O drama que vive hoje o ex-lutador cubano Arturo Díaz expõe, mais uma vez, o desprezo com que o regime cubano trata aqueles que, alguma vez, deram glória ao país no esporte internacional.
Enquanto o governo repete sua retórica de "glórias esportivas" e "reconhecimento eterno", na prática, o que há é abandono, negligência e uma máquina midiática que tenta mascarar a verdade.
O caso de Díaz foi exposto pelo seu antigo companheiro da equipe nacional de luta, Roly Dámaso, que denunciou nas redes sociais no dia 9 de maio as deploráveis condições em que o medalhista se encontra internado em um hospital de Villa Clara.

"Dói ver as condições tão deprimentes do hospital de Villa Clara onde ele é atendido. Observa-se a falta de higiene que, nos dias de hoje, é muito característica em todos os hospitais de Cuba. Não faltam apenas os medicamentos, mas também a higiene e as condições mínimas necessárias", escreveu.
Segundo o depoimento, Díaz foi vítima de um procedimento médico inadequado em um policlínico, o que agravou seu estado. Ele foi transferido para outro centro por iniciativa de sua esposa, mas o atendimento continuou sendo precário.
"A nível dos procedimentos médicos, não eram os correspondentes, por isso teve que se trasladar a pedido de sua esposa para o hospital, e é aqui que estão o tratando com os poucos meios que têm", acrescentou Dámaso.
"Com muita dor, vejo meu ex-companheiro da equipe nacional de Luta, Arturo Díaz, em uma situação de saúde extrema", acrescentou Dámaso.
A denúncia gerou uma reação imediata do aparelho oficialista. O jornalista Pavel Otero, conhecido porta-voz do regime, tentou desacreditar a publicação, afirmando que as denúncias eram falsas.
Para isso, convocou Maritza Prado, chefe da Comissão Municipal de Atendimento a Atletas em Santa Clara. Segundo a funcionária, que enviou fotos, a Arturo são levados para casa insumos e o medicamento que precisa, além de receber a visita de uma enfermeira e uma médica.
"É difícil, quase impossível, que uma glória do esporte em Santa Clara esteja insatisfeita e descontentada com o atendimento que recebem dos diretores do INDER na região", afirmou Otero, que, no entanto, não se deu ao trabalho de conversar com o ex-atleta doente.
As respostas ao post do jornalista não se fizeram esperar.
"Não, Sr. Pavel, no 'dizem por aí', é uma realidade e essa foto é antiga, não é necessário ser jornalista para informar com veracidade. O senhor não o foi com este artigo", replicou Dámaso.
Também esclareceu que "essa foto é de março, sua condição piora a cada dia porque o mandaram para um policlínico que nem lençol tem na maca e o ambiente era repugnante, e por causa das publicações eles limparam, visite minha página para que você se informe da verdade".
A crítica a Otero foi direta e contundente, não apenas por parte de Dámaso. "Se perguntarem aos dirigentes, eles sempre dirão que está tudo bem, uma excelente maneira de fazer um jornalismo cômodo e conveniente. Seria interessante e ainda mais esclarecedor entrevistar diretamente os afetados e publicar o resultado real, sem rodeios nem evasões", questionou um cantor nos comentários.
A indignação foi crescendo com os depoimentos de outros casos similares. "Pergunte ao Misi, ex-carregador de bastões dos times Villa Clara e Las Villas de beisebol, ele está velhinho e vendendo caixas em frente a uma doceria para sobreviver", denunciou um usuário.
"Como disse Omar Ajete:... Oh, é verdade, ele não disse nada, porque o interromperam quando ele começou a dizer que o cartão não tinha combustível", ironizou outro.
"Não creio que emocionalmente eu possa me sentir bem com aquela casa em mau estado... nem pintada está. Ali se vê a gravidade da situação que estão enfrentando. Pega, Pavel, e compara um vídeo do Sandro com o seu e preste atenção no ambiente. É preciso aprender a ser observador", rematou outro internauta.
Os feitos de Arturo Díaz são indiscutíveis: sexto lugar nos Jogos Olímpicos de Moscovo 1980, medalha de bronze na Copa do Mundo de 1986, ouro e prata nos Jogos Pan-americanos de 1979 e múltiplas coroas em Jogos Centro-americanos e do Caribe.
Nenhum atleta cubano repetiu a façanha que conseguiu em San Juan em 1979, ganhando medalhas em ambas as modalidades: ouro na luta greco-romana e prata na luta livre.
E no entanto, nem o Estado nem sua imprensa oficial foram capazes de reconhecer seu deterioro, nem de garantir-lhe uma atenção médica digna.
"O sistema cubano está caindo aos pedaços e, em um caminho descendente, está destruindo o valente povo cubano. Quero ressaltar uma afirmação que captura a realidade atual de Cuba: o sistema socialista cubano é um sistema de governo fracassado, irreparável e obsoleto", sentenciou Roly Dámaso.
A história de Arturo Díaz não está isolada, mas é um reflexo de uma realidade sistemática: um país onde os heróis esportivos de ontem vivem hoje no esquecimento, e onde a verdade, assim como a dignidade, tenta ser apagada por aqueles que deveriam contá-la.
Perguntas frequentes sobre a atenção médica e o tratamento de glórias esportivas em Cuba
Que situação enfrenta o ex-lutador cubano Arturo Díaz no sistema de saúde cubano?
Arturo Díaz, exluchador cubano e ícone do esporte, enfrenta uma atenção médica deficiente em Cuba, destacada pela falta de higiene e recursos nos hospitais. A denúncia feita por seu excompanheiro, Roly Dámaso, ressalta a precariedade em que se encontra internado em um hospital de Villa Clara, agravada por procedimentos médicos inadequados e um ambiente hospitalar insalubre.
Que resposta deu o governo cubano às denúncias de abandono de glórias esportivas?
O governo cubano negou as acusações de abandono de glórias esportivas, assegurando que conta com apoio institucional. No entanto, depoimentos de atletas e seus familiares contradizem essa versão, evidenciando uma realidade de carências e falta de atenção adequada. Casos como o de Arturo Díaz refletem um padrão de abandono por parte do regime em relação àqueles que um dia trouxeram glória ao país.
Como o regime cubano reagiu às críticas sobre a gestão do sistema de saúde?
O regime cubano respondeu às críticas com desmentidos e ameaças legais àqueles que denunciam irregularidades na assistência médica. Apesar de reconhecer as carências em recursos e infraestrutura, o governo tem se concentrado em desacreditar os denunciantes e manter uma narrativa que minimiza as deficiências evidenciadas por múltiplos casos, como o de Arturo Díaz e outros pacientes em situações semelhantes.
Que papel desempenham as redes sociais na visibilidade dessas denúncias em Cuba?
As redes sociais têm sido fundamentais para dar visibilidade a denúncias de negligência e abandono em Cuba. Ativistas e cidadãos têm utilizado essas plataformas para expor casos concretos e pressionar o governo a agir, embora a resposta oficial tenha sido geralmente de repressão e desqualificação dos denunciantes. Casos como o de Arturo Díaz e outros ganharam atenção graças à divulgação nas redes, demonstrando o poder dessas ferramentas para mobilizar apoio e gerar consciência sobre a situação real no país.
Arquivado em: