A uma década do "aquecimento" promovido por Obama e após a recente convocação da "Marcha do Povo Combatente", anunciada por Díaz-Canel, o subsecretário de Estado dos EUA, Brian Nichols, esclareceu ao governante que a única solução para Cuba continua sendo a "democracia".
Em uma recente entrevista com o jornalista Mario J. Pentón, Nichols revisitou os últimos dez anos em Cuba e concluiu que não houve reformas significativas após o restabelecimento das relações diplomáticas.
Nichols acredita que o regime cubano desperdiçou a oportunidade de implementar mudanças democráticas após o histórico distanciamento diplomático iniciado em dezembro de 2014.
"A restauração das relações diplomáticas sob a administração Obama foi um passo importante para melhorar a vida dos cidadãos cubanos e abordar problemas como a falta de democracia na ilha... No entanto, as reformas que gostaríamos de ter visto em Cuba não aconteceram", apontou.
Nichols lembrou que, durante e após as negociações que levaram ao "desgelo", o regime intensificou a repressão.
"Em 2021, testemunhamos uma onda de repressão que surpreendeu o mundo, um enorme retrocesso para o bem-estar do povo cubano e da comunidade internacional. Foi uma oportunidade perdida por parte do regime", lamentou.
Crise humanitária e fome em Cuba
O subsecretário destacou, além disso, que não apenas aumentou a repressão, mas que a situação na ilha se deteriorou ainda mais nos últimos anos, empurrando a população para condições extremas de miséria e fome.
"Há fome, talvez não uma grande fome, mas sim muita fome em Cuba", afirmou o alto funcionário americano.
O político norte-americano defendeu que, em um contexto semelhante, os Estados Unidos devem se esforçar para apoiar o setor privado por meio de mudanças nas regulamentações econômicas que buscam melhorar o bem-estar dos cidadãos comuns.
Em maio, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro anunciou medidas destinadas a apoiar os empreendedores do setor privado independente cubano.
Essas incluem a abertura de contas bancárias nos Estados Unidos para cidadãos cubanos não ligados ao Partido Comunista, bem como a autorização de transações U-turn, que haviam sido eliminadas em 2019.
Foram aprovados, além disso, serviços em plataformas digitais como videoconferências, jogos online e aprendizado eletrônico, com o objetivo de "ajudar o povo cubano, incluindo os empreendedores do setor privado independente".
Esse enfoque busca fomentar a atividade econômica independente, embora o regime continue a impor entraves que dificultam o desenvolvimento do setor privado na ilha.
No entanto, o subsecretário de Estado considera que as recorrentes restrições impostas pelo Governo, como a recente proibição do comércio atacadista sem a intermediação de empresas estatais, dificultam a gestão dos empreendedores.
A democracia como a única solução
Para Nichols, portanto, a solução para a crise cubana reside no estabelecimento da democracia.
"A solução para os problemas que Cuba enfrenta neste momento é a democracia e um aumento das liberdades", afirmou, acrescentando que a abertura política permitiria um maior crescimento econômico.
"Não se podem tratar os sintomas, como os apagões, sem abordar a verdadeira doença: a falta de democracia em Cuba", concluiu.
Enquanto isso, totalmente alheio ao que a palavra "democracia" implica, o governante cubano Miguel Díaz-Canel reiterou em uma publicação no X nesta terça-feira a realização de uma "Marcha do Povo Combatente" no dia 20 de dezembro.
Perguntas frequentes sobre a resposta dos EUA à marcha convocada por Díaz-Canel
Qual é a opinião dos Estados Unidos sobre a situação política em Cuba após uma década de "descongelamento"?
Os Estados Unidos consideram que a situação em Cuba, apesar dos esforços diplomáticos iniciados com o "descongelamento" há uma década, é uma "oportunidade perdida". O subsecretário de Estado, Brian Nichols, afirmou que não houve reformas significativas em direitos humanos nem na democratização do país, e que o regime intensificou a repressão.
Qual é a posição dos EUA sobre as recentes medidas econômicas adotadas pelo governo cubano?
Os Estados Unidos criticam as novas regulamentações que afetam as micro, pequenas e médias empresas em Cuba, considerando que essas medidas piorarão a crise econômica e social. Brian Nichols destacou que essas políticas limitam as oportunidades para os empreendedores independentes em Cuba e agravarão a insegurança alimentar.
Quais esforços os Estados Unidos estão fazendo para apoiar o setor privado cubano?
Os Estados Unidos estão implementando mudanças nas regulamentações econômicas para apoiar o setor privado independente cubano. Isso inclui a abertura de contas bancárias nos EUA para cidadãos cubanos não vinculados ao Partido Comunista, a autorização para transações U-turn e o acesso a serviços de plataformas digitais, como videoconferências e aprendizado online.
Qual é a solução proposta pelos EUA para resolver a crise em Cuba?
O subsecretário de Estado Brian Nichols enfatizou que a democracia é a única solução para os problemas em Cuba. Nichols argumenta que a abertura política permitiria um maior crescimento econômico e que não se pode combater a crise apenas tratando os sintomas, mas sim abordando a raiz do problema: a falta de democracia.
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