Se um cubano gosta de alguma coisa, é daquele momento sublime de tomar banho, comer e Senta e assiste a novela e se for brasileira melhor. Alguns são tão longos que, quando terminam, você sente falta dos personagens. Aqui estão três que ficaram aninhados em nossa memória coletiva para sempre.
"E quem você pensa que eu sou... A escrava Isaura?"
Esta frase cubana de origem brasileira é compreensível em português e espanhol. É baseada na história de "La esclava Isaura", novela de 1976, cujo papel principal foi interpretado por Lucélia Santos. Atingiu um público nunca visto no mundo e devido ao sucesso, a Globo o refez em 2005.
Isaura era uma escrava mestiça, órfã de nascimento. Sua mãe era uma mulher negra escravizada e seu pai um capataz branco, que não tinha dinheiro para comprar a liberdade da filha. Cresceu sob a educação de sua amante e o tormento de seu mestre, o comandante Almeida.
Isaura sonhava com sua liberdade e com o amor de Tobías, um príncipe encantado brasileiro, com muitas terras e cabeças de gado. Mas o triângulo amoroso se fecha com Leôncio, filho do comendador Almeida e supervilão da trama.
A partir daqui o romance toma um rumo inesperado e não vou contar mais porque já passou tanto tempo que talvez você não tenha visto ou não se lembre. Se tiver coragem de redescobrir a história da Isaura, prepare alguns lenços.
Dona Bella, aquela que tomava banho de leite
Como esquecer a beleza da rainha de Araxá que, enquanto todos nós, cubanos, bebíamos cerelac, se banhava em leite como se fosse Cleópatra. Esta novela brasileira de 1986 é inspirada em uma personagem real do século XIX, Ana Jacinta de São José.
Conta a história de uma linda mulher que foi sequestrada e estuprada pelo oidor da região. O amor de sua vida decide lhe dar as costas e ela inicia um caminho de vingança contra os homens. A personagem foi interpretada pela atriz brasileira Maitê Proença.
Doña Bella constrói a Fazenda Jatobá, o melhor bordel da região. Desta forma ele ganha a rejeição de toda a população feminina e a adoração dos homens. O que se segue é uma complexa história de amor e ódio, que tem de tudo um pouco.
Em questões de dinheiro e poder, vale tudo
Pelo menos foi isso que a Rede Globo tentou nos mostrar ao exibir sua novela mais complexa do ponto de vista cultural, pois fez toda a sociedade brasileira refletir: “Vale a pena ser honesto no Brasil de hoje?”
Em Cuba a coisa também teve sua leitura profunda. É com esta novela que surge o termo “paladares” para designar aquela grande rede de restaurantes privados que funcionava clandestinamente na Ilha. Inspira-se nos Paladares de Raquel.
A atriz Regina Duarte deu vida à personagem Raquel. É uma paranaense humilde e trabalhadora que luta para criar a filha María de Fátima, a vilã da novela, excelentemente interpretada por Glória Pires.
María de Fátima vende a casa da mãe e foge com todo o dinheiro para o Rio de Janeiro. Isso a deixa na miséria absoluta e Raquel deve abrir caminho em uma das cidades mais turbulentas da América Latina vendendo sanduíches na praia.
Essa novela tem um enredo complexo que vai sendo apreciado aos poucos. Excelentes atuações e muitas críticas sociais. Foi a primeira vez que temas latentes na sociedade como corrupção, alcoolismo e relações homossexuais foram discutidos na televisão brasileira.
Nós, cubanos, continuamos a assistir novelas hoje. São muitos os personagens e atores brasileiros amados pelo povo cubano. Se você se lembra de algum que marcou você, encorajo você a mencioná-lo nos comentários deste post.
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