Delegação do regime cubano assistiu à missa inaugural do Papa Leão XIV

A delegação cubana foi chefiada por Salvador Valdés Mesa.


O regime cubano enviou neste domingo uma delegação ao Vaticano que assistiu à misa inaugural do Papa León XIV.

A comitiva do regime foi chefiada pelo vice-presidente Salvador Valdés Mesa, que foi brevemente recebido pelo pontífice, informou a Agência Cubana de Notícias (ACN).

Além disso, integraram a delegação Caridad Diego, chefe do Escritório de Atenção aos Assuntos Religiosos do Comitê Central do Partido Comunista, e o vice-ministro de Relações Exteriores Elio Rodríguez.

Valdés Mesa reafirmou a León XIV a vontade de seu governo de continuar trabalhando para fortalecer as relações entre Cuba e a Santa Sé, conforme informa a matéria.

Cerca de 156 delegações estrangeiras, incluindo numerosos chefes de Estado e de Governo, participaram da multidão na entronização de León XIV em uma Praça de São Pedro lotada por cerca de 250.000 pessoas.

Durante a missa inaugural de seu pontificado, o Papa fez um apelo ao amor, à unidade da igreja e à paz no mundo.

A jornada começou com o tradicional deslocamento do santo padre em seu papamóvel através da praça, onde saudou milhares de fiéis.

No início desta missa simbólica, León XIV recebeu das mãos dos cardeais os atributos de seu pontificado.

O cardeal Mario Zenari impôs-lhe o Pálio e o cardeal Luis Antonio Tagle entregou-lhe o Anel do Pescador, em um ritual onde se pôde ver o Papa emocionado.

Em seguida, a cerimônia continuou com o rito simbólico da "obediência", prestado ao Papa por doze representantes de todas as categorias do Povo de Deus, provenientes de várias partes do mundo.

Durante a homilia posterior, León XIV lembrou seu antecessor e pediu a unidade da igreja.

“Gostaria que nosso primeiro grande desejo fosse uma Igreja unida, um sinal de unidade e comunhão, que se tornasse um fermento para um mundo reconciliado”, disse.

“ nestes tempos que vivemos, ainda vemos demasiada discórdia, demasiadas feridas causadas pelo ódio, pela violência, pelo preconceito, pelo medo da diferença e por um paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres”, acrescentou.

O sumo pontífice concluiu com um apelo ao amor entre todos os homens.

“Irmãos, irmãs, esta é a hora do amor! (…) Juntos, como um só povo, todos irmãos, caminhemos ao encontro de Deus e amemo-nos uns aos outros”, concluiu.

León XIV conhece de perto a realidade cubana

José Alberto Escobar, delegado da Ordem de Santo Agostinho na ilha, assegurou que o novo Papa Leão XIV “carrega muito dentro do seu coração o povo cubano” e conhece de perto a sua realidade.

El religioso explicou que Prevost visitou Cuba em abril de 2008 e em fevereiro de 2011.

Em sua visita de 2008, o atual Bispo de Roma, que foi prior geral dos agostinianos de 2001 a 2013, "dedicou muito tempo para conhecer as comunidades em Chambas (Diocese de Ciego de Ávila) e em Puerto Padre (Diocese de Holguín)".

Enquanto três anos depois, em 2011, se concentrou “em presidir a Assembleia que os agustinianos temos anualmente, onde avaliamos e programamos os aspectos principais que têm a ver com nossa vida comunitária e pessoal em Cuba”.

Durante as visitas, Prevost “compartilhou com as pessoas de nossas paróquias, suas alegrias, inquietações, medos ou preocupações” e também “ouvindo, visitando, compartilhando em suas casas e até se hospedando em suas casas”, disse Escobar.

Escobar afirmou que o agora Santo Padre "viveu a missão desde sua juventude e sempre foi muito simples e autêntico nas relações pessoais com aqueles com quem se relaciona" e "manteve interesse em saber como é a vida de fé da Igreja em Cuba e de seus irmãos agostinianos".

O retorno dos agostinianos a Cuba

Recentemente, outro religioso em Cuba, Monseñor Emilio Aranguren Echeverría, o atual Bispo de Holguín, recordou a “marca de simplicidade” deixada pela visita em 2008 a Cuba do então prior geral dos Agostinianos.

