A escassez de combustíveis em Cuba não se nota apenas na intermitência e na frequência dos apagões, mas também na extensão das filas nos postos de gasolina, que podem durar até dois ou três dias, como as de Infanta e San Rafael, além das de Bacuranao, todas em Havana.
À beira da calçada, entre os motoristas, a pergunta mais recorrente é em qual posto há gasolina. A situação está tão complicada que a imprensa oficial está se esforçando ao máximo para anunciar a chegada de barcos com combustível, como o que chegou no início do mês e que permitirá que os aeroportos cubanos funcionem normalmente, pelo menos em dezembro e janeiro, após o alerta emitido pelas companhias aéreas que transportam, principalmente, viajantes russos.
Mas isso não alivia as longas esperas, como as que vivenciou um leitor da CiberCuba, que enviou a este portal as fotos de sua angústia.
Estou indignado com a situação de milhares de jovens motoristas e outros da terceira idade que exercem a função de taxista, muitos dos quais têm a responsabilidade de transportar doentes que precisam de hemodiálise. Conheço perfeitamente como funciona essa atividade, pois antes de ir para os Estados Unidos, trabalhei ao lado do meu pai. Mas é injusto que homens com mais de 40 anos de trabalho fiquem 24 horas em uma fila de combustível no Cupet de Zapata para abastecer um carro do Estado que se dedica a transportar doentes, porque o Cupet que lhes foi designado não tem combustível. É um crime que esses motoristas passem 24 horas para cumprir com seu trabalho, algo quase impossível devido à crise. Portanto, é muito injusto que a responsabilidade recaia sobre esses motoristas. Isso é uma responsabilidade da empresa e do governo, apontou em sua mensagem à CiberCuba.
Diante dessa situação, o serviço de micro-ônibus Gazelles - conhecidos como as "gacelas" - em Havana, composto por 435 veículos em 23 rotas, enfrenta sérias dificuldades, já que atualmente apenas entre 225 e 228 estão operacionais, o que representa cerca de 60 por cento da frota.
Em um grupo no Facebook dedicado exclusivamente a informar onde há gasolina em Havana, nesta terça-feira os internautas relataram a disponibilidade de combustível em Mazorra e no Acapulco, na avenida 26, em Nuevo Vedado, onde há "uma fila infernal". Também há combustível em Lagueruela (Víbora), mas avisam os motoristas que é necessário levar café da manhã, almoço e jantar.
Além disso, foram vistas a caminhão descarregando em Infanta e San Rafael, onde o internauta Ciro Iglesias Pérez afirma que, ontem, já estava há dois dias dormindo dentro de seu carro. Enquanto aguardava, escreveu: "É incrível que ninguém da Cupet saiba quando vai entrar o combustível. Pergunto-me por que não se fornece informação sobre quando a gasolina vai chegar. Considero isso uma falta de respeito ao povo que tem tantos problemas e dificuldades. Aqui há mulheres fazendo fila sem se mover. Está frio e ninguém sabe quando vai entrar o combustível", reclamou no Facebook.
Mas o problema não é apenas ter que enfrentar filas, mas também os altos preços. No último domingo, 9 de dezembro, um ativista denunciou nas redes sociais que o preço da gasolina subiu no mercado informal, alcançando valores exorbitantes, chegando a 700 CUP por litro, e tudo indica que continuará aumentando até atingir 1.000 pesos por litro, como aconteceu durante o apagão em outubro.
De qualquer forma, há alertas em grupos do Facebook para não comprar gasolina de revendedores, pois "tem em qualquer lugar", destacou uma internauta que se apresenta como Talía Rodríguez, e que recebeu um desmentido generalizado de seus seguidores.
"Em qual Cupet, porque estou há três dias procurando e está um caos"; "Onde fica o Cupet que eu quero? Onde estão os barrigudos?", disse outro em alusão aos dirigentes do Partido Comunista de Cuba. "Em Corral Falso, Guanabacoa, faz quatro dias que não entra", reclamou outro afetado pela escassez.
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