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O popular ator, humorista, roteirista e diretor de televisão e teatro Ulises Toirac não confia nas quedas do dólar e do euro em relação ao câmbio para pesos cubanos, após o anúncio do primeiro-ministro, Manuel Marrero, de que, em 2025, funcionará uma taxa variável (o regime se referiu a ela como taxa flutuante).
A Toirac chama a atenção que, ao mesmo tempo em que o euro e o dólar estão em queda, os preços dos produtos e serviços estão subindo. Na sua opinião, "o Estado não pode injetar a taxa indefinidamente e então vem a 'cagástrofe'. Não sou Noscagamus... conta de bodegueiro", escreveu em seu perfil no Facebook.
Para Toirac, as consequências dessa 'nova' medida governamental provavelmente resultarão em mais do mesmo, embora ele se expresse de outra forma. "Verde e com ponta..." (guanábana), como se diz em Cuba.
Após o anúncio de Marrero durante a última sessão do Parlamento, em dezembro de 2024, o peso cubano apresentou uma leve valorização na Taxa Representativa do Mercado Informal (TRMI), publicada diariamente pelo TOQUE e mencionada pelo CiberCuba. De acordo com o acompanhamento da moeda, o dólar caiu de 325 pesos, que era a cotação entre 14 e 17 de dezembro, para 300 pesos, que é a marca registrada neste 30 de dezembro.
O descenso, segundo os especialistas, pode ser atribuído ao aumento da chegada de cubanos que viajam para a Ilha para passar o fim de ano, o que resulta na circulação de mais divisas. Com uma oferta maior e a mesma demanda, a lei do mercado leva à queda dos preços.
No entanto, a medida também pode ser resultado de uma ação estatal, como sugere Ulises Toirac, o que nos leva a acreditar que essa ação não pode ser indefinida e, no momento em que cessar, a taxa de câmbio disparará.
A análise do humorista rapidamente se encheu de comentários, como o de Gabriel Jarquin Velázquez, que lamenta que o regime continue a afirmar que "o problema de Cuba é econômico e não político".
Outra usuária do Facebook, Ana Judith Rizo, brinca que "tomara que em Cuba existisse um Conselho de Ministros formado por bodegueros", em referência à análise simples que o humorista propõe em sua postagem.
Na mesma linha, Zuren Matutes Fabelo ressalta que "essa gente continua jogando o jogo do comunismo, para manter controle absoluto sobre todo o dinheiro que circula, quando está mais do que comprovado que essas políticas econômicas de esquerda não funcionam", disse em referência ao primeiro-ministro Manuel Marrero.
Menos fe demonstra José Luis Villa Zulueta. "Em resumo, os desleixados lançando pedras às cegas para tentar acertar em algo", insistiu, referindo-se à política de tentativa e erro que, desde o início da Tarefa de Ordenamento em 2021, o regime de Miguel Díaz-Canel vem defendendo, até reconhecer em 2023 que havia sido um fracasso.
A modo de conclusão, e apoiando a opinião de Ulises Toirac, o usuário do Facebook Eliéser Díaz alertou que essa nova medida do regime terá um "efeito bumerangue". "Até quando os experimentos?", perguntou Noel Domínguez. Kuba King resumiu tudo de forma contundente: "Vou jogar uns 400 pesos para fevereiro... Digam que estou louco", ao que Ulises Toirac respondeu que, em sua opinião, isso ainda é tímido.
Sessenta anos de experiência
Ulises Toirac brincou com a experiência que acumulou ao longo de sessenta anos em Cuba, a qual lhe permite avaliar o que espera a ilha em 2025. "Viver mais de sessenta vezes a experiência e passar por todos os estados econômicos e laborais proporciona isso: ter uma forma justa de apreciar, de ter bom senso. Estados comparativos são chamados pelos 'cabeças pesadas'.", escreveu no Facebook.
O humorista acredita que este ano de 2024 foi "o pior", mas não se atreve a garantir que 2025 será melhor. "Este sem dúvida é o pior, embora eu reconheça que poderia ser ainda pior. Ter a idade que mencionei antes me ensinou que nunca se pode afirmar que 'é impossível ficar pior'! É mentira! Se você for atropelado, o motorista fugir, não houver ninguém por perto, a bateria do seu celular acabar e ainda estiver chovendo... sempre existe a possibilidade de, além disso, você soltar um gás e se sujar, só para dar um exemplo. Sempre há uma maneira de ficar em uma situação pior. Eu te asseguro", comentou o humorista.
E confessa, sem conseguir conter um sorriso, que teve um ano de 2024 difícil. "Este foi meu pior ano por várias razões, tanto do ponto de vista pessoal, ou seja, em nível individual, quanto social. Ao ver que a crise econômica que afeta o mundo todo aqui assume proporções insanas e que não se vislumbra uma direção que pelo menos me traga alguma esperança de que as coisas vão melhorar com uma medida ou outra... É duro. Se a isso somamos uma profunda carência no que diz respeito a vestuário, alimentação e dinheiro... Enfim, não é por nada... Só me falta mesmo o resto."
No entanto, sendo um humorista, ele sempre acrescenta uma pitada de otimismo aos seus textos: "Por isso, não deixo de trabalhar, de escrever, de fundar, de planejar. Viver é isso: mover-se. Outra coisa seria sobreviver em modo crustáceo, e a vida já é muito curta para pausar e hibernar", concluiu.
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