Uma cubana residente no bairro Peralta, na cidade de Holguín, compartilhou nesta terça-feira nas redes sociais a chegada do café à sua bodega, após cinco meses de ausência do produto normatizado.
Em um vídeo publicado no TikTok pela usuária @meli.cubanita0, a jovem afirmou: “isso parece mentira, ou seja, nunca tinham vindo tantas coisas seguidas para a bodega, mas chegou o primeiro de maio e temos que ficar felizes, então chegou o café, que desde dezembro do ano passado não chegava, então venham comigo buscar o café.”
Durante o percurso, mostrou o momento em que foi à loja e explicou: “chegando à loja, o rapaz estava anotando o que nos cabia pela lista, foram 4 sacos de café por um custo de 44 pesos os 4, após 5 meses em falta.”
Reações: incredulidade, crítica e resignação
O vídeo gerou múltiplas reações entre cubanos dentro e fora da ilha. Alguns perguntaram: “Então ninguém estava tomando café desde dezembro, querido?”, enquanto outros questionaram se o produto entregue poderia realmente ser chamado de café. “O pior é que isso nem café é, ervilhas e sabe Deus o que mais”, comentou um usuário.
Várias pessoas apontaram que fora do sistema estatal é possível comprar café, mas a preços inalcanzáveis: “Claro que é possível, mas fora, quando não é regulado pelo governo, pode custar até 5 vezes mais e com o salário deles não dá para comprar. Quem compra fora é porque recebe dinheiro de fora.”
A própria criadora do conteúdo respondeu às dúvidas e explicou: “não, tomara que sim, mas se não te derem no próximo mês, possivelmente também não darão, e quando chega, chega o que é, independentemente do que faltou nos meses anteriores.”
Uma crise estrutural na produção de café
A escassez denunciada por esta jovem faz parte de um problema maior. Em províncias como Santiago de Cuba, mal conseguiu cumprir 65% do plano cafeeiro previsto até fevereiro deste ano, conforme admitiram autoridades em uma reunião da ANAP. Apesar de que o grão existe nos cafeeiros, não chega às bodegas por falta de força de trabalho, pagamentos atrasados e deficiências logísticas.
A situação tem obrigado muitos cubanos a pagar preços exorbitantes no mercado informal. “Aqui, a libra chega a custar até 200 pesos”, afirmou um produtor entrevistado na região. Outros, como aposentados em áreas rurais, optaram por cultivar e processar o grão em seus quintais.
Iniciativas estrangeiras e exportação
Em paralelo, o regime tenta amenizar a crise por meio de alianças internacionais. Em Guantánamo, o projeto Innova Café busca melhorar a eficiência produtiva utilizando energias renováveis, com fundos da Agência Andaluza de Cooperação Internacional. Parte da produção gerada será destinada à exportação sob o modelo de "comércio justo".
Embora essas ações tenham como objetivo recuperar o setor, a realidade é que o café continua escasseando na rede de distribuição estatal. A chegada pontual do produto às vésperas do 1º de maio parece ser, mais do que uma solução, uma tentativa de apaziguar os ânimos de uma população sobrecarregada pela escassez crônica de produtos básicos.
Perguntas frequentes sobre a escassez de produtos básicos em Cuba
Por que houve escassez de café em Cuba?
A escassez de café em Cuba deve-se a problemas estruturais na produção, como a falta de mão de obra, pagamentos atrasados e deficiências logísticas. Apesar de o grão existir nas plantações de café, ele não chega às armazéns devido a essas dificuldades. Além disso, a situação se agrava pela dependência do sistema estatal de distribuição, que não consegue abastecer adequadamente a população.
Como a escassez de produtos afeta a população cubana?
A escassez de produtos básicos em Cuba, como café, arroz e produtos de higiene, afeta gravemente a qualidade de vida da população, obrigando-a a depender do mercado informal, onde os preços são exorbitantes. Além disso, a irregularidade na distribuição por meio do cartão de racionamento aumenta a incerteza e o descontentamento entre os cidadãos.
Quais medidas o governo cubano está tomando para enfrentar a crise de abastecimento?
O governo cubano tem tentado mitigar a crise por meio de alianças internacionais e projetos como o Innova Café, que busca melhorar a eficiência produtiva utilizando energias renováveis. No entanto, essas medidas são insuficientes e a escassez persiste. O governo admite a crise, mas as soluções propostas, como aperfeiçoar a gestão e reduzir subsídios, não melhoraram a situação de maneira significativa.
Quais alternativas têm os cubanos diante da escassez de alimentos e produtos básicos?
Diante da escassez, muitos cubanos recorrem ao mercado informal para adquirir produtos básicos, embora a preços muito altos. Outros optaram por cultivar seus próprios alimentos em pátios ou pequenos hortos. No entanto, essas alternativas não são viáveis para todos, e a maioria da população continua enfrentando sérias dificuldades para acessar produtos essenciais.
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