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O Parlamento Europeu condenou esta semana o recrutamento e desdobramento de cubanos na invasão da Rússia à Ucrânia.
“Condena enérgicamente o recrutamento e o desdobramento de soldados cubanos, assim como a participação de tropas norte-coreanas”, lê-se na seção 17 da resolução “Custo humano da guerra da Rússia contra a Ucrânia e necessidade urgente de pôr fim à agressão russa: situação dos civis detidos ilegalmente e dos prisioneiros de guerra e persistência do bombardeio de civis”.
O documento, aprovado na última quarta-feira, condenou “a guerra de agressão não provocada, ilegal e injustificada da Rússia contra a Ucrânia” e pediu ao Governo de Putin que “ponha fim imediatamente a todas as atividades militares na Ucrânia”.
O apartado dedicado aos mercenários cubanos foi celebrado pelo congressista cubano-americano Mario Díaz-Balart, que agradeceu “aos membros da União Europeia que impulsionaram e conseguiram a aprovação de uma resolução contundente e enérgica contra o regime assassino de Cuba”.
“Expondo finalmente a realidade de um contínuo comportamento de violações, não apenas dos direitos humanos na ilha, mas também do perigo que este regime representa para o mundo e para a segurança nacional dos EUA”, acrescentou o republicano.
Em junho, o governo cubano afirmou que não tem responsabilidade no recrutamento de cidadãos cubanos para participar como mercenários na guerra entre a Rússia e a Ucrânia, apesar das denúncias e depoimentos que têm abalado famílias dentro e fora da ilha.
Em uma entrevista com o programa americano Democracy Now!, o vice-ministro cubano Carlos Fernández de Cossío afirmou que Havana “tornou público e denunciou” o fenômeno de cubanos recrutados como soldados nesse conflito bélico.
“Mesmo se tornou público que havíamos tomado ações, havíamos conversado com governos relacionados ao tema”, declarou o funcionário, minimizando as acusações que têm circulado em meios internacionais como a BBC ou El País.
Fernández de Cossío assegurou que foram identificados cidadãos cubanos lutando de ambos os lados do conflito. “Foram detectados cubanos do lado da Rússia e foram detectados cubanos do lado da Ucrânia”.
Segundo o vice-chanceler, foram redes de recrutamento na Europa que captaram cidadãos de vários países, incluindo cubanos, para enviá-los à linha de frente.
“Nossas leis proíbem que um cidadão sob nossa jurisdição se preste a participar das guerras de outros países. É algo que é punido pela lei em Cuba”, sentenciou.
Testemunhos que contradizem o regime
No entanto, múltiplas investigações e testemunhos de cubanos envolvidos no conflito pintam um panorama muito diferente. Uma reportagem do meio ucraniano Schemes revelou a presença de vários centenas de cubanos lutando para o exército russo, muitos deles integrados à 106ª Divisão Aerotransportada, ativa em algumas das batalhas mais sangrentas da guerra, como a de Bakhmut. Até mesmo foram identificados combatentes cubanos com insígnias do grupo Wagner e promovendo propaganda bélica nas redes sociais.
Um dos casos mais comoventes foi o dos jovens cubanos Andorf Velázquez e Alex Vega, de apenas 19 anos, que denunciaram ter sido enganados com falsas promessas de emprego na construção e acabaram recrutados em uma base militar russa.
“Tudo foi uma fraude. Estamos com medo”, clamaram em um vídeo divulgado pela AmericaTeVé, no qual também denunciaram ter sido agredidos, torturados e despojados de seus documentos.
Ambos padecem de condições médicas delicadas: um sofre de artrite generalizada, o outro tem apenas um rim. “Nos agrediram nus... diziam que os americanos nos tinham enviado”, relataram. Seus testemunhos acenderam alarmes sobre a vulnerabilidade de jovens cubanos diante de redes de recrutamento com aparência legal.
Também, um oficial russo revelou ao Moscow Times que muitos desses recrutas chegam diretamente de Cuba, assinam contratos com o Ministério da Defesa russo e são enviados para a linha de frente. “Lá só havia cubanos e sérvios”, confessou.
Através das redes sociais, pessoas como Elena Shuvalova têm promovido contratos com o exército russo, oferecendo salários, benefícios migratórios e alojamento, sem exigir passaportes válidos.
Segundo Shuvalova, vários cubanos foram enviados "com sucesso" para a guerra. Em seu perfil nas redes sociais, evidenciam-se vínculos com propaganda pró-russa e publicações que oferecem "ajuda" para se alistar apesar do status migratório.
Perguntas Frequentes sobre o Recrutamento de Cubanos na Guerra da Rússia contra a Ucrânia
Por que a Eurocâmara condena o recrutamento de cubanos na guerra da Rússia contra a Ucrânia?
A Eurocâmara condena o recrutamento de cubanos devido a considerar que se trata de uma prática que viola os direitos humanos e agrava o conflito bélico. Além disso, esse recrutamento está vinculado a um regime que historicamente tem sido criticado por sua falta de respeito aos direitos humanos e sua cumplicidade com a Rússia neste conflito.
¿Cuál es la postura del gobierno cubano respecto al reclutamiento de sus ciudadanos en el conflicto entre Rusia y Ucrania?
O governo cubano negou ter responsabilidade no recrutamento de seus cidadãos, alegando que denunciaram publicamente o fenômeno. No entanto, múltiplos depoimentos e provas sugerem que o regime cubano poderia estar implicado ou, ao menos, ser cúmplice por omissão nesses recrutamentos.
Que provas existem sobre a participação de cubanos na guerra da Ucrânia?
Exitem relatos de meios internacionais, testemunhos de cubanos envolvidos e uma lista filtrada pelo projeto ucraniano “Quero viver” que identifica mais de 1.000 cubanos recrutados pelo exército russo. Esses documentos revelam um padrão massivo de recrutamento que inclui enganos e promessas falsas.
O que a comunidade internacional diz sobre o recrutamento de cubanos no conflito russo-ucraniano?
A comunidade internacional, através de organismos como o Parlamento Europeu, condenou essas práticas e exortou o governo cubano a impedir a participação de seus cidadãos no conflito. Considera-se que esse recrutamento é uma violação dos direitos humanos e um agravante da situação bélica.
Como o recrutamento afeta a situação interna em Cuba?
O recrutamento de cidadãos cubanos para lutar na guerra da Rússia contra a Ucrânia é um reflexo da desesperação econômica e social na ilha. Muitos cubanos veem nesses contratos uma saída para suas condições precárias, embora acabem sendo explorados e enganados. Esse fenômeno também destaca a cumplicidade do regime cubano em violações de direitos humanos.
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