A relação entre a atriz Ana de Armas e Manuel Anido Cuesta, enteado de Miguel Díaz-Canel, tem atraído a atenção internacional por seus matizes de glamour, poder e controvérsia.
O que poderia parecer um romance comum se revela uma peça inesperada no tabuleiro do "soft power" cubano, uma estratégia que utiliza a influência cultural para suavizar a imagem do regime e transmitir uma mensagem de "paz e amor" enquanto o interior do país arde em polêmicas.
O poder da cultura na diplomacia
O conceito de "soft power", criado pelo cientista político americano Joseph Nye, descreve como os governos podem projetar sua influência por meio da cultura, dos valores e das relações humanas, em vez de recorrer a demonstrações de força ou coerção.
Em um mundo globalizado, onde as figuras públicas são embaixadores involuntários de suas nações, Ana de Armas, com sua ascendente carreira em Hollywood, tornou-se um rosto associado a Cuba.
A atriz é, para muitas pessoas, um exemplo de talento que conquista seu espaço e triunfa nos Estados Unidos, sem precisar se posicionar politicamente.
O silêncio de Ana de Armas sobre a realidade que vive o povo de Cuba tem sido questionado há muito tempo nas redes sociais. Algumas pessoas defendem sua postura, enquanto outras acreditam que é uma atitude egoísta se tornar milionária e não denunciar a repressão que ocorre em sua terra natal.
No entanto, o anúncio de seu romance com Manuel Anido Cuesta gerou críticas, levou os cubanos a se posicionarem e lhes deu voz no discurso midiático internacional.
O mundo observou atônito como um romance gerou comentários de ódio. Na cabeça de milhões de pessoas que não conhecem a realidade cubana, surgiu uma dúvida: que tipo de gente são os opositores cubanos que criticam uma mulher por defender seu amor?
Manuel Anido Cuesta: Embaixador do "soft power" cubano
Ana não representa oficialmente o governo cubano, mas sua relação com Manuel Anido Cuesta, um homem ligado ao círculo íntimo de poder, levanta questões sobre como esse vínculo poderia ser interpretado em termos políticos.
Ana está ciente do impacto que sua figura tem na narrativa internacional sobre Cuba? Ou é apenas uma atriz presa em uma dinâmica que não controla? A coincidência de que ela tenha interpretado Marilyn Monroe é curiosa, pois traz à mente a metáfora perfeita para este caso.
O romance entre Ana e Manuel é uma arma de dois gumes para o governo cubano. A atriz poderia ajudar a humanizar a imagem da elite política da ilha, mas seu vínculo com figuras do regime também expõe críticas sobre seu papel, voluntário ou não, em um sistema opressivo.
O dilema de Ana: Ícone cultural ou ferramenta política
O desafio para Ana de Armas reside em equilibrar sua identidade como artista global e suas raízes cubanas. Seu sucesso em Hollywood a tornou uma referência para muitos latinos, mas sua relação com Anido Cuesta pode ofuscar essa percepção e transformar sua imagem em um símbolo dos privilégios associados ao poder.
O governo cubano poderia ver nesta relação amorosa uma oportunidade para projetar uma narrativa mais amigável para o exterior, utilizando a figura da atriz como um elo cultural.
Em um contexto onde o regime enfrenta críticas internacionais, o "soft power" pode ser uma das poucas ferramentas à sua disposição para conquistar espaço na opinião pública internacional, atraindo novas figuras do cinema, da arte e da cultura para conhecer o país e "encontrar o amor em Cuba".
Além disso, ocupar manchetes na imprensa de entretenimento desvia o olhar das novas leis impostas, dos apagões, da escassez de alimentos e reposiciona, no discurso midiático, uma concepção romântica de Cuba.
O vínculo entre Ana de Armas e Manuel Anido Cuesta vai além do interesse da mídia, levantando questões sobre o papel das figuras culturais em contextos políticos complexos.
Em um país onde a propaganda tem sido historicamente uma ferramenta, este romance é, sem dúvida, uma estratégia moderna de "soft power".
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