O regime cubano recebeu um carregamento de 100 geradores elétricos doados pela organização americana People’s Forum NYC, destinado a mitigar a crise energética que a ilha enfrenta após a passagem dos furacões Rafael e Oscar.
Esta ajuda, entregue em três remessas ao longo dos últimos 10 dias, será utilizada para manter em funcionamento hospitais, policlínicos e outras instituições em províncias como Guantánamo, Artemisa, Mayabeque e Havana, que foram severamente afetadas pelos cortes de energia, segundo relatório da estatal Televisão Cubana.
“Essas plantas elétricas chegam em um momento muito oportuno para a recuperação do sistema eletroenergético do país, após a passagem de dois furacões em um período tão curto de tempo”, disse no aeroporto a vice-ministra de Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro, Déborah Rivas Saavedra.
Segundo explicou a funcionária, os geradores serão destinados “a atividades de recuperação nas áreas mais afetadas das províncias ocidentais”.
“Seu uso é imediato e múltiplo, sempre para serviços básicos para a população cubana, entre eles, centros de produção de alimentos, armazéns para a distribuição de produtos aos afetados, corpos de plantão de hospitais e policlínicas, e para a vitalidade das comunicações”, acrescentou.
Por sua parte, Miguel Díaz-Canel celebrou a chegada da ajuda em suas redes sociais, onde escreveu: “A solidariedade também vem do povo americano. People’s Forum NYC doou 100 geradores elétricos em 10 dias”.
O governante, amigo íntimo do codiretor executivo da organização The People’s Forum, o ativista Manolo de los Santos, admitiu com suas palavras que o tão falado “bloqueio” é uma figura retórica do discurso da ditadura, mais do que uma “política de asfixia” do país vizinho.
O gesto solidário da organização alinhada ao regime totalitário cubano expõe uma contradição evidente no discurso oficial, que há décadas sustenta que o "bloqueio" americano é o principal responsável pelas falhas estruturais e econômicas da ilha.
"Cuba agradece esta demonstração de apoio que transcende as barreiras do bloqueio dos Estados Unidos. O Fórum do Povo é a expressão de solidariedade do povo de Nova York e, por extensão, do povo dos Estados Unidos da América, que confirma que uma melhor relação com esse país é possível", concluiu em seu discurso Rivas Saavedra.
Doações que desafiam o argumento do "bloqueio"
Enquanto as autoridades cubanas repetem incessantemente que o embargo dos EUA impede o desenvolvimento e é a causa das carências em setores-chave, a constante chegada de ajuda humanitária dos Estados Unidos contradiz essa narrativa.
Além da recente doação de geradores, nos meses anteriores outras entidades e organizações americanas enviaram apoio na forma de alimentos, suprimentos médicos e geradores, demonstrando que, apesar das restrições do embargo, a solidariedade do povo americano em relação aos cubanos continua sendo palpável.
Esse contraste entre o discurso oficial e a realidade também se reflete em outras ajudas internacionais. Países como Venezuela, Canadá e Noruega contribuíram com suprimentos e fundos para apoiar as comunidades afetadas por desastres naturais.
No entanto, as autoridades cubanas continuam apresentando o "bloqueio" como a barreira intransponível que afeta o bem-estar da nação.
Ações internas que geram dúvidas.
Embora a chegada de doações como a do The People’s Forum NYC seja um motivo de agradecimento e reconhecimento, a gestão da ajuda por parte das autoridades cubanas gera dúvidas na sociedade civil.
No começo deste ano, a Segurança do Estado cubana confiscou do jornalista independente José Luis Tan Estrada doações destinadas a crianças e famílias vulneráveis, evidenciando o controle rigoroso que o governo exerce sobre os recursos que entram no país e colocando em dúvida a transparência na distribuição das ajudas.
As doações dos EUA para Cuba atingem o nível mais alto em 10 anos.
As doações de caráter humanitário feitas por organizações dos Estados Unidos a Cuba aumentaram este ano em relação ao ano anterior, alcançando o maior valor desde 2014.
O dado foi fornecido em meados de setembro pelo Conselho Comercial e Econômico Estados Unidos-Cuba (USCTEC), ressaltando que o montante alcançado até julho de 2024 já era superior ao das doações de 2023, e que nas estatísticas não estavam incluídas as doações ou entregas pessoais (realizadas por viajantes em voos e através de terceiros países).
As doações registradas incluíam, entre outros, artigos como alimentos, insumos para atendimento médico, roupas e material de leitura. Até o momento em 2024, o valor dessas doações ultrapassa 38 milhões de dólares (US$38.907.503,00).
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