O cubano Michael Duro denunciou publicamente a desaparecimento de seu irmão, Yoan Viondi Mendoza, que partiu para Moscovo há 11 meses após ser recrutado de forma enganosa para participar na guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Em um emotivo vídeo publicado em seu perfil no Facebook, Duro pediu ajuda internacional e relatou o drama que centenas de famílias cubanas estão enfrentando em situações semelhantes.
Segundo seu testemunho, Mendoza viajou com a esperança de ganhar dinheiro para se reunir com sua família nos Estados Unidos, mas desde então não se tem notícias de seu paradeiro.

Eu escrevi quatro cartas a Vladimir Putin, à Cruz Vermelha Internacional, à Interpol, inclusive ao presidente Donald Trump, e ninguém me respondeu”, afirmou Duro, que sofre de câncer e vive sozinho nos Estados Unidos.
O homem, diagnosticado há cinco anos com câncer na coxa esquerda, contou que a doença avançou também para seus ossos e passou de trabalhar a ter que viver com um cheque de 875 dólares.
Após essa situação, o irmão lhe garantiu que encontraria uma maneira de reunir o dinheiro e chegar aos EUA para ficar com ele.
"Foi a única coisa que me disse, que eu estava morrendo sozinho neste país, e agora é ele quem possivelmente esteja morto sozinho, onde? não sei, porque as autoridades que deveriam responder, as da ditadura, e cobrar dessas pessoas, não o fazem", disse, desesperado.
O irmão de Yoan Viondi denunciou que existem pelo menos 600 cubanos desaparecidos no conflito, muitos deles jovens entre 18 e 29 anos que teriam sido recrutados sob falsas promessas. “Não estão nas listas de mortos, mas também não recebem pagamento nem informações sobre onde se encontram”, alertou.
Visivelmente afetado, Duro reclamou às autoridades russas e cubanas respostas sobre o paradeiro de seu irmão e de outros combatentes.
O cubano também apontou a falta de cobertura midiática sobre esse drama humano e pediu à comunidade internacional que impulsione a divulgação de sua mensagem.
"No posso pegar um voo e aparecer lá, sem saber nem mesmo onde vou chegar, ou o que eu teria que fazer nesse país para encontrar meu irmão, e se ele já não está mais, que pelo menos me deem seu corpo, seus restos, para ter a tranquilidade e saber que ao menos pudemos enterrá-lo, e saber onde está, que sua mãe possa saber onde está seu filho", expressou entre lágrimas.
Previamente, já havia revelado ao meio independente ElToque que a última vez que falou com seu irmão foi no dia 3 de outubro de 2024. Desde então, não teve mais informações sobre ele.
As últimas palavras que se lembra de Yoan foram as seguintes: "Essa conexão de merda está caindo". Nunca mais ouviu sua voz.
Cubanos vítimas do conflito entre a Rússia e a Ucrânia
O governo cubano garante que não tem responsabilidade no recrutamento de cidadãos cubanos para participar como mercenários na guerra entre a Rússia e a Ucrânia, apesar das denúncias e testemunhos que têm abalado famílias dentro e fora da ilha.
Em uma entrevista com o programa americano Democracy Now!, o vice-ministro cubano Carlos Fernández de Cossío afirmou recentemente que Havana "tornou público e denunciou" o fenômeno de cubanos recrutados como soldados nesse conflito bélico e assegurou que foram identificados cidadãos cubanos lutando em ambos os lados do conflito.
De acordo com o funcionário, foram redes de recrutamento na Europa que captaram cidadãos de vários países, incluindo cubanos, para enviá-los ao front de batalha.
No entanto, múltiplas investigações e testemunhos de cubanos envolvidos no conflito pintam um panorama muito diferente.
Um relatório do meio ucraniano Schemes revelou a presença de vários centenas de cubanos lutando para o exército russo, muitos deles integrados à 106ª Divisão Aerotransportada, ativa em algumas das batalhas mais sangrentas da guerra, como a de Bakhmut.
Incluso foram identificados combatentes cubanos com insígnias do grupo Wagner e promovendo propaganda bélica nas redes sociais.
Perguntas Frequentes sobre Cubanos na Guerra da Ucrânia
O que aconteceu com Yoan Viondi Mendoza na Ucrânia?
Yoan Viondi Mendoza, um cubano recrutado de forma enganosa para a guerra da Rússia contra a Ucrânia, está desaparecido há 11 meses. Não há notícias de seu paradeiro desde que partiu para Moscovo com a esperança de ganhar dinheiro para se reunir com sua família nos Estados Unidos.
Como o conflito Rússia-Ucrânia afeta os cubanos?
O conflito tem envolvendo numerosos cubanos, que foram recrutados sob falsas promessas de emprego na Rússia. Muitos cubanos desapareceram ou faleceram no conflito, e suas famílias na ilha estão desamparadas pela falta de informação e apoio do governo cubano.
Qual é a resposta do governo cubano frente a essas denúncias?
O governo cubano se desinteressou pelas acusações sobre o recrutamento de seus cidadãos, afirmando que não tem responsabilidade e que denunciou o fenômeno. No entanto, múltiplos testemunhos indicam a cumplicidade ou, pelo menos, a negligência na saída de cubanos para a Rússia para participar da guerra.
Qual é o impacto humano do recrutamento de cubanos pela Rússia?
O impacto é devastador, com centenas de jovens cubanos desaparecidos ou mortos em uma guerra que não era deles. O fenômeno reflete a desesperança econômica e a falta de oportunidades em Cuba, onde muitos se veem obrigados a aceitar propostas enganosas para melhorar suas condições de vida.
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