frente à igreja de Barrera, onde se venera a imagem de Nossa Senhora das Dores.

Igreja de Barreras, em Guanabacoa / Facebook 'Amigos de Barreras, Cuba'

“O delegado tentou persuadi-los a encerrar a protesto e, como não conseguiu, chamou a polícia. O chefe da polícia que chegou ao local disse aos manifestantes que era ‘inconstitucional’ manifestar-se fora de suas casas”, indicou o jornalista independente e ativista cubano.

De acordo com seu relato, o chefe da polícia local empregou violência contra os manifestantes. Desconhece-se se ele é o máximo responsável pela 14ª estação da Polícia Nacional Revolucionária (PNR) de Guanabacoa e subordinado direto da Coronel Tania Hernández Cordero, chefe da PNR na capital cubana, e do primeiro coronel Eddy Manuel Sierra Arias, chefe da Direção Geral da PNR.

Os apagões, exacerbados após o último colapso total do sistema eletroenergético nacional (SEN), têm aumentado o descontentamento da população com a crise energética que enfrenta.

Nesta sexta-feira, moradores de Nuevo Vedado, em Havana, protagonizaram uma barulhenta manifestação à noite, batendo panelas e gritando de suas casas para protestar contra as autoridades responsáveis pelas quase 60 horas de apagão que estavam enfrentando.

“Cacerolazo na comunidade de Nuevo Vedado em La Havana, onde se encontra a Redação do jornal 14ymedio, após quase 60 horas sem eletricidade”, reportou em suas redes sociais a jornalista e diretora do referido meio independente, Yoani Sánchez, compartilhando um vídeo com o som das protestas.

Apesar do recente anúncio do restabelecimento parcial do SEN após a passagem do furacão Rafael, as autoridades reconheceram que os reparos levariam tempo devido aos extensos danos nas linhas de transmissão e em subestações elétricas essenciais.

Diante da incerteza gerada por suas declarações e das dificuldades associadas aos apagões, os habaneros se manifestaram e fizeram barulho com suas panelas, um estilo de protesto que se espalha por um país cujo regime persegue toda forma de manifestação e reprime aqueles que se atrevem a reivindicar seus direitos e exercer suas liberdades cívicas e políticas.

As manifestações em Cuba por causa dos apagões não são um fenômeno novo, mas o contexto atual confere uma urgência diferente a elas. Nos últimos anos, as condições de vida na ilha pioraram devido à crise econômica, com faltas de produtos básicos e uma inflação que não dá trégua.

As protestas de Guanabacoa e Nuevo Vedado nesta sexta-feira lembram as mobilizações espontâneas que surgiram em outras localidades da ilha, onde o cansaço e o descontentamento levam a população a sair às ruas.

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