Um camponês cubano denunciou as más condições em que trabalha no campo, marcadas pela escassez de recursos e pela exploração dos chefes, a quem criticou por viver "de mentiras".
“Aqui os chefes só fazem nos enfiar mentiras e vigiar para que a gente tenha produção, para então não tirar os olhos de cima”, declarou o camponês ao meio independente ADN Cuba.
O cubano destacou que os chefes passam o tempo nos escritórios, sem se preocupar em se aproximar do trabalhador do campo.
“Eles não sabem o que você tem aqui. O camponês decidiu levar isso adiante, mas se não tivermos um chefe, como vamos conseguir?”, afirmou ao falar sobre a autonomia no trabalho.
Afirmou que de sua produção faz entregas “a todas as entidades”, embora sofra de grandes dificuldades em seu dia a dia, como por exemplo, a chegada de um trator para poder arar a terra.
“É preciso buscar um trator de outro município para que venham preparar a terra e não fazem mais do que te colocar mentiras”, denunciou.
Entre os compromissos que tem, enumerou que envia produtos para as gestantes, o círculo infantil, a sala de reabilitação, para o ensino secundário, e também para a Unidade Básica de Produção Cooperativa (UBPC), “mas ninguém te apoia, o que eles querem, nada mais, é dificultar a vida”, disse de maneira enfática.
O homem repetiu que não é no escritório, mas sim no campo onde as autoridades precisam se dirigir. “Então, quando você tem algo, os olhos não te tiram de cima, mas não sabem de onde saiu nada... Aqui se trabalha dia e noite" para conseguir realizar a produção, afirmou em uma espécie de apelo para que sua mensagem chegasse até o governante Miguel Díaz-Canel.
Também mencionou que os pagamentos pelas produções são muito baixos. "O pagamento é muito baixinho, muito baixinho", repetiu outro agricultor no vídeo.
“E às vezes estão colocando pressão para que a gente venda carne para o matadouro. Mas isso para mim não compensa. Porque se eu quiser trocar uma produção, eu tenho que vender. Então, para comprar a cabra, que são mais caros os ovinos caprinos, sai mais caro, então nessa parte eles sempre afetam de qualquer jeito, paga-se muito pouco ao pecuarista nessa parte, é melhor vender para um particular, dá resultado”, concluiu.
No mês passado de julho, um camponês natural de Pinar del Río se tornou viral com uns versos nos quais denuncia as mentiras do regime, ao relatar o que aconteceu durante uma visita de Díaz-Canel à sua província.
O homem transmite de uma maneira muito original o que acontece quando são anunciadas as visitas de altos funcionários a povoados e municípios do interior, onde as autoridades fazem qualquer coisa para falsear a verdade.
No vídeo, compartilhado no TikTok pelo usuário Ariel Fuentes, o homem detalha que ao ir Díaz-Canel a Viñales, o governo local fez de tudo para ocultar a crise, desde pintar as palmeiras reais até trazer vacas de outro território para mostrar "sua pecuária".
Depois, quando a visita governamental se vai, a penúria e a escassez voltam sem retoques nem adornos à vida das pessoas.
A falta de sensibilidade dos dirigentes em relação ao trabalho dos camponeses é tal, que em uma reunião da Comissão Agroalimentar do Parlamento Cubano, em meados de julho, foi analisado um relatório do Ministério da Agricultura (Minag) e os resultados econômicos obtidos ao fechamento de junho de 2024, no qual se constatava que essa entidade deve cerca de 200 milhões de pesos aos camponeses do país, uma situação que gerou críticas no setor agropecuário.
A gestão do governo no setor agropecuário é uma das piores da história de Cuba. O país requer uma revisão profunda e medidas efetivas para solucionar as dívidas e melhorar a produção, garantindo assim o sustento básico da população cubana.
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