Cresce a indignação entre os cubanos após a abertura de supermercado apenas em dólares em Havana

Uma cliente relatou que o troco deve ser dado em dólares, mas como não havia moedas, a caixa completou o valor com biscoitos e balas.

Tienda en MLC (Imagen de referencia) © Tiendas Caribe Las Tunas / Facebook
Loja em MLC (Imagem de referência)Foto © Tiendas Caribe Las Tunas / Facebook

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A recente abertura em Havana de um mercado que aceita apenas dólares em dinheiro ou cartões vinculados a contas em moedas estrangeiras como forma de pagamento gerou grande indignação na população.

O local está situado na 3ª Avenida com 70, no município de Playa, em frente ao antigo que opera com Moeda Livremente Convertible (MLC), mas, ao contrário deste, está muito bem abastecido com produtos nacionais e estrangeiros.

No seu interior, há alimentos, produtos de higiene pessoal e de limpeza, suprimentos para o lar e eletrodomésticos; no entanto, as poucas opções de pagamento negam à maioria dos usuários a possibilidade de acessar os produtos.

"É uma total falta de respeito. Primeiro o MLC, não aceitavam USD, apenas euros, e agora é USD, não aceitam euros nessa loja. A do lado, que é MLC, está completamente vazia, e a nova em USD, está cheia até o teto. Poxa, até quando isso? A onde querem nos levar", disse uma habanera em um post de CiberCuba no Facebook.

Captura do Facebook / CiberCuba Notícias

"Agora sim, o dólar vai subir como espuma, que triste para as pessoas que não recebem dólares; assim foi com o MLC, para comprar um presunto ou um molho para massas eu tenho que comprar pelo preço que estiver. Que miséria, quanta dor e repugnância sinto", expressou uma autônoma.

"É preciso ser desavergonhados; não têm comida para o povo na moeda nacional, mas em dólar aparece de tudo. Isso é para que vejam aqueles que não querem enxergar, onde diabos está o bloqueio. Nem nos pagam em dólares, nem nos pagarão", afirmou um trabalhador autônomo.

Uma cliente relatou que, ao pagar uma compra, o troco no caixa deve ser em USD, mas como não há moedas, o que acontece na verdade é que: "eles completam o valor com biscoitos ou balas".

O supermercado faz parte do Hotel Gran Muthu Habana, inaugurado em 2023 e administrado pela rede MGM Muthu Hotels e pelo grupo Gaviota, controlado pela cúpula militar do regime.

Os pagamentos podem ser feitos em dólares em dinheiro, com o cartão Clássico da Fincimex ou com um novo cartão especial da financeira da GAESA que é recarregado do exterior.

"Cada vez fico mais surpreso, quando se pensa que as coisas não podem ficar piores, este governo dá um jeito de te mostrar que sim, é possível. É uma falta de respeito com o cubano comum, com aquele que trabalha para eles e recebe um pagamento em uma moeda que não é a sua", comentou uma mãe de família.

"Estão colocando o cubano que se foi para manter o país, assim é simples", afirmou um residente em West Palm Beach.

"Nossa moeda é insignificante, não deveria existir", apontou um cienfueguero.

"El MLC é o dólar depositado em cartão que já está no banco e você só tem um carton com um número. Agora, nem mesmo esse seu dólar depositado no banco para comprar nessa loja tem valor? Como se pode chamar isso? Por isso, quanto mais humilde e mais necessidades o povo tiver, obrigando os familiares emigrados a enviar divisas para tantas e tantas necessidades, a pobreza se transforma em um verdadeiro negócio! A inflação e a perda do valor da moeda nacional que o trabalhador e o aposentado recebem apenas agravam essa pobreza. Quanto mais pobreza, mais lucro!" considerou um homem.

Com este senhor, coincidiu o humorista Otto Ortiz, que classificou como injusta a recusa de algumas lojas em aceitar pagamentos em MLC.

"Minha dúvida é: o MLC não são dólares que entregamos ao Estado? Então, o que fazemos com eles? Os negócios particulares também podem optar por cobrar apenas nessas moedas?", questionou.

Este novo mercado é um reflexo da dolarização da economia cubana, com o regime priorizando a venda em dólares a todo custo para captar moeda forte e tentar impor ordem no caos nacional, enquanto o povo mal sobrevive com um peso cubano cada vez mais desvalorizado.

Em dezembro, o governo aprovou um documento que regula a "dolarização parcial da economia", conforme anunciou o primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz na Assembleia Nacional.

Perguntas frequentes sobre a abertura do supermercado em dólares em Havana

Por que a abertura do supermercado em dólares em Havana gerou indignação?

A abertura do supermercado em dólares em Havana gerou indignação, pois limita o acesso a produtos básicos para aqueles que não possuem dólares, uma realidade para a maioria da população cubana que recebe seu salário em pesos cubanos. A exclusão econômica representada por este novo estabelecimento é vista como um reflexo da crescente desigualdade e da dolarização da economia cubana, enquanto o peso cubano continua a se desvalorizar.

Qual é o impacto deste supermercado na economia cubana?

O supermercado em dólares reflete a dolarização parcial da economia cubana, um processo que busca captar divisas fortes, mas que ao mesmo tempo agrava as desigualdades sociais. A falta de acesso a divisas por parte da população cria uma segmentação econômica onde apenas aqueles que têm acesso a dólares conseguem adquirir produtos, o que intensifica a crise econômica e social na ilha.

Quais formas de pagamento são aceitas no novo supermercado de Havana?

O supermercado em Havana aceita apenas pagamentos em dólares em espécie, com o cartão Clássico da Fincimex ou com um cartão especial da GAESA recarregado do exterior. Essa restrição exclui aqueles que possuem apenas moeda nacional ou MLC, limitando ainda mais o acesso aos produtos oferecidos neste estabelecimento.

Que produtos podem ser encontrados no supermercado da 3ª com a 70?

O supermercado da 3ra e 70 está bem abastecido com produtos nacionais e estrangeiros, incluindo embutidos, cervejas, refrigerantes, carnes, sucos, óleos, massas, biscoitos, produtos de higiene pessoal, limpeza e eletrodomésticos. No entanto, os preços são elevados e superam o salário mensal médio em pesos cubanos, o que dificulta o acesso para a maioria da população.

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Redação de CiberCuba

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