"Em seis meses de trabalho como auxiliar de limpeza no Brasil, consegui comprar o que em Cuba nunca pude como médica", começou seu testemunho no TikTok Leonor, uma doutora cubana que decidiu emigrar em junho de 2023, deixando para trás sua carreira na ilha para encontrar no exterior a estabilidade que sua profissão não lhe ofereceu em seu próprio país.
Sua história, contada em uma série de vídeos em seu perfil no TikTok @leonlorde1991, ressoou com milhares de pessoas, gerando um debate sobre a realidade dos profissionais cubanos que buscam oportunidades fora de Cuba.
Em suas palavras, esta cubana relata como foi sua vida como médica na ilha: “Em Cuba, estudei seis anos para ser médica, me formei em medicina geral e depois estudei mais dois anos para fazer a especialização em MGI, que seria como a especialidade de medicina de família em outros países.”
No entanto, apesar de todo seu esforço e preparação, a realidade econômica era difícil: “Trabalhei sete anos como médico, de 2015 até 2023, e mesmo assim em minha casa eu não tinha uma lavadora, nem um refrigerador... ter uma panela de arroz era um sonho impossível. Ter a possibilidade de comprar um fogão a gás com forno era um sonho impossível.”
Para muitos cubanos, o acesso a essas comodidades básicas depende de receber ajuda financeira do exterior ou de ter conexões com o governo, explica Leonor em seus vídeos, destacando que "em Cuba, os cubanos comuns são todos pobres".
Instalada no Brasil, Leonor reflete sobre sua nova vida, embora agora trabalhe como faxineira em vez de exercer a medicina. “Tire suas próprias conclusões”, afirma em outro de seus vídeos, deixando claro o contraste entre seu passado e seu presente.
Apesar de estar em um emprego que nada tem a ver com sua especialização, conseguiu, em poucos meses, ter as coisas que em Cuba via como um luxo inalcansável. Essa comparação entre suas duas realidades tocou o coração de milhares de pessoas nas redes sociais, que se sentem comovidas ou identificadas com sua experiência.
A seção de comentários ficou repleta de mensagens de apoio e solidariedade, além de outros emigrantes que compartilharam suas próprias histórias de frustração com o sistema cubano. Uma usuária comentou: “Assim estou eu, vivendo no México. Em Cuba, pediatra; no México, vendedora em uma loja”. Outra mensagem, enviada do Uruguai, dizia: “Avante, irmã cubana. Espero que você consiga alcançar suas expectativas de vida. Vocês merecem”.
Por supuesto, não faltaram aqueles que questionaram sua situação atual e sugeriram que revalide seu diploma para poder exercer no Brasil. “Quem é médico em qualquer país é médico. Por que você está trabalhando como faxineira? Algo me parece estranho”, comentou um usuário. Enquanto isso, outros lhe enviaram palavras de apoio e felicitações, lembrando que o início em um novo país sempre é complicado. "Todos os começos são difíceis, não desista. Sonhe grande e trabalhe duro para tornar isso realidade", escreveu outra pessoa.
Alguns comentários abordaram temas mais profundos sobre a situação em Cuba e o sistema socialista. “O socialismo é a filosofia do fracasso”, escreveu um seguidor, enquanto outro acrescentava: “É melhor limpar e ter liberdade do que ter um diploma e viver humilhado no comunismo”. Várias pessoas recomendaram que ele emigre para outros países onde a revalidação é mais acessível ou onde seu diploma poderia ser reconhecido mais facilmente: “Vá para o Chile e você poderá trabalhar na sua profissão” ou “venha para a República Dominicana e verá como pode ter um salário de luxo”.
A história de Leonor reflete a realidade de muitos cubanos que veem na emigração uma oportunidade de alcançar o bem-estar e a liberdade que sentem ser negados em seu próprio país. Enquanto ela continua trabalhando no Brasil, suas palavras ainda ecoam no TikTok, inspirando e gerando empatia entre aqueles que entendem que, mesmo tendo que limpar, agora ela tem a possibilidade de construir um futuro que em Cuba parecia impossível.
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