Identificam caminhoneiro falecido em grave acidente de trânsito em Guanabacoa

O sinistro ocorreu na manhã deste domingo.

O caminhoneiro falecido (i) e O caminhão após ter sido retirado da vala (d)Foto © Collage Facebook/La Tijera

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O motorista de um caminhão que na manhã deste domingo tombou na Vía Monumental, perto da Ponte de Santa Fe, no município da capital Guanabacoa, foi identificado como Rider Cabrales Pérez, um jovem natural do município Yara, na província de Granma.

O trágico acontecimento ocorreu quando os inspetores de transporte pararam Cabrales.

Foto: Facebook/La Tijera

Segundo testemunhas oculares, ao retornar ao seu veículo após a verificação, o caminhão com contêiner deslizou para trás e caiu em uma valeta. Rider não sobreviveu.

Foto: Facebook/La Tijera

Sua morte provocou uma onda de indignação nas redes sociais e entre os vizinhos do local, conforme pode ser confirmado na seção de comentários de uma publicação do portal noticioso La Tijera.

Fonte: Captura do Facebook/La Tijera

Um cenário viário perigoso e a acusação contra os inspetores

Vizinhos e motoristas habituais da área qualificaram o local onde ocorreu o acidente como altamente perigoso: uma ladeira que desemboca em uma curva, próxima a uma ponte, uma parada de ônibus e várias barracas, com um fluxo constante de caminhões pesados em direção aos armazéns de Berroa.

Foto: Facebook/La Tijera

Nesse contexto, muitos questionam por que os inspetores decidiram parar um veículo de carga em um local tão arriscado.

Um dos primeiros a levantar a voz foi um morador da área, que denunciou que “esses inspetores estão 24 por 24 naquela encosta” e que “ninguém os detém”.

Seu comentário, que se tornou viral, desencadeou uma chuva de respostas que concordavam com sua denúncia: “Estão lá para buscar dinheiro”, “São parasitas do sistema”, “Não fazem nada além de incomodar os motoristas”, afirmaram dezenas de usuários.

Muitos acusaram abertamente os inspetores de corrupção, assédio e negligência, apontando que sua presença nesse local é habitual e que utilizam sua autoridade para exigir subornos.

Foi realmente um acidente inevitável?: Opiniões conflitantes

Alguns tentaram atribuir a tragédia a um possível erro do condutor, argumentando que a via está em boas condições e que a manobra de retrocesso foi "demasiado arriscada".

No entanto, outros usuários não demoraram a questionar essa versão.

Um motorista com 28 anos de experiência e residente de Guanabacoa, foi enfático: “Esse lugar não é para realizar nenhum tipo de inspeção veicular”, afirmou, detalhando as condições das vias e a falta de espaço seguro para parar.

Outros testemunhas afirmaram ter gravado o incidente e o consideraram evitável.

“Poderia ter sido evitado se os inspetores se aproximassem do veículo em vez de obrigá-lo a recuar”, comentaram vários usuários.

A ideia de que a inspeção foi mal executada, somada à localização imprudente, é a tese que prevalece entre a maioria.

Uma jovem vítima, uma família destroçada e uma comunidade em luto

Além do debate sobre as causas, a dor coletiva pela perda de Rider Cabrales Pérez é evidente. Centenas de mensagens nas redes sociais expressaram consternação.

“Era muito jovem, tinha uma vida pela frente”, “Um bom amigo, alegre e bondoso”, “Deixou uma família destruída”, “Partiu um grande trabalhador”, foram frases repetidas em dezenas de comentários.

Familiares, colegas e conhecidos lembram-no como um rapaz humilde, que começava a trilhar seu caminho em sua profissão.

Seu corpo foi trasladado para Yara, sua cidade natal, onde amigos e familiares se despediram pela última vez.

“Ridersito estudou comigo, não consigo acreditar”, “Voe alto, irmão”, “Descanse em paz ao lado do seu papai”, “Você foi vítima de uma injustiça que clama aos céus”, foram algumas das expressões de dor.

Exigência de justiça e convocação para uma investigação séria

A comunidade pede justiça. Vários motoristas compartilharam depoimentos sobre a atuação irregular dos inspetores em diferentes pontos do país.

