Regime cubano anuncia mudanças para "reimpulsar a economia"

O ministro cubano Bruno Rodríguez assegura que serão feitas mudanças em Cuba para melhorar o bem-estar coletivo, embora com limitações. No entanto, a crise econômica e a desconexão com a realidade diária dos cubanos geram dúvidas sobre a efetividade dessas promessas.

Bruno Rodríguez Parrilla © X/Bruno Rodríguez Parrilla
Bruno Rodríguez ParrillaFoto © X/Bruno Rodríguez Parrilla

O Ministro de Relações Exteriores (MINREX) Bruno Rodríguez Parrilla foi o porta-voz, por meio de uma entrevista, ao tentar delinear uma visão exterior sobre as possíveis mudanças na ilha, mas a realidade que vive a população cubana parece estar cada vez mais afastada das expectativas oficiais.

Embora Rodríguez Parrilla não tenha se referido a ações concretas, mas tenha utilizado a verborreia recorrente nos diálogos dos líderes da ilha, ele mencionou que buscam mudar “em tudo que seja necessário”, mas “dentro dos limites da nossa cultura nacional”.

Desde Nova York e entrevistado pelo meio Newsweek, o chanceler cubano descreveu o que, a partir do governo, consideram esforços para mudar a economia.

Rodríguez Parrilla apontou que a chave não está na mudança em si, mas em “para onde vamos mudar?” e advertiu sobre os “detonadores semânticos” que surgiram em meio ao que ele descreve como uma crise cognitiva e moral global.

Segundo ele, as pessoas estão mais preocupadas com seus dispositivos móveis do que em pensar criticamente sobre sua realidade. No entanto, essa afirmação desconecta das preocupações reais da população cubana, que enfrenta uma aguda crise econômica e social, onde o acesso a bens básicos e o deterioro das infraestruturas estão na ordem do dia.

O ministro insistiu que as mudanças que o governo quer implementar buscam “desenvolver o bem-estar comum” e fortalecer políticas sociais, embora tenha reconhecido que seria absurdo esperar os níveis de consumo de um cidadão americano com um emprego seguro e bem remunerado. Para Rodríguez, as mudanças realistas não se orientam para uma melhoria nos padrões de vida como os que oferece o capitalismo desenvolvido, mas sim para um tipo de prosperidade coletiva, onde os "bens espirituais" tenham o mesmo peso que os materiais.

No obstante, este tipo de promessas se afastam da experiência cotidiana dos cubanos, que vêem como os bens materiais, longe de melhorar, se tornaram mais escassos e caros nos últimos anos. Além disso, a crescente emigração juvenil reflete uma falta de confiança de que esses sonhos e planos de vida que menciona Rodríguez possam se realizar dentro do sistema atual. A desconexão entre as declarações do ministro e as realidades sociais, agravadas pela falta de mudanças significativas no âmbito econômico, é difícil de ignorar.

Em sua crítica à visão americana sobre a mudança em Cuba, Rodríguez afirmou que esta não é apenas "intervencionista", mas que busca restaurar um sistema de exploração colonial como o que existia antes de 1959. Para o ministro, o governo norte-americano aspira a "recuperar seus bancos, suas grandes propriedades, seu sistema ferroviário, suas empresas mineradoras, suas companhias telefônicas".

No entanto, muitos dentro e fora de Cuba questionam se é realmente os Estados Unidos que estão impedindo as reformas necessárias na ilha, ou se a própria estrutura política e econômica do país é que tem mantido estagnado qualquer avanço significativo em direção a uma maior prosperidade.

Enquanto o governo cubano insiste que as mudanças virão, a pergunta continua sendo se estas serão suficientes para enfrentar as profundas carências que afetam a sociedade cubana.

As palavras de Rodríguez refletem uma visão otimista dentro do marco do governo cubano, mas a realidade no terreno continua a pintar um panorama de incerteza e desespero para muitos de seus cidadãos.

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