
Vídeos relacionados:
O lançador de peso cubano, Emanuel Ramírez, com apenas 20 anos, aproveitou sua recente participação nos Jogos Pan-americanos Júnior de Assunção 2025 para abandonar a delegação e não retornar à ilha.
“Com este passo, o jovem atleta se afasta do movimento desportivo oficial da Ilha”, informou no Facebook o portal Deporcuba, que foi o primeiro a confirmar a notícia.
Ramírez se tornou o sexto atleta cubano a se evadir dessa competição internacional, integrando uma lista cada vez mais extensa de talentos que, após anos de formação nas estruturas esportivas oficiais, decidem apostar em um futuro longe de Cuba.
Ramírez, uma das figuras emergentes do atletismo cubano, havia competido em Assunção na final do lançamento do peso, onde ficou em sexto lugar, com um resultado discreto de 17,73 metros, longe de suas melhores marcas.
Uma jovem promessa com um histórico em ascensão
Apesar de seu resultado no Paraguai, Ramírez chegava ao evento com um histórico esportivo que o colocava entre as principais promessas do atletismo em Cuba.
Em agosto de 2024, tornou-se o terceiro cubano na história a chegar a uma final do Campeonato Mundial Sub-20 na disciplina, após Juan Carley Vázquez (campeão em 2021) e Carlos Véliz (sexto em 2006).
No certame realizado em Lima, impressionou com uma marca de 19,09 metros na fase classificatória e terminou em décimo lugar na final com 18,42.
Um ano depois, em 2 de agosto deste ano, alcançou sua melhor marca pessoal com o implemento oficial de 7,26 kg: 18,62 metros durante a X Prova de Confrontação da Equipe Nacional em Havana.
Essa marca o colocou na 13ª posição do ranking histórico cubano na especialidade.
Também se destacou com a bola de 6 kg - utilizada em categorias juvenis - com um recorde pessoal de 19,22 metros. Seu progresso era evidente e constante.
Uma despedida silenciosa e uma ausência notória
No entanto, ao final do evento continental em Assunção, Ramírez não estava mais entre os atletas que embarcaram no voo de volta a Cuba.
Segundo confirmou a Deporcuba, o jovem decidiu se afastar da delegação cubana e permanecer fora do país, marcando assim o fim de sua trajetória como atleta institucional.
Nem o INDER nem os meios estatais cubanos mencionaram sua ausência.
Também não houve referências à sua fuga durante o ato de recepção à delegação no aeroporto José Martí de Havana, onde os funcionários Raúl Fornés Valenciano e José Cedeño Tamayo parabenizaram os atletas por "cumprirem a missão" no Paraguai.
Seis fugas em um único torneio: Um padrão já familiar
A saída de Emanuel Ramírez não foi um fato isolado. Com ele, já são seis os atletas cubanos que desertaram nos Jogos Pan-Americanos Júnior de Assunção 2025.
Antes, os remeros Robert Landy Fernández, Félix Puente Batista e Keiler Ávila Núñez -todos medallistas de bronze-, a balonmanista Suannet de la Caridad Nápoles e o judoca Jonathan Delgado.
Esses casos refletem uma tendência em crescimento: a cada vez que uma delegação cubana viaja ao exterior, aumenta a possibilidade de que parte de seus membros não retorne.
A magnitude do fenômeno é tão grande que as autoridades esportivas da ilha optaram por omiti-lo de suas declarações públicas, mesmo quando o número de fugas representa uma proporção significativa da comitiva.
Embora a polícia paraguaia tenha aberto investigações por desaparecimento, os processos foram encerrados ao final do evento.
Até agora, nenhum dos seis atletas solicitou oficialmente asilo junto à Comissão Nacional de Apátridas e Refugiados (CONARE), embora alguns, como os três remadores, tenham sido vistos nas redes sociais acompanhados por membros da comunidade cubana no Paraguai.
Um golpe no medalheiro... e no sistema
A delegação cubana concluiu sua participação na sétima posição do quadro de medalhas, com 47 medalhas (19 de ouro, 13 de prata e 15 de bronze).
O resultado representa uma queda em relação aos Jogos de Cali 2021, onde a ilha ocupou o quinto lugar com um total de 70 medalhas. Mesmo assim, o INDER classificou a atuação como bem-sucedida e evitou fazer qualquer referência às deserções.
A perda de talentos como Emanuel Ramírez não apenas afeta os resultados imediatos, mas também representa uma ruptura do modelo de desenvolvimento esportivo cubano, baseado em um sistema centralizado de formação, disciplina e controle.
A fuga desses atletas implica a perda de anos de investimento, treinamentos, viagens e recursos, nos quais o Estado teve o monopólio de suas carreiras e de sua mobilidade.
Perguntas frequentes sobre as fugas de atletas cubanos em eventos internacionais
Quantos atletas cubanos abandonaram a delegação nos Jogos Pan-Americanos Júnior de Assunção 2025?
Seis atletas cubanos abandonaram a delegação nos Jogos Pan-Americanos Júnior de Assunção 2025. Entre eles estão o lançador de peso Emanuel Ramírez, três remadores medalhistas de bronze, uma jogadora de handebol e um judoca. Esse fenômeno não é isolado, pois se tornou uma tendência cada vez mais comum entre os atletas cubanos.
Por que os atletas cubanos decidem abandonar suas delegações durante competições internacionais?
Os atletas cubanos abandonam suas delegações em busca de um futuro com melhores oportunidades, longe das limitações do sistema esportivo cubano. As razões incluem a falta de liberdades, condições econômicas precárias e a ausência de incentivos que lhes permitam se desenvolver plenamente em suas disciplinas. O contexto também revela uma crise interna no sistema esportivo de Cuba, que não consegue reter seus talentos emergentes.
Qual é o impacto dessas fugas no esporte cubano?
As fugas de atletas cubanos representam uma perda significativa de talento e recursos para o sistema esportivo do país. A deserção de atletas promissores, como Emanuel Ramírez, não apenas afeta os resultados imediatos em competições internacionais, mas também evidencia as falhas de um modelo centralizado de desenvolvimento esportivo que não atende às aspirações dos jovens atletas.
Que medidas foram tomadas pelas autoridades cubanas diante do crescente número de deserções?
As autoridades esportivas cubanas optaram por omitir as deserções em suas declarações públicas. Apesar da magnitude do fenômeno, o Instituto Nacional de Esportes, Educação Física e Recreação (INDER) e outros meios estatais mantiveram o silêncio sobre essas fugas, o que indica uma falta de reconhecimento oficial do problema e, portanto, a ausência de medidas eficazes para enfrentá-lo.
Arquivado em: