A reconhecida atriz e ativista trans cubana Kiriam Gutiérrez recebeu nesta sexta-feira, no hospital onde cuida de seu pai doente, o prêmio Emmy na categoria de Diversidade, Equidade e Inclusão, prêmio que havia conquistado no início deste mês.
Gutierrez é a primeira mulher trans cubana a receber um prêmio Emmy na categoria regional "Suncoast" por sua participação na série documental Ser Trans, produzida pelo Martí Noticias.
Em um vídeo emotivo publicado em seu perfil no Facebook, a ativista mostrou o prêmio e o dedicou à comunidade LGBTIQ de Cuba, com uma mensagem de solidariedade para aqueles que "por muitos anos foram humilhados, violentados, desterrados e encarcerados".
A atriz de 47 anos, que se tornou uma referência no ativismo trans, também recordou os membros da comunidade que sofreram nas Unidades Militares de Ajuda à Produção (UMAP) durante a repressão dos anos 70, assim como aqueles que foram forçados ao exílio no êxodo do Mariel em 1980, e aqueles que foram encarcerados por ter identidades trans.
"Este prêmio é para a comunidade trans que passou por tantas dificuldades, para as transformistas corajosas que me inspiraram, para todas as minhas companheiras no exílio que tiveram que partir por serem quem são", expressou.
A série Ser trans, que está disponível gratuitamente no YouTube, busca dar visibilidade à luta e à história da comunidade trans em Cuba desde 1959, destacando os eventos e momentos que foram sistematicamente silenciados pelo Governo cubano.
De acordo com seus promotores, a série reúne depoimentos da comunidade trans tanto na ilha quanto no exílio, assim como de pessoas que dedicaram suas vidas ao transformismo, uma arte que durante décadas foi censurada em Cuba, mas que permaneceu viva em festas privadas e em espaços ocultos.
A carreira de Kiriam Gutiérrez tem sido fundamental para dar visibilidade ao trabalho artístico e ao ativismo da comunidade trans em Cuba.
Ao longo de sua trajetória, tem liderado diversas iniciativas em defesa dos direitos LGBTIQ, como a campanha de saúde contra o HIV no ano 2000.
A atriz, de 47 anos, também foi a primeira mulher trans a atuar no cinema e na televisão cubanos. Ela foi a protagonista do videoclipe "Lola", que há quase 20 anos foi filmado pela então popular banda Moneda Dura. O vídeo foi censurado até 2008 por apresentar uma mulher trans como protagonista.
Além disso, Gutiérrez foi fundamental na produção do videoclipe "Es mi vida", lançado em março de 2021 como parte da Jornada Cubana contra a Homofobia e a Transfobia.
Apesar desses avanços em visibilidade e direitos, a comunidade trans em Cuba ainda enfrenta graves desafios. A falta de marcos legais que protejam as pessoas trans contra a violação de seus direitos é um dos maiores obstáculos, junto com a discriminação e o bullying na sociedade.
O regime cubano também tenta silenciar o ativismo. Esta semana, impôs prisão domiciliar a Gutiérrez para que ele não assistisse à estreia de seu filme Matar um Homem, censurado durante o 45º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana.
Perguntas frequentes sobre a atriz cubana Kiriam Gutiérrez e seu ativismo
Por que Kiriam Gutiérrez foi reconhecida com um prêmio Emmy?
Kiriam Gutiérrez recebeu um prêmio Emmy na categoria de Diversidade, Equidade e Inclusão, por sua participação na série documental "Ser Trans". Este reconhecimento destaca sua contribuição para tornar visível a luta e a história da comunidade trans em Cuba.
Qual é a importância da série "Ser Trans" na comunidade cubana?
A série "Ser Trans" é importante porque visibiliza a luta e a história da comunidade trans em Cuba desde 1959, abordando eventos que têm sido sistematicamente silenciados pelo governo cubano. Reúne depoimentos tanto da ilha quanto do exílio, o que a torna uma peça chave para compreender as realidades do coletivo trans em Cuba.
Como Kiriam Gutiérrez tem enfrentado a repressão do regime cubano?
Kiriam Gutiérrez denunciou publicamente a repressão que sofre e continuou seu ativismo apesar das adversidades. Tem sido alvo de censura e prisão domiciliar, mas continua sendo uma figura fundamental na defesa dos direitos da comunidade LGBTIQ+ em Cuba.
Quais são os obstáculos enfrentados pela comunidade trans em Cuba?
A comunidade trans em Cuba enfrenta a falta de marcos legais que protejam seus direitos, além de discriminação e bullying na sociedade. Apesar de alguns avanços em visibilidade, o regime cubano continua tentando silenciar o ativismo, perpetuando um contexto hostil para essas pessoas.
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