O cantor Cándido Fabré criticou o fato de que os meios oficiais de imprensa e autoridades culturais em Cuba tenham ignorado a morte do ator Carlos Massola, destacando que, independentemente das opiniões políticas, isso deveria ter sido feito em respeito à sua trajetória e à sua família.
"Não há adeus para os imortais. Além das opiniões políticas, o ator, o gordo Massola, merece um destaque na mídia cubana, especialmente na cultura, em respeito à sua família e à sua trajetória artística", escreveu Fabré nesta quarta-feira no Facebook.
O povo sente tal indiferença. Honrar, honra. Aqui há muitos que não são refinados nem notícia e saem nas notícias. Já chega", acrescentou o artista.
Para além da sua opinião, que muitos dos seus seguidores elogiaram e apoiaram, o desconcertante é que o cantor da Original de Manzanillo acompanhou o seu texto com uma foto sua ao lado do espião Gerardo Hernández.
Alguns acreditam que ele errou ao selecionar a foto de sua mensagem, mas outros consideram um erro muito evidente para não notá-lo no mesmo momento, portanto, o enigma permanece.
Não faltam aqueles que recomendaram a Fabré que dissesse a Gerardo, representante do governo, embora no âmbito dos CDR, que erros como a omissão de informações sobre Massola parem de acontecer em Cuba.
"À pessoa que tens ao teu lado é a quem deves dizer isto", afirmou um internauta.
"A foto não combina com a mensagem, a menos que esteja se referindo a ele", apontou outro comentarista.
Atualmente não há resposta para o lapso de Fabré.
Nas últimas, a ativista cubana Yamilka Laffita, conhecida nas redes sociais como "Lara Crofs", propôs que a data da morte do ator Carlos Massola seja declarada como "Dia do Artista Dissidente".
O miserável e ensurdecedor silêncio implantado na ilha não lhes serviu de nada. Sua tremenda falta de humanidade e sensibilidade para com um de seus filhos, que tanto deu a este povo através de sua arte, o fez imortal - escreveu Laffita em uma emocionante publicação nas redes sociais nesta quarta-feira.
A ativista sugeriu em seguida que a partir de agora, o dia 3 de julho seja considerado em Cuba o Dia do Artista Dissidente em homenagem a Carlos Massola.
"O povo deveria se unir mais uma vez para assim prestar homenagem a Carlos, um artista, sim, mas também um cubano destes tempos", finalizou Laffita, em uma proposta que em poucas horas se tornou viral nas redes sociais.
A morte do ator Carlos Massola, que nos últimos anos levantou a sua voz em várias ocasiões contra o governo cubano, foi completamente ignorada pelas autoridades de Cultura na ilha.
Até o momento, nenhuma instituição cultural oficial cubana fez menção da morte do ator em seus perfis nas redes sociais.
Nem a União de Escritores e Artistas de Cuba (UNEAC), nem o Ministério da Cultura (MINCULT), nem o Instituto Cubano de Rádio e Televisão (ICRT), nem o Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos (ICAIC) se pronunciaram sobre a morte do artista.
Tampouco os noticiários culturais da televisão, nem a imprensa escrita, fizeram qualquer referência ao trágico acontecimento.
Em meio ao silêncio oficialista predominante diante da morte de Carlos Massola, a Assembleia de Cineastas Cubanos publicou nesta quinta-feira, mais de 24 horas após o falecimento, um texto tímido no qual lamentou a morte do artista, ao mesmo tempo em que recorreu a eufemismos para se referir à rebeldia política do ator.
Apesar do silêncio no âmbito oficial, Massola não tem faltado com o reconhecimento e a homenagem espontânea de muitos de seus colegas, nem tampouco o carinho do povo, que valorizou a coragem que o ator teve ao expressar sem censura suas ideias políticas.
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