Miguel Díaz-Canel deixou nesta terça-feira curiosas reflexões sobre as deportações de imigrantes dos Estados Unidos e suas implicações para Cuba, em meio às novas restrições migratórias aplicadas por Washington.
Durante uma entrevista com quatro comunicadores espanhóis gravada no âmbito do "Colóquio Pátria", Díaz-Canel criticou as deportações em massa a partir dos Estados Unidos.
As qualificou como "irresponsáveis" por parte do governo dos Estados Unidos, ao qual acusou de ter promovido anteriormente a imigração, e usou como exemplo o caso cubano, que considera paradigmático pela Lei de Ajuste Cubano, que concede vantagens aos cidadãos da ilha em relação aos demais.
"Eu acho que não é responsável, que não é justo, que um país que incentivou a emigração, que vendeu o sonho americano não apenas para os cubanos, mas para os latino-americanos e pessoas de todo o mundo, agora esteja falando de deportações em massa, injustas, com base em quais leis?, com base em quais conceitos do direito?", questionou.
O mandatário cubano qualificou as deportações em massa de “agressivas, brutais e desumanas”.
“Eu acredito que o que deve prevalecer nas relações entre os países no mundo, o que deve prevalecer no tratamento de um problema tão global como é a migração, é que haja uma harmonia e que haja uma garantia para as pessoas exercerem seus direitos e não uma repressão... e muito menos as deportações em massa”, disse também, mencionando palavras que em sua boca ardem.
Díaz-Canel não apenas falou sobre a necessidade de buscar “uma garantia para que as pessoas possam exercer seus direitos", mas também, em um gesto de bondade curioso, indicou que o governo que preside “proibiu” que os deportados desçam do avião algemados.
Ello, como se o mero retorno a Cuba já não implicasse uma condenação simbólica a levar algemas e mordaça.
"Nós, em Cuba, proibimos que as pessoas cheguem em Cuba algemadas. Um deportado para Cuba não pode desembarcar algemado. Não aceitamos isso. Ninguém chega ao solo cubano algemado. É preciso ter também dignidade ao alcançar um acordo migratório. É uma questão muito sensível para as pessoas envolvidas nessas situações”, disse.
Díaz-Canel também se destacou ao indicar que para Cuba, em particular, as deportações não são novidade, uma vez que existe um acordo migratório com os EUA que regula esse assunto para a ilha.
“Isso que está parecendo novo para outros países nós temos de acordo com os EUA, mas não aceitamos pressões na deportação. Estamos trabalhando com os conceitos que são fiéis a esses acordos migratórios”, ressaltou.
O governante precisou que o motivo pelo qual Cuba chegou a esses acordos foi para fomentar “uma migração ordenada, uma emigração segura e uma emigração por via legal”.
Díaz-Canel também se referiu a reformas na política migratória em Cuba que eliminaram restrições para que os cubanos pudessem sair do país, e ironizou sobre os cubanos que saíram do país de forma legal e se tornaram “ilegais” ao assumirem as travessias centro-americanas para chegar à fronteira sul dos EUA.
Sem o menor senso de autocrítica em relação à crítica situação econômica que levou milhares de cubanos a deixar para trás suas vidas em busca de um futuro melhor, Díaz-Canel enumerou com certo desdém aqueles que se dispuseram a enfrentar duras travessias pela América Central.
“São aqueles que vocês veem passando pelo México, alguns se meteram no lío do Darién, outros vêm de países centro-americanos tentando chegar à fronteira. Saíram legalmente de Cuba e, no entanto, se tornam ilegais em razão dessas políticas”, disse.
No segmento final, Díaz-Canel mencionou um compromisso que nem sempre os Estados Unidos cumpriram, que era conceder, no mínimo, 20.000 vistos.
Perguntas frequentes sobre as deportações de migrantes cubanos dos EUA.
O que opina Díaz-Canel sobre as deportações em massa de cubanos dos EUA?
Díaz-Canel considera que as deportações em massa de cubanos desde os Estados Unidos são "irresponsáveis" e "agressivas". O mandatário cubano critica essas ações do governo americano, acusando-o de fomentar previamente a imigração e de aplicar políticas "desumanas".
Como a política migratória dos EUA está afetando Cuba?
A política migratória dos EUA está aumentando a pressão sobre Cuba ao provocar um êxodo massivo de cidadãos. A administração de Donald Trump endureceu as políticas migratórias, o que levou a um aumento das deportações e a uma crise migratória na ilha.
Quais medidas o governo cubano tomou em relação às deportações dos EUA?
O governo cubano estabeleceu que os deportados não sejam desembarcados algemados no aeroporto. Além disso, expressou sua disposição para receber os deportados desde que sejam respeitados os acordos bilaterais existentes entre os dois países.
Quais são as causas do êxodo em massa de cubanos para os EUA?
O êxodo em massa de cubanos deve-se à crítica situação econômica, à repressão política e à falta de oportunidades na ilha. Essas condições têm levado milhares de cubanos a buscar uma vida melhor fora de Cuba, apesar dos riscos que a migração irregular envolve.
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