Aranguren Echeverría contou que Prevost negociou o retorno dos agostinianos a Cuba após terem sido expulsos por Fidel Castro em 1961.

O atual bispo de Holguín, acompanhado pelo falecido cardeal Jaime Ortega, arcebispo de Havana, visitou em Roma Prevost em 2005, onde pediram o retorno dos agostinianos a Cuba.

A volta da ordem se concretizou um ano depois, primeiro em Ciego de Ávila, depois em Puerto Padre (Holguín) e, finalmente, em Havana, explica o bispo.

Prevost chegou então em 2008 para visitar os agostinianos cubanos na diocese de Holguín, especialmente na paróquia de Puerto Padre.

Como a casa paroquial anexa à paróquia de Puerto Padre estava em reparação, Robert Francis Prevost foi acolhido em uma casa de família durante os três dias de sua estadia, conta Aranguren.

“Hoje a alegria do senhor Manuel Miguel (quem o acolheu em sua casa), conhecido por todos como Manolín, é transbordante e ele mostra a todos um simples diploma que o padre Prevost lhe entregou por sua acolhida e pelo apoio que ofereceu aos frades da comunidade”, relata.

De Puerto Padre, o então prior dos agostinianos se transferiu para Holguín para se reunir com Aranguren e conhecer de perto a realidade do leste de Cuba.

"Indubitavelmente, o hoje Leão XIV deixou uma marca de simplicidade, de proximidade, de alegria ao ver como seus irmãos estavam evangelizando e servindo o amor de Deus em meio a uma realidade tão necessitada", disse.

O Papa e Cuba

Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito no início de maio como o Papa número 267 da Igreja Católica. É o primeiro Papa estadunidense e também possui cidadania peruana, após ter vivido anos naquele país.

O excardeal Prevost teve um vínculo direto com Cuba, país que visitou em várias ocasiões antes de seu nomeação como Sumo Pontífice.

Pouco depois de sua nomeação, tornou-se viral nas redes sociais uma foto sua em Havana ao lado do falecido dissidente Harold Cepero Escalante, diante da Catedral de Havana, em um momento de fraternidade cristã que ganha hoje um novo significado.

Cepero Escalante, membro do Movimento Cristão Libertação, morreu aos 32 anos em Granma quando estava em um carro com Oswaldo Payá. O evento foi classificado como “acidente” pelo governo, mas familiares, amigos e um relatório da Human Rights Foundation de 2015 atribuem a uma ação deliberada do regime.

Precisamente, após a eleição do novo Papa, Raúl Castro e Miguel Díaz-Canel enviaram mensagens de felicitação, interessados em mostrar uma imagem de harmonia e continuidade nas relações com o Vaticano.

Perguntas frequentes sobre a relação entre o Papa Leão XIV e Cuba

Quem liderou a delegação cubana que assistiu à missa inaugural do Papa Leão XIV?

A delegação cubana foi liderada pelo vice-presidente Salvador Valdés Mesa, que foi brevemente recebido pelo Papa Leão XIV. A delegação também incluía Caridad Diego e o vice-ministro de Relações Exteriores Elio Rodríguez.

Como se vinculou o Papa Leão XIV com Cuba antes de sua eleição?

O Papa Leão XIV visitou Cuba em várias ocasiões antes de sua eleição, especificamente em 2008 e 2011, quando era Prior Geral dos Agostinianos. Durante suas visitas, dedicou-se a conhecer as comunidades e a realidade cubana de perto, o que deixou uma marca de proximidade e simplicidade entre os cubanos.

Qual é a postura do Papa Leão XIV sobre a relação entre a Igreja e Cuba?

El Papa Leão XIV, que conhece profundamente a realidade cubana, tem mantido um interesse constante pela vida de fé em Cuba e pela relação da Igreja com o povo cubano. Sua eleição marca uma oportunidade para fortalecer os laços entre o Vaticano e Cuba, em um momento em que a ilha enfrenta importantes desafios sociais e econômicos.

Como o governo cubano reagiu à eleição do Papa Leão XIV?

O governo cubano, liderado por Raúl Castro e Miguel Díaz-Canel, parabenizou o Papa Leão XIV após sua eleição, expressando sua intenção de fortalecer as relações com a Santa Sé. As autoridades cubanas demonstraram interesse em manter uma imagem de continuidade e harmonia em suas relações com o Vaticano.

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