Recordam a mãe assassinada junto ao seu filho pequeno no aniversário do afundamento do rebocador 13 de Março

Comemoram-se 31 anos do afundamento do rebocador 13 de Março, um trágico crime do regime cubano que deixou 37 mortos. O ataque impune foi orquestrado pelas mais altas autoridades cubanas e executado por barcos oficiais, sem justiça até hoje.

Julia Caridad Ruiz Blanco, de 35 anos, e seu filho de três anos, Ángel René Abreu RuizFoto © Facebook/Tony Ex-Flaco

Cubanos recordaram neste domingo o assassinato de Julia Caridad Ruiz Blanco, de 35 anos, e seu filho Ángel René Abreu Ruiz, de três, durante o afundamento do rebocador 13 de Março, que está sendo lembrado no 31º aniversário.

“Já se passaram 31 anos, hoje 13 de julho, desde o dia em que assassinaram Cary, nossa vizinha e amiga de Víbora Park, enquanto viajava a bordo do remolcador 13 de Março junto a tantos outros, com seu pequeno filho, René, de apenas três anos”, escreveu no Facebook o usuário Tony Ex-Flaco.

“Cary, a flaca, como todos a conheciam, tinha sua casa em frente à escola primária onde todos nós estudamos. Tinha também o sorriso sempre desenhado no rosto”, recordou.

O usuário evocou: “Minha vizinha e seu filho foram covardemente assassinados juntamente com mais de quarenta pessoas quando o rebocador 13 de Março foi agressivamente atingido por outro de ferrocimento”.

Captura do Facebook/Tony Ex-Flaco

“Todos morreram afogados, varridos pelos jatos de potentes mangueiras de pressão. A ajuda lhes foi negada. Os poucos que se salvaram foram pela repentina e inesperada aparição de um barco mercante grego. Se não fosse assim, não haveria sobreviventes. O 13 de julho é um dia que ficará marcado para sempre pelo assassinato covarde, pela injustiça e pela vergonha”, acrescentou.

Según o depoimento de Ramona Blanco Amador, a mãe de Ruiz Blanco, registrado no livro sobre a tragédia escrito por Jorge A. García, um professor cubano que perdeu 14 membros de sua família nesse acontecimento, Cary era “uma profissional, uma pessoa muito completa”.

“Tenho sete filhos, ela era a quinta; a mais nova das garotas. Foi a preferida, os irmãos tinham ciúmes dela. Diziam que o melhor era para ela. E era verdade, porque meu delírio era vê-la contente e feliz”, lembrou sua mãe.

A jovem trabalhou em Cuba como programadora oficial de Cultura e "no trabalho todos a admiravam, a queriam".

"Era uma pessoa muito humana; não era do tipo que ficava rindo. Você conversava com ela e percebia que era refinada e educada. Julia não morreu. Ela está viva. A mataram como se fosse um cachorro raivoso! São hienas e as hienas comem seus próprios filhos", lamentou sua mãe.

31º aniversário de um crime sem justiça

Este domingo se comemoram 31 anos do afundamento do rebocador 13 de Março, um dos crimes mais infames do castrismo. O fato ocorreu na madrugada de 13 de julho de 1994, nas proximidades das costas de Havana.

Realizada com premeditação, a massacre ocorreu a sete milhas do malecón habanero e deixou um saldo de 37 mortos, entre eles 10 menores de idade.

Os cadáveres das vítimas nunca foram recuperados do fundo do mar, documentou a investigação de García, que perdeu 14 membros de sua família na tragédia. Antes de falecer em Miami em junho de 2024, García dedicou as últimas três décadas de sua vida a testemunhar e divulgar a verdade sobre o crime.

O afundamento do rebocador 13 de Março tornou-se um dos episódios mais sombrios e trágicos da história contemporânea de Cuba; e, paradoxalmente, ainda é um fato desconhecido para grande parte da população da ilha.

A embarcação, que transportava 68 pessoas desesperadas por escapar do regime opressivo em busca de liberdade, foi atacada deliberadamente por barcos do regime cubano.

Três rebocadores cubanos, Polargo 1, Polargo 2 e Polargo 3, foram responsáveis por afundar a embarcação, colidindo com ela e lançando enormes jatos de água contra ela, relataram os sobreviventes.

Para ativistas, opositores, sobreviventes da massacra e políticos cubano-americanos, a impunidade desfrutada pelo regime cubano, responsável por essa massacra, é uma afronta aos direitos humanos e à memória daqueles que pereceram nesse dia trágico.

O afundamento do rebocador 13 de Março foi ordenado por Fidel e Raúl Castro e executado por embarcações da Empresa Estatal de Serviços Marítimos (EESM), a apenas sete milhas (pouco mais de 11 quilômetros) da costa habanera.

O rebocador partiu do cais Salvamento, próximo a Tallapiedra, por volta das três da madrugada. Ao passar pela base da Marinha de Guerra, perto do cais das lanchas de Regla e Casablanca, foi interceptado pelos três Polargo, que tinham luz verde para executar seu macabro plano.

A força de manobras bruscas e disparos de canhões de água, tentaram impedir a saída do rebocador. Mas este não parou e conseguiu atravessar a baía de Havana até sair para o mar aberto, onde sem clemência se consumou a massagem.

31 anos depois dessa tragédia, os culpados não foram levados à justiça. O governo cubano tentou apresentar o que ocorreu como um acidente. Nunca abriu um processo judicial e acabou silenciando o caso, apesar das tentativas reiteradas de familiares e ativistas para levar os responsáveis à justiça.

Perguntas frequentes sobre o afundamento do rebocador 13 de Março

O que aconteceu durante o afundamento do rebocador 13 de Março?

O rebocador 13 de Março foi deliberadamente atacado por barcos do governo cubano em 13 de julho de 1994, resultando na morte de 37 pessoas, incluindo 10 menores de idade. As embarcações cubanas utilizaram jatos de água a pressão e colidiram com o rebocador, impedindo sua saída e provocando seu afundamento. Este ato foi realizado com premeditação e sem oferecer auxílio às vítimas, tornando-se um dos episódios mais sombrios da história recente de Cuba.

Por que o governo cubano atacou o rebocador 13 de Março?

O ataque ao rebocador 13 de Março foi uma medida para evitar que seus passageiros escapassem do regime cubano em busca de liberdade. As 68 pessoas a bordo do rebocador tentavam fugir da opressão em Cuba quando foram interceptadas por barcos do governo, em um ato que ativistas e opositores qualificam como uma grave violação dos direitos humanos.

Foi feita justiça pelo afundamento do rebocador 13 de Março?

Até a data, os responsáveis pelo afundamento do rebocador 13 de Março não foram levados à justiça. O governo cubano tentou apresentar o incidente como um acidente, sem realizar um processo judicial ou reconhecer a massacra, o que deixou as famílias das vítimas e a comunidade internacional em busca contínua de justiça.

Quem foram algumas das vítimas do afundamento do rebocador 13 de Marzo?

Entre as vítimas estavam Julia Caridad Ruiz Blanco e seu filho de três anos, Ángel René Abreu Ruiz. Julia Caridad, conhecida como "Cary a magra", era uma profissional querida por sua comunidade, lembrada por sua humanidade e educação. Sua trágica morte ao lado de seu filho pequeno simboliza a brutalidade do ato e a dor que permanece na memória coletiva de quem perdeu seus entes queridos nessa tragédia.

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