Cubana nos EUA após viajar a Cuba: "Tenho família lá ainda, mas se dependesse de mim, escolheria não ir nunca mais."

"Esse ciclo se fechou na minha vida há muito tempo, mas, lamentavelmente, quando ainda temos família, precisamos continuar a ir."

Cubana nos EUA documenta sua visita a Cuba entre apagões e carênciasFoto © TikTok / @laury0605/

Uma cubana residente nos Estados Unidos compartilhou um vídeo nas redes sociais onde relata com crueza sua mais recente viagem a Cuba. “Graças a Deus fui por muito pouco tempo porque a verdade é que já estava louca para voltar para casa”, confessou a mãe, que documentou sua estadia na ilha entre apagões, escassez e uma sensação constante de desconforto.

“Como eu disse ao menino, estava bastante predisposto e eu também. A verdade é que eu não gosto de ir para nada. Eu vou às vezes até por compromisso, porque ainda tenho família lá. Mas se fosse por mim, escolheria não ir nunca mais”, assegurou. E foi contundente: “Eu não quero ver mais como está a situação lá. Esse capítulo e esse ciclo se fecharam na minha vida há muito tempo”.

Durante seu depoimento, a cubana denunciou os longos apagões que enfrentou: “São mais de 10 e 12 horas sem luz. É uma situação crítica”. Também explicou como tiveram que cozinhar usando resistências: “Isso que gravei foi um reverberador para aquecer o leite porque nem sequer há gás. É muito difícil encontrá-lo e, quando o encontramos, é caríssimo.”

Mostrou como preparavam alimentos na completa escuridão: “Aqui estivemos fazendo tamales durante todo o apagão, o dia todo. A luz vai embora das 9 da manhã até às 9:30 ou 10 da noite. E graças a Deus não enfrentamos nenhum apagão durante a madrugada, mas isso depende de como eles cortam a luz.”

Apesar das carências, também expressou que a comida em Cuba continua a ter um sabor especial: “A gente aproveita bastante a questão da comida porque o sabor é um pouco diferente do que estamos acostumados”.

Em seu relato, também mostrou uma lanterna portátil que trouxe dos Estados Unidos e que foi muito apreciada por sua família em Cuba: “Graças a esta lanterna que eu trouxe, todo mundo ficou encantado com isso porque vejam como ilumina. O bom é que você também pode carregá-la com energia solar e ela tem para carregar os telefones. É uma boa compra. A verdade é que ali faz falta de tudo, e algo tão pequeno resolve um problema bem grande.”

A viagem, embora breve, foi repleta de momentos difíceis. Mostrou como cozinhavam com fogareiros portáteis e como, no final, seu filho adoeceu: “Isso foi no último dia porque no dia seguinte ele ficou doente”.

O testemunho provocou uma onda de reações de cubanos nas redes sociais, muitos deles se identificando com suas palavras. “Entendo você, eu também parei de ir há anos”, comentou uma seguidora. Outra escreveu: “Assim acontece comigo, mas meus pais estão lá”. Vários expressaram tristeza ou resignação: “Prefiro mandar tudo a ir, é muito triste”, “Terrível como se está vivendo em Cuba”, “Eu fui pela última vez há 13 anos”.

Outras mensagens mostraram uma perspectiva diferente, centrada nos laços familiares: "Há famílias que precisamos visitar, criar as condições e isso já é o ideal", "Quando se carece de humildade, pensa-se assim. Ser cubana se leva no sangue, independentemente de carências ou luxos".

Este testemunho se soma ao de outras cubanas residentes nos EUA que compartilharam suas experiências recentes na ilha. Em maio, outra mãe cubana afirmou após seu retorno que “cada dia é pior, sem exagero”, e pediu a quem vive fora que não viaje a Cuba, assegurando que “você vai sair se sentindo deprimido, triste, mal”.

Em contraste, outros vídeos têm defendido os reencontros familiares. Em junho, uma cubana que viajou para ver seu pai declarou que “não vim por um governo, vim pelo homem que me ensinou a andar”, em uma história amplamente compartilhada nas redes sociais.

A protagonista deste último testemunho já havia chamado a atenção em abril com outro vídeo onde falava sobre sua vida nos EUA cuidando de seu filho e de sua avó, onde confessou que “tem sido bastante complicado, mas agradeço poder fazê-lo de casa”.

Os depoimentos de cubanos no exílio reavivam o debate: vale a pena voltar a uma Cuba mergulhada no deterioro? Para alguns, a resposta está na família; para outros, em evitar reviver a dor de uma realidade que já não suportam.

Perguntas frequentes sobre a crise energética e social em Cuba

Por que ocorrem os apagões prolongados em Cuba?

Os cortes de energia em Cuba são uma consequência da crise energética que o país enfrenta, agravada por falhas em usinas termelétricas, falta de combustível e uma infraestrutura energética deteriorada. Apesar das promessas do governo de melhorar a situação, a realidade continua crítica, com interrupções de eletricidade que podem durar mais de 12 horas, afetando a vida diária de milhares de famílias cubanas.

Como a falta de eletricidade impacta a vida cotidiana dos cubanos?

A falta de eletricidade em Cuba afeta gravemente a alimentação, o descanso e a qualidade de vida da população. As famílias precisam se virar para cozinhar sem gás, conservar alimentos sem refrigeração e realizar tarefas básicas em condições extremas. Além disso, os longos apagões agravam a crise econômica e social, gerando um clima de resignação e desconforto entre os cidadãos.

Por que alguns cubanos evitam retornar à ilha?

Muitos cubanos que residem no exterior evitam retornar à ilha devido às condições precárias e à falta de serviços básicos, como eletricidade e gás, que afetam significativamente o dia a dia. Embora alguns voltem por compromissos familiares, a maioria prefere evitar reviver a dor de uma realidade que já não suportam, optando por apoiar seus entes queridos à distância.

Como as famílias cubanas enfrentam a crise energética?

As famílias cubanas recorrem a métodos improvisados para enfrentar a crise energética. Cozinham com carvão ou fogareiros portáteis, usam lanternas solares e baterias externas para carregar dispositivos, e compartilham recursos como geradores com vizinhos. Apesar das adversidades, a resiliência e a criatividade dos cubanos são exemplos de perseverança e solidariedade em tempos difíceis.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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