Cubana com sintomas de dengue morre após ser enviada para casa devido à falta de insumos no hospital.

O hospital implicado é La Benéfica.

La mujer fallecida, Days María Jiménez © Facebook/Days María Jiménez
A mulher falecida, Days María JiménezFoto © Facebook/Dias María Jiménez

Uma cubana, mãe de dois filhos, que apresentava sintomas de dengue, morreu em Havana após não receber a devida atenção médica, segundo denunciou no Facebook uma fonte próxima à falecida.

“Escrevo com argumentos de que foi levada duas vezes pelos vizinhos ao policlínico mais próximo, ainda vomitando sangue, com febre, sem comer e com muitas dores de cabeça. A levam de volta para casa porque dizem que não há medicamentos,” escreveu na referida rede social a internauta Raysa Juan Delgado.

No entanto, ao chegar à sua casa, a mulher - identificada como Days María Jiménez - perdeu o equilíbrio, caiu no chão e bateu a cabeça, o que complicou seu panorama clínico.

Segundo o testemunho, foi levada novamente ao hospital La Benéfica (Miguel Enríquez), mas “não havia enfermeiras nem médicos para atendê-la, e quando o vizinho entrou, já estava morta”.

A fonte referiu que na autópsia consta como causa do falecimento “um golpe na cabeça”.

“Sei perfeitamente da escassez de medicamentos, mas não da escassez de empatia, aquela que não se compra nem se adquire em nenhum lugar, e que também cura. Na medicina, um segundo é indispensável para salvar uma vida”, reclamou a denunciante.

Adicionou que, mesmo já falecida, o pessoal de medicina legal não aparecia. A previsão era que ela seria cremado às 12 horas e, ainda às 18h30, não havia transporte nem informação alguma.

A denunciante se lembrou com amargura que não é a primeira vez que vive uma tragédia desse tipo.

“Quem paga por esta vida e a da minha sobrinha, que também morreu de dengue pela mesma história?” perguntou-se, e indicou que ambas as perdas se devem a uma cadeia de negligências e a um sistema de saúde em crise.

Apesar das críticas, também reconheceu que muitos médicos cubanos fazem o possível para cumprir com seu dever, trabalhando com os poucos recursos à sua disposição.

"Conheço muitos médicos que têm uma grande responsabilidade na sua profissão e, acima de tudo, amor por ela, porque sem amor pelo que se exerce, nada sai bem. Eles fizeram o impossível com o pouco que têm para salvar vidas e fazer mágica,” apontou

A mensagem concluiu com um doloroso lembrete de que os profissionais de saúde também deveriam se colocar no lugar do paciente, pois um dia poderiam estar na mesma situação.

Captura de Facebook/Raysa Juan Delgado

Até o fechamento desta nota, não há outros detalhes sobre o caso, que evidencia mais uma vez não apenas a crise do sistema de saúde cubano, mas também a gravidade da epidemia de dengue que assola o país.

Este mercredi, o diretor nacional de Epidemiologia do MINSAP, Francisco Durán García, afirmou que a dengue e a febre de Oropouche continuam afetando a população cubana devido à elevada presença de mosquitos e jejenes.

Durán García indicou que pelo menos 17 mil pacientes estão internados por dengue em Cuba, mas a maioria em suas casas.

O especialista disse que há muitos cubanos internados também em unidades de terapia intensiva devido à doença, mas não forneceu um número exato.

Segundo o último boletim televisivo, transmitido em 16 de outubro, há dengue em 14 províncias da ilha, enquanto o Oropouche está presente nas 15 províncias.

Na semana passada, Durán já havia dito que o dengue e a febre do Oropouche continuavam sem solução na ilha: "O quartinho continua igualzinho", resumiu naquela ocasião.

Ao atualizar sobre a situação epidemiológica na ilha, o especialista destacou que ambas as arboviroses permanecem ativas no país, onde o lixo inunda as ruas e não há recursos para fumigar contra os mosquitos.

A essa crítica situação se soma a escassez de insumos sanitários e de todo tipo no país, que frequentemente dá lugar a denúncias de negligência ou desatendimento médico, como no caso mencionado.

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