Cubana com hipertireoidismo sem tratamento devido à falta de insumos para análise: "É melhor que o paciente morra?"

A mulher não conseguiu fazer o exame hormonal, apesar de se sentir tão mal e estar emagrecendo; apenas lhe receitaram um medicamento para as palpitações.

Rua de Artemisa (Imagem de referência)Foto © Captura de vídeo do YouTube de Linares Vlogs cu

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A desespero dos doentes em Cuba continua encontrando eco nas redes sociais, onde os cidadãos denunciam um sistema de saúde colapsado e desprovido até dos insumos mais elementares.

Esta vez foi a usuária identificada como Mlgn Con Rdguez, que, a partir do grupo de Facebook "Madres Cubanas Luchadoras", relatou sua amarga experiência: após meses de espera para realizar um exame hormonal vital, a resposta que recebeu no hospital foi que "não há tubos para o sangue".

"Supostamente, segundo a médica que me atende, eu tenho hipertireoidismo. Não estou em tratamento porque não consegui fazer o exame hormonal, apesar de me sentir muito mal e estar perdendo peso", denunciou.

Após dois meses de espera para o exame de laboratório, ela foi ao hospital com a ordem médica em mãos, mas uma técnica lhe fechou a porta com um argumento devastador: "Isso é feito em Havana e aqui não há tubos."

Incluso a médica que a atende confirmou a situação: o hospital não dispõe de algo tão básico como um frasco para extrair e transportar a amostra.

"Eu não podia acreditar... depois de esperar tanto, a agonia continua. Somente quem teve um desequilíbrio hormonal sabe o quão insuportável é", escreveu a paciente, que responsabilizou diretamente o governo e o Ministério da Saúde Pública pelo seu estado.

Captura de Facebook / "Madres Cubanas Luchadoras" / Mlgn Con Rdguez

É mais valioso um tubo do que uma vida?

Em sua mensagem, Mlgn não se limitou a descrever seu drama pessoal, mas também criticou as mais altas figuras do regime.

"Faço responsável o sistema de saúde de Cuba se algo me acontecer. E também o ministro, Díaz-Canel, Marrero e Raúl, que têm este país em ruínas, onde nem mesmo há tubos para análises de sangue. Não ande mais, Canel, cuide dos problemas daqui. E se não, vá embora, porque ninguém te suporta", expressou.

Ela questiona, com tantas doações que chegam a Cuba, por que não há algo tão simples como um tubo para depositar sangue. "Isso é tão difícil? Um frasco para sangue é mais valioso do que uma pessoa? Não podem gastar dinheiro nesses tubinhos? É melhor que o paciente morra?".

Sua publicação inclui uma foto pessoal "para que ninguém diga que me escondo", como forma de deixar um registro público de sua denúncia.

Uma doença que não espera

O hipertireoidismo, causado pela produção excessiva de hormônios tireoidianos, provoca palpitações, perda de peso, nervosismo extremo e complicações cardiovasculares.

Sem um diagnóstico adequado e um tratamento em tempo, os riscos para a vida do paciente aumentam.

A mulher explicou que sua única medicação atual é Propranolol, prescrito para aliviar os batimentos acelerados do coração que a doença provoca, mas sem acesso à análise hormonal, não consegue iniciar uma terapia específica que detenha o deterioro de sua saúde.

Uma crise que atinge a todos

O caso gerou uma onda de solidariedade e também indignação entre outros doentes que compartilharam suas histórias.

Uma emigrante que padece de hipotiroidismo lembrou que passou pela mesma situação. "Só recebi atendimento adequado quando saí de Cuba."

Uma habanera relatou que a sua mãe foi submetida a um tratamento sem ter feito exames previamente, o que provocou reações adversas. "Não entendo como a medicina funciona neste país", afirmou.

Uma trabalhadora autônoma que também sofre de hipertiroidismo revelou que passa tempo sem conseguir fazer os exames. "E os medicamentos, comprando na rua, porque na farmácia nunca mais consegui comprar".

Uma idosa ironizou: "Com o preço dos óculos da Machy, poder-se-iam comprar esses tubinhos."

Outra mulher apontou que está há dois anos e meio esperando por uma colonoscopia: "Se eu contasse todas as minhas experiências com o sistema de saúde, teria material para um livro".

O padrão é sempre o mesmo: ausência de insumos básicos, longas esperas e um abandono que empurra os pacientes à desesperação.

O colapso da "potência médica"

O drama narrado por Mlgn Con Rdguez é apenas mais um episódio na queda da saúde pública em Cuba, que durante décadas foi utilizada como propaganda oficial.

Hoje, hospitais sem luvas, sem bisturis, sem reagentes ou tubos de ensaio, tornaram-se a norma, enquanto o governo insiste em responsabilizar o "bloqueio" e nega sua própria ineficiência e corrupção.

Enquanto isso, cidadãos como esta paciente com hipertireoidismo ficam presos entre a espera interminável e o risco de morrer por falta do mais básico.

Sua denúncia, carregada de dor e valentia, resume o que milhões de cubanos vivem em silêncio: um sistema que deixou de cuidar de seu povo e que nem mesmo consegue garantir um simples exame de sangue.

Perguntas frequentes sobre o colapso do sistema de saúde em Cuba

Por que não há insumos básicos nos hospitais cubanos?

A falta de insumos básicos nos hospitais cubanos é resultado de uma crise estrutural no sistema de saúde. Esta crise é reconhecida pelo próprio Ministério da Saúde Pública, que admite um déficit no fornecimento de medicamentos e insumos, agravado por problemas de administração, corrupção e pelo embargo norte-americano, embora críticos apontem a ineficiência interna do regime como a principal causa.

Como a falta de insumos afeta os pacientes com hipertireoidismo em Cuba?

A falta de insumos impede que pacientes com hipertireoidismo em Cuba recebam um diagnóstico e tratamento adequados. Sem os exames hormonais necessários devido à ausência de tubos para amostras de sangue, os pacientes não podem iniciar tratamentos específicos, colocando em grave risco sua saúde e qualidade de vida.

Qual é a situação dos pacientes com doenças crônicas em Cuba?

Os pacientes com doenças crônicas em Cuba enfrentam um atendimento deficiente devido à falta de recursos e pessoal médico qualificado. Casos de pessoas com câncer, insuficiência renal e outras condições crônicas mostram uma grave falta de medicamentos, equipamentos e a necessidade de recorrer ao mercado negro para obter insumos básicos.

Quais ações os cidadãos cubanos tomaram diante da crise sanitária?

Os cidadãos cubanos têm recorrido às redes sociais para denunciar as deficiências do sistema de saúde. Essas denúncias buscam visibilizar a falta de insumos, as más condições dos hospitais e o mau trato recebido, esperando provocar mudanças ou receber ajuda internacional.

O que o governo cubano fez para enfrentar a crise do sistema de saúde?

O governo cubano reconheceu a crise, mas atribuiu grande parte da responsabilidade ao embargo americano e não a falhas internas. Embora tenha prometido melhorar a situação, as ações concretas têm sido insuficientes, mantendo um discurso que não corresponde à realidade vivida pelos cidadãos.

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