Alguns afirmam que esses funcionários “interceptam onde querem, sem se importar com o perigo”, e que apenas buscam obter benefícios pessoais.

Muitos pedem sanções exemplares e afirmam que, se não forem tomadas medidas, outros acidentes semelhantes voltarão a ocorrer.

Incluso vozes mais moderadas admitem que o problema não são apenas os inspetores, mas a falta de supervisão por parte do Ministério dos Transportes.

“Não há um controle inesperado, não há consequências. Aqueles que cometem abusos continuam a causar danos”, lamentou um internauta.

Outros comentários ressaltam a necessidade de que as inspeções sejam realizadas em locais adequados, com protocolos claros, e que se imponha um limite à arbitrariedade com que alguns inspetores agem nas vias.

Sinistralidade em Cuba

Entre janeiro e março de 2025, foram registrados em Cuba 1.738 acidentes, 144 a menos do que no mesmo trimestre do ano anterior. Também houve uma redução no número de feridos: 1.514 pessoas ficaram feridas, 87 a menos do que em 2024. No entanto, o número de mortos aumentou de 146 para 173, um acréscimo de 27 óbitos.

Apesar da implementação de medidas de controle, a acidentalidade viária é um problema crítico em Cuba. O governo continua culpando o fator humano, enquanto evita abordar causas estruturais como o deterioro das estradas, a falta de sinalização adequada e a crise do transporte público, que obriga muitos a utilizar meios de transporte arriscados.

Em janeiro, o governo apontou os motoristas como os principais responsáveis pelos acidentes de trânsito em Cuba, ao avaliar as causas dos incidentes viários durante 2024.

Não prestar a devida atenção ao controle do veículo foi a principal causa de acidentes de trânsito no ano passado, seguido do desrespeito ao direito de passagem e do excesso de velocidade, segundo um relatório do Órgão Especializado de Trânsito da Direção Geral da Polícia Nacional Revolucionária (PNR).

Em seu relatório sobre os acidentes de trânsito durante 2023, o governo cubano atribuiu ao fator humano 91% dos sinistros ocorridos.

A ingestão de bebidas alcoólicas ou a violação das leis de trânsito também se apresentam como causas frequentes dos acidentes de trânsito. A isso se soma a necessidade de reforçar tanto os descansos obrigatórios dos motoristas profissionais quanto o mantendo estrutural das pontes e a sinalização viária em pontos de alto risco.

A esses fatores soma-se o deterioro generalizado de carros antigos que ainda circulam em Cuba, juntamente com o mau estado das estradas, uma combinação que resulta fatal e influencia os sinistros cada vez mais mortais que são relatados no país.

O governo cubano reconheceu que 75 % das estradas e vias de circulação do país se encontram em um estado técnico entre regular e ruim. Tal situação representa um desafio significativo para o regime comunista, já que afeta diretamente a qualidade de vida dos cidadãos e a prestação de serviços essenciais.

Perguntas Frequentes sobre o Acidente em Guanabacoa e a Situação Viária em Cuba

Quem foi a vítima do acidente de trânsito em Guanabacoa?

A vítima foi Rider Cabrales Pérez, um jovem natural do município de Yara, na província de Granma, que faleceu após o acidente na Vía Monumental, perto da Ponte de Santa Fé.

Como ocorreu o acidente do caminhão em Guanabacoa?

O acidente ocorreu quando inspetores de transporte pararam o caminhão em um local perigoso. Ao retornar ao veículo após a verificação, o reboque com contêiner deslizou para trás e caiu em uma vala, resultando na morte de Rider Cabrales Pérez.

Por que se critica os inspectores de trânsito neste acidente?

Os inspetores de trânsito têm sido criticados porque pararam o caminhão em uma ladeira perigosa, o que muitos consideram um ato de negligência que contribuiu para o acidente. Além disso, são acusados de corrupção e de parar veículos em locais inseguros para obter subornos.

Qual é a situação atual dos acidentes de trânsito em Cuba?

Entre janeiro e março de 2025, foram registrados em Cuba 1.738 acidentes, com 173 falecidos, um aumento de 27 mortes em relação ao ano anterior. A acidentalidade vial continua sendo um problema crítico, agravado pelo mau estado das estradas, a falta de sinalização e a crise do transporte público.

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