Panamá responde a Trump após sua ameaça de exigir a devolução do Canal

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, respondeu com firmeza às declarações de Trump.


O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, desencadeou uma crise diplomática com o Panamá ao sugerir que sua administração poderia retomar o controle do Canal do Panamá.

Durante um evento no Arizona, Trump criticou a cessão do canal feita em 1977 pelo então presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, e chamou de "ridículas" as tarifas cobradas pelo Panamá para o trânsito de barcos.

Trump afirmou que as tarifas atuais do Canal afetam injustamente a Marinha e o comércio dos Estados Unidos.

Também expressou preocupação com a influência da China na via interoceânica. "Nunca deixaríamos e nunca deixaremos que isso caia em mãos erradas", destacou.

"Se o Panamá não puder garantir uma operação segura, eficiente e confiável do canal, então exigiremos que ele nos seja devolvido, sem dúvida", alertou em uma publicação adicional no Truth Social.

Trump classificou as tarifas atuais como “absurdas” e uma “fraude absoluta”, assegurando que “o Canal do Panamá é um ativo nacional vital para os Estados Unidos devido ao seu papel crítico na economia e na segurança nacional”. O magnata insinuou que, sob sua liderança, essas condições não seriam aceitas.

“Se os princípios, tanto morais quanto legais, deste gesto magnânimo de generosidade não forem respeitados, exigiremos que o Canal do Panamá seja devolvido aos Estados Unidos”, disse Trump. “Portanto, senhores funcionários do Panamá, peço que se orientem de acordo”, advertiu.

O Canal do Panamá, finalizado pelos Estados Unidos em 1914, foi entregue ao Panamá em 31 de dezembro de 1999, conforme os acordos do tratado Torrijos-Carter, assinado em 1977.

Desde então, o Panamá tem administrado o canal com sucesso, gerando receitas de quase 5 bilhões de dólares no ano fiscal de 2024 e repassando ao fisco 2,47 bilhões de dólares.

Resposta do Panamá e apoio internacional

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, respondeu com firmeza às declarações de Trump.

"O canal é do Panamá e continuará sendo. A soberania e a independência do nosso país não são negociáveis", afirmou Mulino em um vídeo compartilhado no X. O presidente destacou que a administração panamenha tem garantido uma operação eficiente e rentável, defendendo as tarifas como necessárias para sua manutenção.

Desde a China, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, manifestou seu apoio ao Panamá, lembrando as históricas manifestações da China em favor da soberania panamenha sobre o canal.

"Acreditamos que, sob a gestão eficiente do Panamá, o Canal continuará a fazer novas contribuições para a integração global", afirmou.

O presidente panamenho, que mencionou os tratados que garantem a soberania do canal, explicou que as tarifas são estabelecidas de maneira pública e em audiência aberta.

Trump, por meio de sua rede social Truth Social, afirmou: “Já veremos”.

Pouco depois, compartilhou uma imagem de uma bandeira dos Estados Unidos com a mensagem: "Bem-vindo ao canal dos Estados Unidos".

Captura do Truth Social

O canal como peça estratégica

O Canal do Panamá é um eixo fundamental do comércio mundial, pois permite que os navios conectem os oceanos Atlântico e Pacífico sem contornar a América do Sul.

Em 2023, enfrentou desafios operacionais devido à seca, o que resultou em um aumento nas tarifas para reservar espaços de trânsito.

O Panamá, que tem os Estados Unidos, China, Japão e Coreia do Sul como principais usuários do canal, voltou à normalidade em suas operações após superar as restrições climáticas.

No entanto, esperam-se ajustes nas tarifas para 2025.

Embora Trump assuma oficialmente a presidência em 20 de janeiro, ele já começou a exercer pressão política nos últimos dias da administração de Joe Biden.

Em Arizona, durante o evento conservador AmericaFest, prometeu uma "Era Dourada" para os Estados Unidos, com uma economia próspera, fronteiras seguras e a resolução de conflitos internacionais como os do Oriente Médio e da Ucrânia.

Nesse contexto, a ameaça de retomar o Canal do Panamá se junta a uma crescente lista de promessas e medidas que o republicano busca implementar em seu próximo mandato.

Perguntas frequentes sobre a crise diplomática entre os Estados Unidos e o Panamá em relação ao Canal do Panamá

Por que Donald Trump ameaça recuperar o Canal do Panamá?

Donald Trump ameaça recuperar o Canal do Panamá devido ao seu desacordo com as tarifas atuais para o trânsito de navios, as quais considera "absurdas" e "uma fraude absoluta". Além disso, expressa preocupação com a influência da China na via e questiona a capacidade do Panamá de garantir uma operação segura do canal.

Qual tem sido a resposta do Panamá às declarações de Trump sobre o Canal?

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, respondeu com firmeza, afirmando que o canal pertence ao Panamá e continuará sendo assim. Mulino defendeu a soberania e independência de seu país, destacando que a administração panamenha tem garantido uma operação eficiente e rentável do canal.

Qual é a influência da China no Canal do Panamá segundo Trump?

Donald Trump expressou preocupação com a influência da China no Canal do Panamá, sugerindo que esse fator poderia comprometer a segurança e o controle da passagem interoceânica. No entanto, não foram fornecidos detalhes específicos sobre como essa influência se manifesta.

Qual é o papel do Canal do Panamá no comércio mundial?

O Canal do Panamá é um eixo fundamental do comércio mundial, permitindo que os navios conectem os oceanos Atlântico e Pacífico sem precisar contornar a América do Sul. Essa via é crucial para o comércio internacional e para países como os Estados Unidos, China, Japão e Coreia do Sul, que são seus principais usuários.

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