Miguel Díaz-Canel compareceu na noite deste domingo no Conselho de Defesa Nacional (CDN), onde esteve vestido de verde oliva e no qual ameaçou claramente reprimir protestos cidadãos que possam surgir em razão do colapso do sistema elétrico nacional, que mergulhou a população cubana em um caos sem precedentes.
Após relatar a catastrófica situação do país, para a qual não apresentou nenhuma solução imediata - e na companhia de Manuel Marrero, que também assistiu com a mesma vestimenta - Díaz-Canel fez uma advertência ameaçadora.
“Há toda a disposição e toda a capacidade e todo o desdobramento e envergadura dos sistemas que temos organizados desde os conselhos de defesa, desde as organizações, do partido, do governo das administrações para dar a resposta à população a qualquer inquietação, sempre que seja feito de maneira civilizada, de maneira organizada e de maneira disciplinada”, apontou o governante.
“Mas não vamos aceitar nem permitir que ninguém aja provocando atos vândalos e muito menos alterando a tranquilidade cidadã do nosso povo, e essa é uma convicção e esse é um princípio da nossa revolução”, acrescentou.
Díaz-Canel fez referência a uma “tranquilidade cidadã” totalmente inexistente em Cuba, uma vez que a situação atual é de grande desespero, uma crise que a nível mundial costuma ser precursor de grandes movimentos sociais, daí a preocupação do regime.
Em outro momento de sua intervenção, o governante destacou a compreensão e o comportamento do povo, ressaltando valores como a solidariedade a nível de comunidade.
No entanto, fez alusão a "um mínimo de pessoas, a maioria em estado de embriaguez, que se comportaram de maneira indecente".
“Han tratado de provocar alterações de ordem público, han tratado de cometer vandalismo e alterar a tranquilidade cidadã de nosso povo. Esta oportunidade também é aproveitada por aqueles que estão trabalhando sob as orientações que recebem dos operadores da contra-revolução cubana do exterior”, acrescentou.
Da mesma forma, celebrou a entrega do pessoal do sistema eletroenergético nacional, do qual disse que trabalha sob muita tensão para conseguir, no menor tempo possível, fornecer um suprimento estável de energia elétrica à população.
Reconheceu quadros e funcionários do Partido, assim como outras organizações políticas e de massa que estiveram nos locais mais complexos, atendendo a cada uma das situações.
Nas redes sociais, centenas de cubanos -dentro e fora de Cuba- reagiram com indignação às ameaças de Díaz-Canel, que lembram as que ele fez após as protestas do 11J.
Nas últimas horas, houve registro de protestos em algumas áreas de Havana e em outras localidades como Manicaragua, em Villa Clara.
Os cubanos, de suas casas, das calçadas e amparados pela escuridão da noite que lhes permite manter o anonimato, fizeram barulho com panelas em municípios como o Cerro, Habana del Este e Marianao.
Nas gravações publicadas na noite deste domingo nas redes sociais, ouvem-se gritos de "Abaixo a Ditadura", "Liberdade" e "Queremos ser livres".
Em alguns casos, houve o deslocamento de forças policiais, que tentaram reprimir as manifestações. O governo optou por cortar o acesso à internet em várias áreas para evitar a disseminação dos vídeos.
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