Chegam os primeiros cubanos aos EUA após a congelamento de permissões de voo por parole: Uns podem viajar, mas outros não.

Vários cubanos varados asseguram que a uns sim os deixam viajar e a outros não.


Após mais de 48 horas de incerteza e preocupação, nesta segunda-feira um grupo de cubanos que tinha permissão de viagem para chegar aos EUA por parole humanitário concedido antes da suspensão anunciada na sexta-feira, conseguiu embarcar em seus voos.

No obstante, um testemunho citado pelo jornalista Mario J. Pentón revelou que não há consistência nas decisões, pois inicialmente a American Airlines na Terminal 2 do Aeroporto José Martí permitiu sem problemas que os beneficiários do parole embarcassem no avião, mas a Delta, a partir da Terminal 3, não.

Alguns dos afetados denunciam certa "desconexão" entre a vontade previamente expressa do Departamento de Estado de permitir que viagem aqueles que possuem permissão concedida antes da suspensão e o que na prática está acontecendo em alguns casos.

No entanto, Pentón sublinhou que os cubanos devem verificar se a autorização não foi revogada, pois algumas permissões que já haviam sido concedidas agora foram anuladas como parte da revisão que funcionários do Departamento de Estado estariam fazendo após um relatório que revelou uma fraude em massa em formulários de solicitação por parte de alguns patrocinadores.

Este domingo, um porta-voz do Departamento de Segurança Nacional (DHS) confirmou à Martí Noticias que permitiria viajar para esse país os beneficiários do parole humanitário que já tinham a autorização de viagem aprovada.

As autoridades acrescentaram, além disso, que estão trabalhando com as partes interessadas, incluindo companhias aéreas e patrocinadores, para resolver o mais rápido possível os problemas que surgiram, e que continuarão fornecendo atualizações.

A esclarecimento surgiu depois que beneficiários do programa que tinham voos reservados na American Airlines, Southwest e outras companhias aéreas, ficaram stranded no dia 3 de agosto em aeroportos cubanos quando as companhias aéreas não lhes permitiram embarcar nos voos.

Suspensão temporária dos permissos de viagem para beneficiários do parole humanitário

No dia 2 de agosto, o governo dos EUA congelou temporariamente os permissos de viagem para beneficiários do programa de parole humanitário após um relatório interno que revelava níveis significativos de fraude, conforme divulgou a Fox News citando um porta-voz do Departamento de Segurança Nacional (DHS).

A fonte governamental indicou que "por precaução" suspenderam a emissão de autorizações de viagem antecipadas para o programa desde meados de julho, enquanto procedem a revisar de forma detalhada as solicitações dos patrocinadores, que é onde está o foco de fraude.

O CBP deixou de emitir autorizações de viagem para venezuelanos em 6 de julho e para cubanos, nicaraguenses e haitianos a partir de 18 de julho.

Algumas das razões pelas quais o governo dos Estados Unidos decidiu paralisar temporariamente a concessão de permissões foram reveladas em um relatório interno da Direção de Detecção de Fraude e Segurança Nacional do Serviço de Cidadania e Imigração (USCIS) desse país.

Na revisão realizada pelo USCIS até 17 de abril de 2024, havia 2.622.076 solicitações. Desse número, quase 529.000 solicitações foram "confirmadas" (ou aprovadas) e cerca de 118.000 foram "não confirmadas" (ou negadas).

O documento interno revelou que os formulários de solicitação incluíam números de seguro social, endereços e números de telefone que foram usados repetidamente, inclusive em alguns casos centenas de vezes.

O relatório revelou que 100,948 formulários foram preenchidos por 3,218 patrocinadores seriais, catalogados assim aqueles cujo número aparece em 20 ou mais formulários. Também foi descoberto que 24 dos 1,000 números mais utilizados pertenciam a uma pessoa falecida.

A isso se soma que cerca de cem endereços postais foram utilizados entre 124 e 739 vezes em mais de 19.000 formulários. Esses endereços incluíam unidades de armazenamento.

Os investigadores observaram que existem, pelo menos, 100 endereços IP que representaram 51.133 das solicitações do formulário I-134A apresentadas, o que se traduz no fato de que um mesmo endereço IP foi utilizado várias vezes.

O número de telefone de um patrocinador foi enviado em mais de 2.000 formulários, e havia 2.839 formulários com códigos postais de patrocinadores inexistentes.

As autoridades indicaram que reiniciarão o processamento o mais rápido possível "com as salvaguardas adequadas", embora não tenham dado uma data provável para o retorno da concessão dos permissões de viagem.

Até o final de junho, 106.757 cubanos haviam se beneficiado do programa, e cerca de 104.130 já tinham viajado para o território americano, segundo dados oficiais da CBP.

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