A Amnistia Internacional declara o professor Pedro Albert como prisioneiro de consciência.

A organização não governamental tornou pública a decisão às vésperas do terceiro aniversário das históricas manifestações de 11 e 12 de julho de 2021 em Cuba. Além disso, emitiu uma declaração exigindo que o regime cubano liberte as pessoas injustamente presas por exercerem seus direitos à liberdade de expressão e de reunião pacífica.

Profesor Pedro Albert Sánchez © Captura de Facebook/Pedro Albert Sánchez
Professor Pedro Albert SánchezFoto © Captura de Facebook/Pedro Albert Sánchez

A Amnistia Internacional (AI) declarou o professor e ativista político cubano Pedro Albert Sánchez como prisioneiro de consciência e instou o presidente Miguel Díaz-Canel Bermúdez a libertá-lo "de forma imediata e incondicional".

A organização não governamental tornou pública a decisão nesta segunda-feira, às vésperas de se completarem o terceiro aniversário das históricas manifestações de 11 e 12 de julho de 2021 em Cuba, contexto no qual também emitiu uma declaração exigindo que o regime "liberte todas as pessoas injustamente presas apenas por exercerem seus direitos à liberdade de expressão e de reunião pacífica".

Entre os cubanos detidos arbitrariamente, a Amnistia Internacional mencionou os prisioneiros de consciência José Daniel Ferrer García, líder da oposição; os artistas Luis Manuel Otero Alcántara e Maykel Osorbo; e os sacerdotes de religião Yoruba Loreto Hernández García e Donaida Pérez Paseiro.

O comunicado lembrou que o professor Albert, de 68 anos, é conhecido por suas críticas ao regime cubano e sua defesa da liberdade de expressão e de reunião pacífica. Desde 2020, ele foi detido várias vezes por participar em protestos pacíficos e expressar opiniões dissidentes.

Pela sua participação nas manifestações de 11 de julho, ele foi acusado de cometer os crimes de "desacato" e "distúrbios públicos", pelos quais o regime o condenou a cinco anos de prisão.

A Amnistia Internacional denunciou que, desde novembro de 2023, o professor permanece na prisão em "condições duras que têm deteriorado ainda mais sua saúde, já que sofre de câncer e outras doenças", por isso emitiu esta ação urgente em 7 de julho, na qual exorta pessoas de todo o mundo a exigir ao governo cubano sua libertação imediata e incondicional.

A declaração adverte que o Estado cubano deve cessar a repressão sistemática contra ativistas, artistas, familiares de pessoas presas por motivos políticos, intelectuais e jornalistas, e como parte disso, "revogar os artigos do Código Penal que criminalizam a dissidência e violam o direito à liberdade de expressão".

Ana Piquer, diretora para as Américas da Amnistia Internacional, qualificou como "inaceitável" que as autoridades cubanas continuem "utilizando táticas repressivas para silenciar aqueles que se atrevem a levantar a voz em defesa de seus direitos humanos. Esta repressão constante para tentar sufocar qualquer forma de dissidência deve ser interrompida de uma vez por todas".

A ONG afirmou que a situação dos direitos humanos em Cuba continua a se deteriorar, com um aumento da repressão e da criminalização da dissidência, e ressaltou que, desde a implementação de novas disposições legais em 2022, incluindo o Código Penal, "tem sido documentado um uso indevido destas para perseguir pessoas que exigem ou tentam exercer livremente seus direitos".

Denunciou entre as práticas sistemáticas das autoridades o uso de "táticas de repressão que incluem a criminalização, detenções arbitrárias, detenções domiciliares de fato e assédio, intimações e sanções administrativas contra ativistas, jornalistas e defensores dos direitos humanos, assim como cortes de internet em locais onde ocorrem protestos espontâneos".

Considerado um dos casos mais notórios, o de Ferrer, que tem sido submetido a confinamento solitário em várias ocasiões desde agosto de 2021, com longos períodos em regime de incomunicabilidade desde 17 de março de 2023; ao mesmo tempo em que lhe foi negado repetidamente o direito de receber visitas de sua família.

A Amnistia Internacional também denunciou as violações aos direitos humanos da jovem Mayelín Rodríguez Prado, do ativista Wilber Aguilar Bravo, do músico Gorki Águila, do jornalista Yuri Valle Roca e das historiadoras Alina Bárbara López e Jenny Pantoja, os quais classificou como "exemplos de um padrão sistemático de repressão em Cuba, onde a liberdade de expressão e de reunião pacífica estão gravemente restritas".

Johanna Cilano Pelaez, pesquisadora regional para o Caribe da organização, enfatizou que "o número de pessoas injustamente encarceradas e reprimidas por motivos políticos demonstra a urgente necessidade de desmantelar as políticas e o arcabouço legal que facilitam a repressão em Cuba".

Muitas dessas pessoas continuam atrás das grades apenas por exercer seu direito à liberdade de expressão. Sua libertação imediata e incondicional, juntamente com o respeito ao seu direito de discordar, é essencial para garantir os direitos humanos no país," advertiu.

A Anistia apontou que, nos últimos três anos, organizações como Justiça 11J, Prisoners Defenders e o Observatório Cubano de Direitos Humanos registraram entre 963 e 1,113 pessoas detidas por razões políticas em Cuba. Dessas, pelo menos 671 continuam presas por sua participação no levante popular de 11J.

"As protestas em Cuba, impulsionadas por uma crise econômica persistente, a falta de acesso a serviços básicos e reivindicações de liberdade e direitos, foram respondidas com uma sofisticada maquinaria repressiva", afirmou a ONG, que também instou o regime de Díaz-Canel a respeitar o direito à protesto pacífico, pôr fim à repressão contra os dissidentes e libertar as pessoas injustamente encarceradas apenas por exigirem direitos humanos".

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