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Bolívia deu um passo simbólico ao retirar o nome de Ernesto “Che” Guevara, o "Herói assassino", de uma de suas avenidas mais conhecidas em Santa Cruz de la Sierra, uma decisão que estabelece uma distância em relação ao legado do guerrilheiro argentino-cubano.
Segundo informou o meio EjuTV Notícias, citando El Deber, o Conselho Municipal de Santa Cruz aprovou por maioria uma lei que muda o nome da Avenida Che Guevara para o de Monseñor Nicolás Castellanos, missionário espanhol falecido este ano e amplamente lembrado por seu trabalho social no país.
A medida foi aprovada com sete votos do legislativo municipal e substitui a denominação do revolucionário comunista pela de um religioso que dedicou mais de três décadas à atenção dos setores mais pobres da cidade.
Castellanos, fundador do Projeto Homens Novos, chegou à Bolívia em 1992 junto a um grupo de leigos e sacerdotes espanhóis.
Desde o bairro Plan Tres Mil, uma das áreas mais humildes de Santa Cruz, impulsionou programas de educação, saúde, habitação e alimentação para milhares de famílias.
A iniciativa social, concebida sob o lema "por e com os pobres", se consolidou ao longo do tempo como um modelo de ação comunitária e recebeu apoio de voluntários e benfeitores da Bolívia e da Espanha.
O sacerdote faleceu em 19 de fevereiro de 2025, aos 90 anos, e foi enterrado no mesmo bairro onde desenvolveu seu trabalho.
A mudança de nome foi interpretada por alguns analistas locais como um gesto de revisão histórica em um país onde a memória de Che Guevara continua sendo objeto de debate.
Em 1967, o guerrilheiro foi capturado e executado na região boliviana de Vallegrande durante sua tentativa fracassada de expandir a revolução castrista na América do Sul.
Enquanto o regime cubano continua exaltando sua figura, na Bolívia cresce o reconhecimento a líderes humanitários e religiosos que deixaram um impacto real nas comunidades mais vulneráveis.
A avenida passará a se chamar Avenida Monseñor Nicolás Castellanos, uma mudança que simboliza, para muitos bolivianos, a preferência por obras de serviço em vez de ações de violência ideológica.
A decisão de substituir o nome da Avenida Che Guevara pelo de Monsenhor Nicolás Castellanos em Santa Cruz de la Sierra se inscreve em uma série de medidas simbólicas e estruturais impulsionadas após a chegada ao poder do novo presidente boliviano Rodrigo Paz.
Seu governo tem promovido uma ruptura com o legado ideológico do Movimento ao Socialismo e priorizado figuras ligadas ao serviço social e comunitário, como Castellanos, em vez de ícones da luta armada comunista como o Che.
Esta reorientação política também se reflete em decisões como a eliminação do requisito de visto para turistas dos Estados Unidos, Israel, Coreia do Sul e outros países, em uma tentativa de dinamizar o turismo e reverter medidas que o novo governo considera antieconômicas e ideológicas.
O presidente Paz afirmou que a Bolívia precisa se abrir para o mundo e deixar para trás o isolamento imposto por agendas políticas do passado.
Além disso, após sua vitória eleitoral, os Estados Unidos expressaram sua intenção de apoiar o processo de recuperação econômica da Bolívia, o que marca uma mudança notável nas relações exteriores do país andino e evidencia a nova diretriz adotada pela administração de Paz.
Neste novo contexto, ações como a retirada do nome do Che Guevara dos espaços públicos respondem tanto a uma mudança ideológica quanto a uma redefinição das alianças políticas e institucionais do Estado boliviano.
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