Meninos agrediram um jovem porque ele tirou um papelote com "o químico" em Havana.

Um jovem cubano relatou nas redes sociais uma amarga experiência que viveu ao ver como três menores de idade se preparavam para se drogar com "o químico" em Havana.

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Foto © Collage Facebook/

Um jovem cubano relatou nas redes sociais uma amarga experiência que viveu ao ver como três menores de idade se preparavam para se drogar com a substância conhecida popularmente na ilha como “o químico”, algo que ele afirma ter conseguido impedir, apesar de ter sido agredido pelas crianças de quem tirou a droga.

O protagonista do incidente -que no Facebook responde ao nome “Galletica Zokata de la Bodega”- conta que ele estava subindo pelo Obelisco, no município habanero de Marianao, quando parou para tomar um café em um estabelecimento, momento em que foi testemunha de como os menores pediram três cigarros.

Diz que um deles, a quem tirou o papelinho e que não tinha mais de 10 anos, já apresentava sintomas evidentes de estar drogado.

Ao ver a cena preocupante, dirigiu-se ao maior - um adolescente de cerca de 16 ou 17 anos e o recriminou - mas o aludido apenas o olhou com cara feia, o que levou o jovem a arrancar a droga da mão da criança.

“Como eu vou permitir diante de mim que um garotinho que perfeitamente pode ser filho de algum dos meus amigos faça algo assim? Entre os três me deram uns tapas e me puxaram a carteira”, descreveu.

Conta que o adolescente puxou uma faca e que apenas conseguiu roçar na mão e no abdômen, pois perdeu o controle da arma branca.

"Por sorte nem abri o punho nem puderam me tirar nada. Os três saíram correndo quando viram passar outras pessoas que parece que confundiram com a polícia", acrescentou o protagonista da lamentável cena.

No segmento final de seu angustiante relato, o denunciante indicou que, embora a Revolução Cubana em 1959 tenha prometido uma vida digna e a eliminação de todo tipo de "males sociais", a implementação da ideologia comunista resultou em um sistema social falido que não cumpriu suas promessas.

A seguir, enumerou os “feitos” das últimas seis décadas em Cuba, entre os quais citou a elevada corrupção, inflação, prostituição infantil e um emergente tráfico de drogas, tudo isso à sombra de um decadente sistema de saúde pública.

"Então, amigos. O que conseguimos? Pois nada. Isso vai para todas as mães, pais e meus queridos amigos: Não deixem seus filhos desamparados. A droga está em cada esquina e é evidentemente um negócio de alguém lá em cima. Não vai parar, a polícia não faz nada, apenas elimina concorrência desnecessária", concluiu "Galletica Zokata de la Bodega", que acompanhou seu relato com várias fotos dos ferimentos leves que recebeu.

Captura de Facebook/Galletika Zocata da Bodega

Consumo de drogas em alta em Cuba

Nos últimos meses, numerosos vídeos publicados nas redes sociais mostram a magnitude do fenômeno, ao exibir imagens de jovens totalmente descontrolados pelo abuso de drogas.

Em abril, o Governo cubano reconheceu o aumento do consumo de drogas no país e, em particular, os danos provocados pelo "químico", um cannabinoide sintético que é vendido a preços baixos na ilha e que se tornou a droga da moda, afetando pessoas cada vez mais jovens.

O doutor Alejandro García, especialista em psiquiatria e saúde mental comunitária, explicou em declarações à imprensa oficial sobre uma preocupante tendência à diminuição da idade de início no consumo de drogas, que agora está situada entre 13 e 14 anos, e um aumento entre as mulheres, muitas delas grávidas.

A situação se agrava pelo fenômeno da policonsumo, ou seja, a mistura de diferentes substâncias, o que complexifica os casos clínicos.

García também destacou a baixa percepção do perigo nas famílias cubanas e chamou a atenção para os sintomas de intoxicação que costumam se manifestar como resultado do consumo de drogas entre os adolescentes.

A fonte oficialista assegurou que em 99% o consumo é fora das escolas, e por isso as autoridades têm instado as famílias a denunciar e romper com o ciclo de distribuição da droga.

No entanto, muitas famílias cubanas não têm percepção de risco do fenômeno porque pensam que o fenômeno existe, mas que não vai afetá-las.

Reconheceu, além disso, que aos corpos de guarda dos hospitais chegam pacientes intoxicados e são difíceis de atender porque consomem sem conhecer os componentes do produto.

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