O reconhecido rapper Yotuel Romero desencadeou uma onda de reações nas redes sociais após publicar uma mensagem dura e emocionante em sua conta de Facebook, na qual reflete sobre as relações entre os cubanos que saem para o exílio e aqueles que permanecem na Ilha.
Em sua publicação, denunciou o que considera um fardo emocional imposto àqueles que vivem fora do país, que - segundo ele - são os "salvavidas" econômicos de seus familiares em Cuba.
"Se você não manda, te cobram. Fazem você sentir que falhou, que não ama os seus. Mas a verdade é que quem se foi também chora, também sofre, também sente falta. Só que não pede, trabalha", escreveu.
O cantor enfatizou que o povo cubano aprendeu a usar a dor do exílio para sobreviver.
"O exílio não é milionário, é sacrificado. E graças ao exílio, Cuba ainda não desmoronou completamente. O exílio não é culpado. É quem manteve seu povo de pé, sem aplausos e sem pedir nada em troca", ressaltou.

O post se viralizou rapidamente e acumula milhares de comentários.
Os cubanos, tanto fora quanto dentro, responderam com sentimentos mistos: alguns apoiando suas palavras e outros questionando a generalização da mensagem ou até mesmo a autoridade moral do cantor.
"O exílio cubano carregou por décadas um peso invisível: o de ser suporte emocional, econômico e até moral para aqueles que ficaram para trás. Não é que alguém não queira ajudar, é que às vezes não se pode mais", escreveu um pai de família.
Uma mulher lamentou: "Levo 30 anos ajudando e, quando não posso porque tenho prioridades aqui, nesse exato momento sou a pior".
"Os cubanos temos um grande coração e isso ninguém pode mudar, embora muitas vezes abusem de nós", comentou uma santaclareña.
Outros comentários, no entanto, criticaram o tom da publicação de Yotuel e até mesmo sua própria trajetória.
"Yotuel não havia percebido em 2018 que em Cuba havia uma ditadura? Até então, ele estava sentado à mesa dos Castro comendo lagostas. Mudou de lado porque sabia que aquele barco estava afundando", escreveu um residente em Miami, que acusou o artista de "fingir ser um suposto opositor" apenas para faturar.
"Meus irmãos e minha filha nos ajudam dos Estados Unidos. Graças a eles, meus pais estão vivos. Sei que nossos familiares trabalham muito e se sacrificam por nós, mas o fazem de coração, não os obrigamos", expressou uma usuária agradecida.
Também houve quem defendesse que nem todas as famílias exigem ou reclamam.
"Em meu caso, quando estive lá, nunca pedimos e muito menos exigimos. Apenas nos preocupávamos com o bem-estar e a saúde de quem teve que ir embora. E agora que estou deste lado, nem familiares nem amigos se comportaram mal. Pelo contrário, nem falam de seus problemas para não preocupar", escreveu uma residente na Espanha.
Mas a crítica também veio da Ilha, com alguns rejeitando a visão dos emigrantes que esperam protestos contra o governo:
"Aqui o cubano, mesmo morrendo de tanto trabalhar, sempre vai precisar de ajuda. Já está bom que o próprio cubano peça ao que ficou aqui que vá para a rua protestar, quando nenhum de vocês o fez. Todos aprenderam a se mostrar corajosos desde o exílio", opinou uma residente em Havana.
Outras vozes se uniram ao debate trazendo nuances:
Uma emigrada, por sua vez, questionou as prioridades da juventude atual em Cuba: "A nova geração foi criada como parasitas. Há uma tremenda necessidade, mas parece que eles se importam mais em ter megas e um telefone do que com comida e medicina".
"A nova geração foi criada como parasitas. É verdade que há uma tremenda necessidade e não vamos parar de ajudar, mas me impressiona que eles se importam mais com os megas e um telefone com Internet do que com comida, medicina e viver dignamente", questionou outra emigrante.
O post de Yotuel destacou uma das feridas mais sensíveis do trauma migratório cubano: o vínculo entre quem vai e quem fica. Um vínculo marcado pelo amor, mas também pela pressão, a culpa e, em muitos casos, o desgaste.
Além da polêmica, a mensagem e as respostas refletem uma profunda fratura emocional que atravessa a nação cubana dividida entre o exílio e a Ilha.
Perguntas frequentes sobre a emigração cubana e o impacto emocional e econômico
Qual é a principal crítica de Yotuel sobre a carga familiar dos emigrantes cubanos?
Yotuel critica que os emigrantes cubanos são vistos como "salvavidas" econômicos por seus familiares na ilha, que lhes impõem uma carga emocional ao esperar que enviem dinheiro constantemente. Ele destaca que o exílio não é milionário, mas sim sacrificado.
Como os cubanos reagiram à mensagem de Yotuel sobre o exílio?
As reações à mensagem de Yotuel foram mistas. Alguns cubanos apoiaram suas palavras, reconhecendo a carga emocional e econômica que enfrentam os emigrantes, enquanto outros criticaram sua generalização e questionaram sua autoridade moral para falar sobre o tema.
Qual é o papel do exílio cubano na economia das famílias na ilha?
O exílio cubano é fundamental para a manutenção econômica de muitas famílias na ilha. As remessas enviadas do exterior são cruciais para cobrir necessidades básicas em um contexto de escassez econômica em Cuba.
O que Yotuel pensa sobre o governo e o regime em Cuba?
Yotuel adota uma postura crítica em relação ao governo cubano, denunciando que a revolução cubana apenas construiu hotéis para turistas enquanto o povo cubano vive em abandono e miséria.
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