O regime cubano planeja temporariamente fixar os preços de seis produtos básicos na alimentação dos cubanos: o frango, o óleo, a massa, o leite em pó, o detergente e as salsichas. Foi o que adiantou a vice-ministra das Finanças, Lourdes Rodríguez, em uma reunião recente com representantes de micro, pequenas e médias empresas e da Direção Geral de Importação do Ministério do Comércio Exterior. Os empreendedores foram selecionados por meio da Administração Tributária. "Era a maneira de chegar a cada um de vocês", disse Rodríguez.
Nessa conversa, à qual o CiberCuba teve acesso, a vice-ministra anunciou que vão fixar o preço a retalho de "seis produtos" que foram escolhidos, segundo ela disse, através de uma pesquisa na qual a carne moída ficou muito próxima das salsichas. No final, as salsichas foram escolhidas porque a carne moída pode ter várias origens com grandes diferenças de preços entre elas.
Desta forma, o preço máximo de varejo do frango (embalagem de coxas e sobrecoxas) ficaria em 680 pesos por quilo (310 pesos a libra); o leite em pó seria comercializado a um máximo de 1.675 pesos por quilo; macarrão (espaguete, etc.) a 835 pesos por quilo; salsichas a 1.045 pesos por quilo; detergente em pó a 630 pesos por quilo e óleo de soja a 990 pesos por quilo. Estes preços, esclareceu a vice-ministra, "serão tornados públicos antes de sua implementação".
A vice-ministra das Finanças garante que esses preços foram estabelecidos após analisar os custos de importação declarados por importadores privados no segundo semestre de 2023 e no primeiro trimestre de 2024. Um ponto muito polêmico para os representantes das pequenas e médias empresas, que entendem que num contexto internacional instável, no qual os preços flutuam bastante, é difícil ajustar-se ao que o Governo propõe, apesar de alguns terem manifestado sua predisposição em fazê-lo pensando na população. No entanto, eles colocaram na mesa três problemas estruturais da economia cubana: a distorção da taxa de câmbio, a pressão fiscal sobre as micro, pequenas e médias empresas e a escassez de combustível que dificulta o transporte de mercadorias dentro da Ilha e até mesmo para retirar os contêineres do Porto de Mariel.
Em qualquer caso, a vice-ministra vendeu-lhes o discurso de que estes limites de preços, que não são novos na Ilha, são agora aprovados para conter o ritmo de crescimento dos preços da economia. No entanto, Rodríguez esclareceu que se trata de uma medida temporária porque a política de preços no país está a caminhar em direção ao que ela chama de "descentralização de preços", que nada mais é do que respeitar as leis do mercado, onde os preços são regulados sozinhos, dependendo da oferta e da procura.
Na teoria, a medida é adotada também para conter a inflação, que fechou o mês de maio em Cuba em 31%; quase 10 vezes mais alta do que em torno de 3% na Europa e nos Estados Unidos, no mesmo mês.
Para justificar que produtos como o óleo, longe de baixar de preço com os topos, estão sendo vendidos por um valor mais alto, a vice-ministra esclareceu que isso se deve ao fato de que atualmente "pode haver estoques que foram adquiridos em determinado momento a preços mais baixos".
Embora tenha admitido que é difícil vender os produtos pelo mesmo preço fixado em toda a Ilha, independentemente do custo do transporte (não é a mesma coisa levar mercadorias de Havana para Guantánamo do que distribuí-las na capital), ele deu como certo que esse problema não tem uma solução "para o dia de amanhã".
Também foi reconhecido nessa reunião que há escassez de produtos como frango, óleo e leite em pó, que atualmente "não podem ser encontrados na Ilha".
Aos empreendedores cubanos preocupa o tema do transporte, do pagamento do IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) mas também queriam saber se as lojas em MLC iriam continuar competindo com eles, estabelecendo preços mais altos, como acontece com muitos produtos atualmente.
No início do encontro, a vice-ministra das Finanças fez referência à nova resolução que impõe que as MPEs fornecedoras de empresas estatais não podem lucrar mais de 30% na troca comercial que mantêm. Essa norma, já publicada no Diário Oficial, estabelece, na linguagem oficialista, o lucro máximo de trinta por cento (30%) na contratação econômica das entidades estatais com as formas de gestão não estatais.
Obviamente, o governo não o vende como uma limitação para as Mipymes, mas sim para as empresas estatais. "Não se restringe o ingresso a entidades não estatais, mas sim o gasto das estatais", disse a vice-ministra das Finanças, garantindo que em 2023 as empresas estatais pagaram 10.000 milhões de pesos às Mipymes e até maio essa cifra já rondava os 4.000 milhões de pesos. Se esta tendência continuar, o Estado fechará o ano com 12.000 milhões de pesos em compras ao setor privado.
Esta norma que limita os lucros das micro e pequenas empresas a 30% entra em vigor em 1º de julho.
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