Feminicídios: 20% dos assassinatos em Camagüey foram por violência de gênero nos últimos três anos

A violência contra as mulheres foi responsável por um em cada cinco assassinatos na província de Camagüey no período de 2022 a 2025. Especialistas exigem medidas urgentes para proteger este segmento populacional.

Especialistas concordam que esses crimes se tornaram um alerta nos últimos anos em Cuba (Imagem de referência. Conteúdo sensível)Foto © ABI

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O 20 % dos assassinatos registrados em Camagüey entre 2022 e 2025 foram feminicídios, dado revelado recentemente por pesquisadores nessa província.

Esses crimes, considerados a expressão mais extrema da violência contra a mulher, tornaram-se “um alerta nos últimos anos em nosso país”, reconheceu o jornal oficialista Adelante, em um relatório da Jornada Científica Provincial de Saúde Mental, realizada na semana passada.

A pesquisa apresentada sobre o tema busca “gerar ações voltadas à proteção de mulheres e meninas contra a violência e materializar serviços de qualidade para ajudar as vítimas sobreviventes desses abusos”, conforme destacou o jornal, que não forneceu outros dados sobre o estudo.

Até 14 de abril, o Observatório de Gênero de Alas Tensas e a plataforma Yo Sí Te Creo en Cuba haviam confirmado pelo menos 11 feminicídios no país até o momento em 2025. Ambas as organizações independentes investigam outras cinco alertas em Santiago de Cuba (2), Artemisa, Matanzas e Havana.

A cifra pode chegar a 12 se for confirmado como feminicídio o caso de uma mãe cubana esfaqueada pelo seu parceiro em Santiago de Cuba no dia 16 de abril, na presença de sua filha pequena e de sua mãe doente, embora as plataformas não tenham se pronunciado sobre este crime.

Organizações feministas e ativistas independentes continuam denunciando a ausência de uma lei integral contra a violência de gênero em Cuba, a falta de abrigos para mulheres em situação de risco e a escassa visibilidade oficial desses crimes.

O governo cubano não reconhece o termo “feminicídio” nem o tipificou como crime no Código Penal em vigor desde 2022. No entanto, teve que admitir o aumento da violência machista contra as mulheres, e dos crimes decorrentes disso nos últimos anos.

Inclusivamente, o governante Miguel Díaz-Canel afirmou “categoricamente que essa é uma construção midiática alheia completamente à realidade cubana”. A justificativa para não fazê-lo, segundo o mandatário, é que não existe “inatividade estatal” perante esses crimes.

Alerta pelo "químico" entre adolescentes e jovens

No evento científico realizado em Camagüey, os especialistas também alertaram sobre o aumento do consumo do chamado “químico” e outras drogas, com um impacto crescente entre adolescentes e jovens.

O tema foi abordado durante a mesa-redonda "As condutas aditivas nos adolescentes", com a participação de profissionais do Hospital Pediátrico Eduardo Agramonte Piña, da Direção de Educação e membros do Ministério do Interior (Minint).

Os especialistas discutiram estatísticas por sexo, idade e tipo de droga, bem como as razões que motivam o consumo e os danos que isso causa em adolescentes e jovens, conforme informou Adelante, que não forneceu detalhes precisos a respeito.

Na jornada científica foram apresentadas mais de 40 palestras relacionadas ao suicídio, às drogas, aos protocolos de enfermagem, fármacos e terapias, ao comportamento dissocial em adolescentes, à fobia escolar, à neuroplasticidade e à atenção multidisciplinar aos pacientes oncológicos.

Perguntas frequentes sobre feminicídios e violência de gênero em Cuba

Qual a porcentagem de assassinatos em Camagüey que são feminicídios?

Vinte por cento dos assassinatos em Camagüey entre 2022 e 2025 foram feminicídios. Este dado foi apresentado durante uma Jornada científica provincial de saúde mental e ressalta a gravidade da violência de gênero nesse território.

Como se aborda o feminicídio no Código Penal cubano?

O feminicídio não está tipificado como delito no Código Penal cubano. Apesar do reconhecimento do aumento da violência machista, o governo não incluiu esse termo em seu âmbito legal, o que dificulta o tratamento adequado desses crimes.

Quais medidas o governo cubano implementou contra a violência de gênero?

O governo cubano criou um sistema nacional de registro e monitoramento da violência de gênero e anunciou uma linha telefônica para atendimento a vítimas em 40 municípios. No entanto, a efetividade dessas medidas está limitada pela falta de transparência e pela ausência de tipificação do feminicídio como crime.

Como podem ser denunciados os feminicídios em Cuba?

As plataformas feministas recomendam o uso de mensageiros criptografados como WhatsApp ou Messenger para fazer denúncias seguras. Também é possível relatar feminicídios através de e-mails e números de telefone fornecidos por organizações como Alas Tensas e Yo Sí Te Creo em Cuba.

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