El Cangrejo, Mariela Castro e seus filhos viajaram para os EUA com visto diplomático

Figuras do regime cubano usaram passaportes oficiais para entrar nos EUA enquanto Havana critica Washington.

El Cangrejo e Mariela CastroFoto © Redes Sociais e Granma

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Documentos filtrados revelam que Mariela Castro, “El Cangrejo” e outros familiares de Raúl Castro viajaram para os EUA com passaporte diplomático, proteção especial e estadias prolongadas, apesar do discurso oficial contra o governo americano.

Uma investigação de Martí Notícias, baseada em documentos confidenciais do Ministério das Relações Exteriores de Cuba (MINREX), revelou uma realidade incômoda para o regime de Havana: altos funcionários, familiares próximos e seguranças de Raúl Castro realizaram múltiplas viagens aos Estados Unidos entre 2012 e 2016, utilizando passaportes diplomáticos e com o respaldo do próprio Estado cubano.

Entre os beneficiados estão sua filha, Mariela Castro Espín, seus netos Lisa e Paolo Titolo Castro, e seu neto mais visível e poderoso, Raúl Guillermo Rodríguez Castro, conhecido como “El Cangrejo”.

Todos eles acessaram o solo americano em meio a um contexto político marcado pelo processo de descongelamento entre Havana e Washington.

Os documentos revelam que, sob o pretexto de participar de reuniões na ONU, algumas dessas viagens se prolongaram por mais de três semanas, muito além do necessário para as atividades oficiais.

Por exemplo, Mariela Castro viajou para Nova York em abril de 2015 acompanhada de seus filhos, seu esposo e uma funcionária do CENESEX, todos com documentação diplomática.

Sua presença nos EUA não foi nova: já em 2012, havia participado de eventos acadêmicos em San Francisco, uma visita que gerou críticas de congressistas americanos e provocou protestos públicos.

Apesar das queixas, as autoridades estadounidenses ofereceram proteção especial do Departamento de Estado à funcionária cubana, e a alojaram perto da missão cubana na ONU.

Em outra ocasião, as restrições impediram que ele saísse de um raio de 25 milhas, limitando sua participação em um evento na Filadélfia.

Por sua parte, Rodríguez Castro, chefe da equipe de segurança pessoal de Raúl Castro, também viajou para os EUA em várias ocasiões.

Tinha apenas 31 anos em 2015 quando o MINREX solicitou seu visto diplomático para “reuniões do sistema das Nações Unidas”, um argumento repetido em outras solicitações.

Nos documentos vazados também constam nomes de altos oficiais do Ministério do Interior, como Humberto Francis Pardo e Rafael Arturo Fong Puig, que obtiveram vistos diplomáticos sob o mesmo esquema.

Enquanto isso, Vilma Rodríguez Castro, neta de Raúl, realizou pelo menos cinco viagens aos EUA com passaporte diplomático entre 2012 e 2016, conforme revelam os registros.

É filha do falecido general Luis Alberto Rodríguez López-Callejas, figura chave do conglomerado militar GAESA.

Consultado por Martí Notícias, um porta-voz do Departamento de Estado evitou referir-se aos detalhes de cada caso, mas não hesitou em classificar a postura do regime cubano como hipócrita:

“Enquanto o povo cubano sofre com a fome, vive sem eletricidade e sobrevive em extrema pobreza, os funcionários do regime, suas famílias e a elite cubana continuam viajando com luxos para o exterior”, afirmou o porta-voz.

Desde o Congresso dos Estados Unidos, as reações foram contundentes: vários legisladores pediram sanções imediatas para os parentes do castrismo que viajaram para os EUA sob privilégios diplomáticos.

Os filhos e netos da cúpula viajam, estudam e fazem negócios no exterior, aproveitando passaportes oficiais que deveriam estar reservados para funções diplomáticas estritamente necessárias.

De fato, já em 2024 haviam sido detectados casos de familiares de funcionários cubanos realizando atividades privadas nos EUA, desde turismo até investimentos, enquanto o discurso oficial do regime continua culpando Washington por todos os males que afligem a ilha.

Perguntas frequentes sobre as viagens diplomáticas da família Castro aos Estados Unidos

Mariela Castro e sua família viajaram para os Estados Unidos com passaporte diplomático?

Sim, Mariela Castro e outros familiares de Raúl Castro realizaram múltiplas viagens aos Estados Unidos utilizando passaportes diplomáticos. Essas viagens, realizadas entre 2012 e 2016, foram amparadas pelo Estado cubano sob o pretexto de participar de reuniões na ONU. No entanto, em muitas ocasiões, suas estadias se prolongaram além do necessário para as atividades oficiais. A situação tem gerado críticas, especialmente pelo contraste entre o discurso oficial do regime cubano e as ações de seus dirigentes e familiares.

Quem é "El Cangrejo" e qual é sua relação com as viagens aos EUA?

"El Cangrejo" é Raúl Guillermo Rodríguez Castro, neto de Raúl Castro e chefe da equipe de segurança pessoal do líder cubano. Assim como outros membros de sua família, "El Cangrejo" viajou para os Estados Unidos utilizando um passaporte diplomático, com o suposto propósito de participar de reuniões do sistema das Nações Unidas. Essas viagens têm sido parte de uma estratégia mais ampla do regime cubano para facilitar a mobilidade internacional de seus altos funcionários e familiares, o que tem gerado controvérsias e críticas, tanto dentro quanto fora de Cuba.

Por que se considera hipócrita a postura do regime cubano em relação às viagens de seus funcionários aos EUA?

A postura do regime cubano é considerada hipócrita porque, enquanto critica publicamente o governo dos Estados Unidos, permite que seus altos funcionários e familiares realizem viagens de luxo aos Estados Unidos. Essas ações contrastam com as condições de vida em Cuba, onde a população enfrenta fome, apagões e pobreza extrema. As críticas também se concentram no fato de que os funcionarios do regime utilizam passaportes diplomáticos para fins que não são estritamente necessários e desfrutam de privilégios que estão fora do alcance do cidadão comum cubano.

Que reações a revelação das viagens diplomáticas da família Castro provocou no Congresso dos EUA?

As revelações sobre as viagens diplomáticas da família Castro provocaram indignação entre os congressistas cubano-americanos nos Estados Unidos. Legisladores como María Elvira Salazar e Mario Díaz-Balart qualificaram a situação de "hipocrisia do castrismo" e solicitaram sanções imediatas para os familiares do regime que viajaram aos EUA sob privilégios diplomáticos. Esses congressistas enfatizam a contradição entre o discurso antissoropionista do regime cubano e as ações de sua elite, que continua a desfrutar de luxos no exterior.

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