O governo da Venezuela qualificou em um comunicado de “pirataria” e “prática criminosa reincidente” a confiscacão por parte de autoridades americanas do avião que Nicolas Maduro utilizava para seus deslocamentos internacionais.
“A República Bolivariana da Venezuela denuncia perante a comunidade internacional que mais uma vez as autoridades dos Estados Unidos da América, em uma prática criminosa reincidente que não pode ser qualificada de outra coisa senão de pirataria, confiscaram ilegalmente uma aeronave que vem sendo utilizada pelo presidente da República, justificando-se nas medidas coercitivas que de forma unilateral e ilegal impõem ao redor do mundo”, diz o comunicado, publicado na conta do Instagram do Ministro das Relações Exteriores desse país.
A nota acrescenta que “essa ação revela que nenhum Estado e nenhum governo constitucional está a salvo de ações ilegais que desconsideram o direito internacional”; uma observação curiosa se levarmos em conta que vários governos no mundo atualmente não reconhecem como constitucional nem legal o governo de Nicolás Maduro após as denúncias de fraude eleitoral contra ele.
“Os Estados Unidos já demonstraram que utilizam seu poderio econômico e militar para intimidar e pressionar Estados como o da República Dominicana, para que sirvam de cúmplices em seus atos criminosos”, acrescentou a Chancelaria; que a seguir aludiu à “lei do mais forte” para “criar normas que se ajustem a seus interesses e executá-las com total impunidade”.
A Chancelaria da Venezuela -que fez referência a “uma escalada de ações” contra Maduro- chegou a dizer que “se reserva o direito de empreender qualquer ação legal para reparar este dano à Nação, assim como todos os outros danos causados pela política criminal de medidas coercitivas unilaterais”.
De Maduro, o comunicado diz que foi “reeleito pela vontade da maioria do povo venezuelano no dia 28 de julho” e que “não se deixará pressionar por nenhuma agressão”.
"Venezuela se respeita e continua defendendo com firmeza sua dignidade e sua soberania", concluiu o comunicado.
Até o fechamento desta nota, o governante Nicolás Maduro não apareceu na televisão nacional sobre o tema.
O avião -um jato privado Dassault Falcon 900EX- foi confiscado na República Dominicana na manhã desta segunda-feira e trasladado para o aeroporto de Fort Lauderdale, na Flórida.
“O Departamento de Justiça apreendeu uma aeronave que foi adquirida ilegalmente por 13 milhões de dólares através de uma empresa fantasma e foi contrabandeada para fora dos Estados Unidos para uso de Nicolás Maduro e seus comparsas”, declarou em um comunicado o procurador-geral americano, Merrick Garland.
Estados Unidos afirma que a finais de 2022 e no início de 2023, indivíduos vinculados a Maduro utilizaram uma empresa fantasma com sede no Caribe para ocultar sua participação na compra ilegal do avião.
Em abril do ano passado, a aeronave foi exportada ilegalmente dos Estados Unidos para a Venezuela através do Caribe, e a partir de maio de 2023, a aeronave voou quase exclusivamente de e para uma base militar na Venezuela.
Nas últimas horas, o chanceler dominicano Roberto Álvarez esclareceu que seu governo não participou da investigação que levou à confiscacão do avião.
"Nem o Governo dominicano nem o Ministério Público participaram no processo de investigação dos Estados Unidos, apenas foi solicitada essa cooperação jurídica internacional e como foram cumpridas as normas indicadas e foram obtidas respectivas ordens judiciais, o Ministério Público cumpriu com o que foi ordenado pelos tribunais", disse Álvarez diante de jornalistas.
“A referida aeronave se encontrava em território dominicano para fins de manutenção”, acrescentou.
Em Cuba, Miguel Díaz-Canel condenou a apreensão da aeronave.
"Mais uma vez, a Venezuela é o centro das agressões e do chantagem. Denunciamos o saque de recursos que pertencem ao Estado Venezuelano e reclamamos a remoção total das medidas coercitivas unilaterais contra os irmãos venezuelanos", escreveu Díaz-Canel no X.
Também manifestou sua condenação o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla.
Desde a Flórida, por outro lado, o congressista cubano-americano Carlos Giménez se referiu ao acontecimento como um avanço em que "em breve (Maduro) será extraditado para os Estados Unidos por seus infinitos crimes contra a humanidade".
Com este episódio, intensificam-se as investigações sobre o governo venezuelano em meio às tensões devido à fraude eleitoral cometida pelo governante Nicolás Maduro no dia 28 de julho, nas quais o governo dos Estados Unidos tem sido muito crítico.
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